Alerrandro nem teve oportunidades tão claras, mas se cobrou a ponto de chorar na saída de campo - Foto: Ramon Lisboa/EM/D. A Press
Uma hora antes da partida contra o Flamengo, o técnico Thiago Larghi anunciou a escalação do Atlético com Ricardo Oliveira no comando do ataque. Mas uma dor de cabeça, consequência de uma virose, incomodou o centroavante no aquecimento e inviabilizou sua entrada em campo. Coube ao jovem Alerrandro, de 18 anos, substituir o artilheiro do time na temporada, com 11 gols. Enquanto atuou, ele esteve perto do gol em duas ocasiões. Não teve êxito. Ao ser substituído por Erik, aos 20 da etapa final, o prata-da-casa chorou.

”Saí chateado, sim, não pela substituição, mas sim pela minha atuação. Acho que fui abaixo daquilo que todos esperam de mim. Saí chorando sim, pelas oportunidades que perdi, já não vinha bem, ainda perde a oportunidade, a cabeça fica meio abalada. Tentei controlar isso, mas estava difícil demais”, disse Alerrandro, na saída de campo, à Rádio Itatiaia.

O jovem lamentou principalmente duas oportunidades. A primeira foi um chute sobre o lateral Rodnei, na grande área. A segunda foi na sobra do cabeceio de Roger Guedes no travessão. A bola passou por ele com a meta aberta. Alerrandro ainda tentou em chute de fora da área. 

O atacante admitiu que se cobrou muito. ”A do Guedes, que bateu na trave, e eu não fiz. E a outra, que chutei em cima do cara. É foda pra mim, porque venho trabalhando firme. Mas agora é continuar, porque, se Deus quiser, vou fazer o gol e vou tirar esse peso que está em cima das minhas costas”, declarou.

Apoio de companheiro

O meia Luan pediu calma à torcida com a promessa da base. Ele admitiu que a experiência de Ricardo Oliveira fez falta ao Galo diante do Flamengo, mas garantiu que a revelação tem potencial para brilhar no clube. “O Ricardo é um jogador importante, matador ali na frente, né? Uma, duas bolas que ele pega, ele acaba fazendo. Não que...o Alerrandro jogou muito bem, falta um pouco de maturidade para o Alerrandro, é um menino novo, a torcida tem que ter paciência. Quando começar a fazer gol, vai crescer cada vez mais como profissional. Acho que o Ricardo faz uma grande falta também, por ser um cara aguerrido dentro de campo, corre o tempo todo. Mas hoje não deixamos de correr, fizemos um grande jogo. Um erro é fatal contra uma equipe qualificada como o Flamengo. Mas saímos de cabeça erguida, fizemos um grande jogo”, destacou o meio-campista.

Palavra confortante de Larghi

O técnico Thiago Larghi também defendeu Alerrandro. Sem querer comparar os jogadores, ele citou como exemplo o começo de Vinícius Júnior no Flamengo, no ano passado. Mesmo já vendido ao Real Madrid e com os holofotes da mídia internacional, ele se mostrava muito irregular e convivia com críticas. Tanto que era reserva no time rubro-negro. A análise de Larghi serviu para respaldar experiências com o garoto da base do Galo. 

”Sobre o Alerrandro, a gente entende que é um processo em que ele precisa estar em campo para amadurecer. Hoje, a gente viu uma ótima partida do nosso adversário, o Vinícius (Júnior), que é um garoto. No início dele, ele também entrava nas partidas, sofria críticas, não fazia o que era esperado. ‘Ah, mas esse é o jogador que foi vendido para o Real Madrid?’, as pessoas criticavam. Mas, devagar, ele foi conquistando o espaço dele e mostrando que realmente tem o talento que tem e que por isso foi comprado pelo valor que foi. Acho que o Alerrandro também entra num processo como esse. Não estou comparando um jogador com outro, mas estou dizendo que o Alerrandro também precisa de tempo nesse processo. Se a gente não usá-lo de vez em quando, em partidas como esta também, de alto nível, ele não vai amadurecer. Faz parte. Ele participou bem das chances ofensivas. Claro que a gente gostaria que ele tivesse marcado gol. Mas não foi só ele. Todos os jogadores nossos que estavam em campo poderiam ter feito um gol. Tivemos chances claras para fazer gol, quando a partida estava 0 a 0”, ponderou o comandante atleticano.

Números

Esse foi apenas o sétimo jogo de Alerrandro pelo profissional do Atlético, o quarto como titular. Foram três apresentações pelo Brasileiro, uma pela Copa Sul-Americana, uma pela Copa do Brasil e duas pelo Campeonato Mineiro. A promessa ainda persegue o seu primeiro gol.