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Vitória da 'Selegalo' sobre a Iugoslávia, há 50 anos, segue intacta na memória de jogadores

Ronaldo Drummond, Amauri Horta e Grapete lembram feito de 1968

Renan Damasceno Roger Dias João Vitor Marques
Ronaldo Drummond exibe, orgulhoso, pôster do amistoso e camisa da Seleção usada em 1968 - Foto: 12/12/2018 - Jair Amaral/EM/D.A Press O histórico jogo em que o Atlético usou o uniforme da Seleção Brasileira na vitória por 3 a 2 sobre a Iugoslávia, no Mineirão, em 19 de dezembro de 1968, teve personagens emblemáticos. Um deles foi o ponta-direita Ronaldo Drummond, que também teve passagens por Palmeiras, Santos e Cruzeiro. Foi dele o gol que garantiu o triunfo por 3 a 2 diante de 37.592 pagantes, na Pampulha, há exatos 50 anos.




Aquela seria a única partida em que Ronaldo vestiria a camisa verde-amarela da Seleção Brasileira. Primo de primeiro grau de Tostão, ele lembra a satisfação em representar o Escrete Canarinho aos 22 anos de idade: “Estava em início de carreira. Já estava em meu quarto ano de profissional. Minha época de futebol foi em 1960 e 1970, no auge do futebol brasileiro, com grandes equipes e bons grupos de jogadores. E eu senti orgulho em representar o Brasil naquele dia”.

O gol de Ronaldo foi aos 9 minutos do segundo tempo, quando a partida estava empatada por 2 a 2. Um dos jogadores mais velozes do time do Galo na época, ele apareceu bem no lado direito para balançar as redes. “A jogada começou com o Vaguinho tabelando com o Lola, que passou para o Amauri. Foi uma bela triangulação entre os jogadores de ataque. A bola sobrou para mim, e bati forte para o gol”.
O ex-ponta-direita também se lembra da festa feita pela torcida do Atlético no Mineirão. “A torcida deixou de mencionar Brasil e passou a gritar Galo. Estávamos vestidos com o uniforme do Brasil, mas a garra atleticana permanecia em todos os lances. Em toda minha carreira de futebol, foram vários títulos e boas lembranças. E esse jogo foi uma delas”.


Aquela seria a única partida em que Ronaldo vestiria a camisa verde-amarela da Seleção Brasileira - Foto: 12/12/2018 - Jair Amaral/EM/D.A Press
Ronaldo lembra a força da Iugoslávia naquele momento, como vice-campeã da Eurocopa. “O adversário era uma das grandes potências da Europa. Eles fizeram dois amistosos com o Brasil em 1968. Empataram um e perderam para nós. Era um time muito bom. O futebol iugoslavo é muito técnico, igual hoje temos a Croácia”.

Para que Ronaldo marcasse o gol da vitória, o desempenho de um jogador foi essencial naquela noite de 19 de dezembro de 1968. Amauri Horta, revelado no América, teve atuação de destaque ao participar diretamente dos três gols no jogo. O segundo foi do meia-atacante, que hoje está com 76 anos e vive no bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte.
Amauri Horta foi autor do segundo gol do Atlético e do Brasil sobre a Iugoslávia naquele 19 de dezembro - Foto: 12/12/2018 - Jair Amaral/EM/D.A Press
Registro de Amauri com a camisa do Atlético em 1967, um ano antes do amistoso contra a Iugoslávia - Foto: Estado de Minas - 26/04/1967 Amauri relata o clima positivo que existia no Mineirão quando o Galo vestiu o amarelo da seleção: “Joguei no meio-campo. Fui armador. O estádio estava lotado. E certamente foi num ambiente de alegria, no fim do ano, pois estávamos quase no Natal, uma coisa marcante. A Seleção Brasileira da época empatou e nós tivemos a felicidade de vencer, depois de estar perdendo. A torcida deixou o Mineirão em festa”.



Na partida, o meia-atacante viveu um caso curioso com o técnico Yustrich, que tinha a fama de ser durão. Ao marcar o gol de empate, de cabeça, no fim do primeiro tempo, Amauri foi abraçado pelo treinador, que seria expulso no lance. Vários companheiros do time brincaram que Amauri tinha sido beijado no rosto pelo treinador no campo. “Yustrich era um monstro. Então, quando ele comemorou o gol, ele me cobriu todo e deu um abraço. O Tião, ponta-esquerda, era moleque e disse a alguns radialistas: 'Em alguns, o Yustrich dá porrada. Em outros, ele dá beijo'. E todos começaram a dizer que eu fui beijoado por ele. Ficou a fama”.

XERIFE

Natural de Silvianópolis, cidade do Sul de Minas, Grapete era um dos jogadores mais respeitados do Atlético nos anos 1960. A atuação do xerife da zaga foi fundamental para que a equipe alvinegra vencesse de virada por 3 a 2, depois de sair em desvantagem. O jogo entre Atlético/Seleção Brasileira contra a Iugoslávia seria o último em que um time utilizaria o uniforme verde-amarelo. Depois desse jogo, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) não permitiu mais que clubes representassem o país em amistosos pelo mundo.
Grapete recorda com emoção daquele jogo emblemático na história do Galo. “Foi uma honra representar a Seleção Brasileira em um jogo tão importante. Depois da inauguração do Mineirão, várias seleções da Europa vinham jogar aqui, o que nos dava uma sensação diferente. No jogo, começamos perdendo, mas depois viramos com grande atuação em conjunto do nosso time. A torcida ficou muito satisfeita ao ver nosso time vencer uma seleção nacional”.



O ex-defensor exalta o feito de o Galo ter sido o último time a representar a Seleção Brasileira: "Eram comuns os jogos dos times com o uniforme do Brasil. Depois desse jogo, nenhuma seleção principal vestiu a camisa da Seleção”.

Grapete, que hoje vive em Pouso Alegre, atuou 11 anos no Atlético, tendo feito 486 jogos pelo clube. Ele é o sétimo atleta que mais jogou pelo Galo.

Lembranças de Grapete: "O Lola era o melhor do nosso time, jogando como armador. O Tião era nosso centroavante. E o Normandes, meu companheiro de zaga, fazia na época grandes jogos, mostrando comprometimento enorme. Outra peça importante foi o Vanderlei, que eu já conhecia antes. Fui eu que o indiquei para o Atlético. Nós jogamos juntos em Três Corações e depois ele foi levado à base do Galo para fazer um teste. E passou". - Foto: Arquivo Estado de Minas