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Parceria com o Atlético traz esperança às jogadoras do Prointer de viver do futebol

Acordo com o clube alvinegro foi muito comemorado pelas jogadoras

postado em 21/12/2018 10:00

Bruno Cantini/Atlético
Do terrão para os gramados da melhor qualidade no país. O difícil sonho de conquistar o sucesso numa modalidade que não é muito valorizada no Brasil pode estar mudando de ares para as atletas do Prointer Futebol Clube, da Barragem Santa Lúcia, equipe que será parceira do Atlético em seu retorno ao futebol feminino. Depois de viver dificuldades de falta de estrutura e de uniformes e de recursos para transporte e alimentação, o popular clube amador agora vê a iniciativa como fundamental para que novas jogadoras possam surgir e tenham chance de sobreviver no mundo do futebol, tal como os homens.

De volta à Copa Libertadores em 2019, o Galo optou por terceirizar a equipe de mulheres para atender o mais rápido possível à exigência feita pela Conmebol e pela CBF de investir na modalidade. Em seu primeiro ano ligado ao Prointer, o clube de Lourdes destinará em torno de R$ 600 mil para custear as despesas e pagar os salários e trabalhará com cerca de 25 atletas, que virão das seleções do clube da Barragem Santa Lúcia.
Um dos pioneiros na capital mineira, o time feminino do Prointer existe de fato desde 1997 e conquistou por duas vezes a Copa Centenário (a última no mês passado), competição organizada pela Prefeitura de Belo Horizonte. Desde sua criação, o clube não tem receitas fixas e sobrevive com recursos próprios e doações vindas da comunidade do Morro do Papagaio para pagar as despesas com os jogos.

Hoje, a diretoria e a comissão técnica são compostas por um grupo de 10 pessoas. Quem está à frente é o presidente José Evaristo Sobrinho, que pensou justamente numa atividade esportiva de inclusão social que incluísse a Barragem Santa Lúcia e outras comunidades carentes. “É um trabalho que fazemos há 40 anos e agora vem dando resultados. É uma coisa que não esperávamos. Mas vamos continuar o projeto. Não vamos desmanchá-lo. Temos um trabalho social por trás disso. Se uma atleta não sabe jogar, não vamos dispensá-la. Ela continuará treinando até chegar no ápice, até poder jogar no Atlético”, afirma Evaristo.

Outro que participa ativamente do dia a dia do Prointer é o técnico Sidney de Lima, de 48 anos, que também é professor de educação física. Além de buscar novos talentos e escalar as equipes nas competições, ele tem como desafio incentivar as atletas a não desistir de lutar pelo sonho. “Estou muito feliz com a parceria, principalmente por causa da conquista que as meninas tiveram. Sabemos que o futebol feminino ainda é incipiente, mas com o incentivo de uma equipe grande acreditamos que esse esporte vai crescer. Já é um grande começo essa parceira.”
Bruno Cantini/Atlético
O treinador lançou atletas que se destacaram em outros clubes, casos da lateral-esquerda Lorena e da atacante Dilene, ambas do América, e da armadora Carol, que atua no futebol dos Estados Unidos. Do time que foi campeão da Copa Centenário no mês passado, os principais nomes foram a goleira Rayssa e a volante Jacqueline. Na quarta-feira, as atletas se emocionaram ao receber a notícia de que fariam parte da parceira com o Galo. “Foi uma surpresa sensacional. Não esperávamos por isso. Agora é honrar essa camisa para fazer bons jogos”, afirma Rayssa.

INCENTIVO AO ESPORTE

O Atlético enxerga a parceria como uma iniciativa de inclusão social. Não é por acaso que o clube entrou com projeto de incentivo ao esporte para subsidiar R$ 295 mil (teto máximo) dos R$ 600 mil previstos no investimento inicial. O diretor de administração e controle do Galo, Plínio Signorini, se diz satisfeito com a escolha: “É mais um passo importante que estamos dando em busca de fazer crescer essa modalidade. Espero que tudo se traduza em um time competitivo e que ele represente bem o Atlético. A origem do Atlético foi essa. Começamos com um grupo de estudantes num campo de terra. É muito bom ver isso outra vez”.

A partir de janeiro, o Galo começará os testes no Prointer e definirá os integrantes da comissão técnica fixa que representará a equipe no Campeonato Mineiro, que terá início em agosto. O Galo promete ceder uniformes, bolas e fornecer academia às novas atletas.

Maioria dos clubes optou por parcerias

Mesmo que na última hora, as demais equipes que disputarão a Copa Libertadores e a Sul-Americana em 2019 também estão se mexendo para formar seus times femininos. Em Minas, o Cruzeiro deve formalizar nos próximos dias uma parceria com o Ipatinga, com investimento de cerca de R$ 1 milhão em toda a temporada. A princípio, o clube celeste oferecerá uniformes e custeará a comissão técnica da equipe, que deve treinar em campos ainda a serem definidos, e não na Toca da Raposa.

Outros clubes que disputarão a Libertadores já têm equipes de mulheres consolidadas, casos de Grêmio e Internacional. Ambos disputarão a Série A2 do Brasileiro e já levantaram uma vez, cada um, o título estadual. Já o Flamengo vem mantendo parceria com a Marinha e chegou nas semifinais no último Brasileiro. Em 2019, o clube, através da nova diretoria, promete investir mais recursos na modalidade – atualmente, investe R$ 80 mil mensais.

O São Paulo formou parceria com o Centro Olímpico no ano passado e vem investindo primeiramente nas categorias de base. Na próxima temporada, a expectativa é de que o clube já tenha um time mais forte para disputar as principais competições do país. Com excelente poder financeiro, o Palmeiras ainda está em fase inicial de formar seu grupo. Nos moldes de Galo e Cruzeiro, o presidente Maurício Galliotti afirmou recentemente que vai entrar em acordo com parceiros para formalizar a equipe. O Athletico também recorreu à parceria com o Foz Iguaçu e já tem time ativo.

Mas os clubes mais consolidados em relação ao futebol feminino são Santos e Corinthians. O Peixe, que já teve Marta e Christiane em seus grupos, já conquistou a Libertadores duas vezes (2008 e 2009). E o Timão é o atual campeão brasileiro da Primeira Divisão e um dos clubes que mais investem na modalidade: em torno de R$ 1,5 milhão.

Atlético/Prointer
1997
foi o ano de criação do time feminino do Prointer

3
títulos importantes tem o Prointer: 2 Copas Centenário (2012 e 2018) e 1 Copa BH (2007)

R$ 600 mil
será o investimento do Atlético para o futebol feminino

25
atletas do Prointer serão escolhidos por meio de seleção

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