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ARENA MRV

Atlético tenta enquadrar Arena MRV como projeto de interesse social e envia nova documentação ao estado

Clube quer começar obras em dezembro, mas ainda esbarra na falta de licenças

Thiago Madureira
Arena MRV será construída no bairro Califórnia, na Região Noroeste de Belo Horizonte - Foto: DIVULGAÇÃO

O Atlético enviou novas documentações ao estado de Minas Gerais na tentativa de tirar a Arena MRV do papel ainda neste ano. O clube solicitou licença ao Igam (Instituto Mineiro de Gestão das Águas), neste mês de setembro, para operar a rede hidrográfica (leito de rio e brejo) do terreno do estádio, sediado no bairro Califórnia, Região Noroeste de Belo Horizonte.

Outra novidade é a tentativa do clube de enquadrar o empreendimento como de utilidade pública ou interesse social, segundo a Lei Estadual nº 20.922/2013, que dispõe sobre as políticas florestal e de proteção à biodiversidade no estado. A motivação se deve ao fato de o clube pretender desmatar uma área de Mata Atlântica e canalizar o leito de córrego que atravessa o lote do estádio. Tanto a Mata Atlântica quanto córregos e nascentes - há duas no lote alvinegro - são considerados Áreas de Proteção Permanente (APPs), com legislação mais rígida para exploração.

Para a intervenção ambiental, o Atlético precisa do Documento Autorizativo para Intervenção Ambiental (Daia), em análise no Instituto Estadual de Florestas. O Daia só é concedido com o decreto de utilidade pública ou interesse social.



O Superesportes entrou em contato com o governo estadual, que informou já ter recebido a solicitação do clube. “O empreendedor (Atlético) solicitou à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes) a publicação do Decreto Estadual que reconheça o empreendimento Arena Multiuso MRV como de interesse social.
O processo está em tramitação entre Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e Sedectes. O órgão ambiental solicitou informações ao empreendedor, que deverá apresentá-las primeiramente à Sedectes e, após avaliação, esta secretaria encaminhará à Semad, para manifestação”.

A lei estadual nº 20.922/2013 permite a exploração de Áreas de Proteção Permanente (APPs) para “as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais”.  

Ainda de acordo com esta mesma norma, é possível, “a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas rurais consolidadas e em ocupações antrópicas consolidadas em área urbana, observadas as condições estabelecidas nesta Lei”.

Código Florestal


O Código Florestal (lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012), que legisla sobre a proteção vegetal nativa no Brasil, estabelece normas mais rígidas para explorações de APPs. No ano passado, quando o projeto da Arena MRV foi concebido e aprovado pelo Conselho Deliberativo do clube, o Código Florestal incluía obras voltadas para competições esportivas como item de utilidade pública.

Naquele cenário, havia o entendimento que estádios de futebol poderiam ser construídos em APPs. Mas, em 28 de fevereiro deste ano, em análise do Supremo Tribunal Federal (STF), foram reduzidas as hipóteses de intervenção e essa interpretação sobre arenas esportivas foi considerada inconstitucional. Essa decisão ainda não foi publicada.

Dessa forma, o Atlético, ao construir seu estádio, teria que respeitar o limite de 50 metros para as nascentes e 30 metros para o córrego.

Foto aérea mostra trecho de Mata Atlântica no terreno, onde se localizam as três áreas de APPs - Foto: JAIR AMARAL / EM DA PRESS

O que ainda falta ao Galo?


O Atlético tem que obter licenças no estado para desmatar as áreas de Mata Atlântica e para operar a rede hidrográfica. O  Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) informa que “está em análise no Instituto Estadual de Florestas um Documento Autorizativo para Intervenção Ambiental (Daia). A finalização, no entanto, depende da análise de uma outorga pelo Igam, tendo em vista que há curso d’água na área para a qual o empreendedor solicita supressão de vegetação. A outorga é o documento que autoriza o uso de recursos hídricos no estado”. No entanto, a finalização da análise do Daia depende de decreto de utilidade pública ou interesse social.

No âmbito municipal, o Atlético está com um projeto em andamento na Secretaria de Meio Ambiente. Seis técnicos das áreas de licenciamentos ambiental e urbanístico e de gestões de águas já assinaram uma análise, que constatou 53 pendências e questionamentos sobre o planejamento do clube. O Atlético encaminhará as respostas quando receber as licenças do estado.

Nesta segunda-feira, em uma live em sua página no Facebook, o prefeito de Belo Horizonte e ex-presidente do Atlético, Alexandre Kalil, disse que o maior entrave para a construção do estádio está na burocracia do estado.

"O estádio do Atlético está na mão do estado, quem vai licenciar o estádio do Atlético é o governo do estado.
Eu estou fora desse brinquedo. Então, graças a Deus o estado é que está colocando os pingos nos is para a gente resolver o negócio do estádio", afirmou Alexandre Kalil.

Atlético modificou o cronograma da construção da Arena MRV e quer início das obras em dezembro - Foto:
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