De volta à Copa Libertadores em 2019, o Galo optou por terceirizar a equipe de mulheres para atender o mais rápido possível à exigência feita pela Conmebol e pela CBF de investir na modalidade. Em seu primeiro ano ligado ao Prointer, o clube de Lourdes destinará em torno de R$ 600 mil para custear as despesas e pagar os salários e trabalhará com cerca de 25 atletas, que virão das seleções do clube da Barragem Santa Lúcia.
Um dos pioneiros na capital mineira, o time feminino do Prointer existe de fato desde 1997 e conquistou por duas vezes a Copa Centenário (a última no mês passado), competição organizada pela Prefeitura de Belo Horizonte. Desde sua criação, o clube não tem receitas fixas e sobrevive com recursos próprios e doações vindas da comunidade do Morro do Papagaio para pagar as despesas com os jogos.
Hoje, a diretoria e a comissão técnica são compostas por um grupo de 10 pessoas. Quem está à frente é o presidente José Evaristo Sobrinho, que pensou justamente numa atividade esportiva de inclusão social que incluísse a Barragem Santa Lúcia e outras comunidades carentes. “É um trabalho que fazemos há 40 anos e agora vem dando resultados. É uma coisa que não esperávamos. Mas vamos continuar o projeto. Não vamos desmanchá-lo. Temos um trabalho social por trás disso. Se uma atleta não sabe jogar, não vamos dispensá-la. Ela continuará treinando até chegar no ápice, até poder jogar no Atlético”, afirma Evaristo.
Outro que participa ativamente do dia a dia do Prointer é o técnico Sidney de Lima, de 48 anos, que também é professor de educação física. Além de buscar novos talentos e escalar as equipes nas competições, ele tem como desafio incentivar as atletas a não desistir de lutar pelo sonho. “Estou muito feliz com a parceria, principalmente por causa da conquista que as meninas tiveram. Sabemos que o futebol feminino ainda é incipiente, mas com o incentivo de uma equipe grande acreditamos que esse esporte vai crescer. Já é um grande começo essa parceira.”
O treinador lançou atletas que se destacaram em outros clubes, casos da lateral-esquerda Lorena e da atacante Dilene, ambas do América, e da armadora Carol, que atua no futebol dos Estados Unidos. Do time que foi campeão da Copa Centenário no mês passado, os principais nomes foram a goleira Rayssa e a volante Jacqueline. Na quarta-feira, as atletas se emocionaram ao receber a notícia de que fariam parte da parceira com o Galo. “Foi uma surpresa sensacional. Não esperávamos por isso. Agora é honrar essa camisa para fazer bons jogos”, afirma Rayssa.
INCENTIVO AO ESPORTE
O Atlético enxerga a parceria como uma iniciativa de inclusão social. Não é por acaso que o clube entrou com projeto de incentivo ao esporte para subsidiar R$ 295 mil (teto máximo) dos R$ 600 mil previstos no investimento inicial. O diretor de administração e controle do Galo, Plínio Signorini, se diz satisfeito com a escolha: “É mais um passo importante que estamos dando em busca de fazer crescer essa modalidade. Espero que tudo se traduza em um time competitivo e que ele represente bem o Atlético. A origem do Atlético foi essa. Começamos com um grupo de estudantes num campo de terra. É muito bom ver isso outra vez”.
A partir de janeiro, o Galo começará os testes no Prointer e definirá os integrantes da comissão técnica fixa que representará a equipe no Campeonato Mineiro, que terá início em agosto. O Galo promete ceder uniformes, bolas e fornecer academia às novas atletas.
Maioria dos clubes optou por parcerias
Mesmo que na última hora, as demais equipes que disputarão a Copa Libertadores e a Sul-Americana em 2019 também estão se mexendo para formar seus times femininos. Em Minas, o Cruzeiro deve formalizar nos próximos dias uma parceria com o Ipatinga, com investimento de cerca de R$ 1 milhão em toda a temporada. A princípio, o clube celeste oferecerá uniformes e custeará a comissão técnica da equipe, que deve treinar em campos ainda a serem definidos, e não na Toca da Raposa.
Outros clubes que disputarão a Libertadores já têm equipes de mulheres consolidadas, casos de Grêmio e Internacional. Ambos disputarão a Série A2 do Brasileiro e já levantaram uma vez, cada um, o título estadual. Já o Flamengo vem mantendo parceria com a Marinha e chegou nas semifinais no último Brasileiro. Em 2019, o clube, através da nova diretoria, promete investir mais recursos na modalidade – atualmente, investe R$ 80 mil mensais.
O São Paulo formou parceria com o Centro Olímpico no ano passado e vem investindo primeiramente nas categorias de base. Na próxima temporada, a expectativa é de que o clube já tenha um time mais forte para disputar as principais competições do país. Com excelente poder financeiro, o Palmeiras ainda está em fase inicial de formar seu grupo. Nos moldes de Galo e Cruzeiro, o presidente Maurício Galliotti afirmou recentemente que vai entrar em acordo com parceiros para formalizar a equipe. O Athletico também recorreu à parceria com o Foz Iguaçu e já tem time ativo.
Mas os clubes mais consolidados em relação ao futebol feminino são Santos e Corinthians. O Peixe, que já teve Marta e Christiane em seus grupos, já conquistou a Libertadores duas vezes (2008 e 2009). E o Timão é o atual campeão brasileiro da Primeira Divisão e um dos clubes que mais investem na modalidade: em torno de R$ 1,5 milhão.
Atlético/Prointer
Atlético/Prointer
1997
foi o ano de criação do time feminino do Prointer
3
títulos importantes tem o Prointer: 2 Copas Centenário (2012 e 2018) e 1 Copa BH (2007)
R$ 600 mil
será o investimento do Atlético para o futebol feminino
25
atletas do Prointer serão escolhidos por meio de seleção
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