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COPA SUL-AMERICANA

Torcida do Atlético se revolta contra presidente após eliminação: 'Os mesmos vão gritar meu nome', rebate Sette Câmara

'Galo caiu para o San Lorenzo na primeira fase da Copa Sul-Americana

Túlio Kaizer
Torcida do Atlético reconheceu empenho do time reserva e mostrou revolta contra a diretoria - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D. A Press
O Atlético foi eliminado precocemente da Copa Sul-Americana. Na noite desta terça-feira, jogando com reservas, o Galo empatou com o San Lorenzo por 0 a 0 e deixou a competição, já que precisava pelo menos igualar o triunfo dos argentinos, por 1 a 0, no primeiro jogo. Se reconheceu o esforço e aplaudiu os jogadores suplentes no Independência, parte da torcida não perdoou o presidente Sérgio Sette Câmara. 

Antes mesmo do apito final, alguns torcedores do setor Galo na Veia Preto se viraram para o espaço onde fica a diretoria alvinegra nos jogos no Independência e xingaram o mandatário. Após o fim da partida, o coro aumentou.

Além de palavrões, houve gritos de ‘diretoria omissa’ e ‘some do Atlético’, também direcionados a Sette Câmara.

A revolta dos atleticanos se deu pela opção do técnico Thiago Larghi e da diretoria de colocar o time reserva no jogo decisivo contra o San Lorenzo. O Atlético perdeu o primeiro jogo e precisava do resultado positivo para avançar. A equipe pressionou até o fim, mas não conseguiu furar a defesa dos argentinos e acabou eliminada.

Palavra do presidente

Ao fim da partida, o presidente concedeu entrevista à Fox Sports e admitiu que o Atlético optou por priorizar a disputa do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil, torneios considerados por ele mais rentáveis e importantes. O dirigente chegou a chamar a Sul-Americana de “segunda divisão da Copa Libertadores” para justificar o uso de uma equipe reserva contra o San Lorenzo.

Sette Câmara ainda minimizou os xingamentos e vaias da torcida dirigidos a ele após a eliminação no Horto. ”Esses que estão protestando aí serão os mesmos que vão gritar meu nome quando nós formos campeões e vão dizer que eu estava certo.
Como, aliás, já vem acontecendo em algumas situações. Quando lá no início, eu comecei a fazer uma filosofia do bom e barato, comecei a colocar as contas em dia, e hoje o que eu tenho ouvido por aí é que o nosso time está sim muito bem, está jogando bem. Nós apostamos num treinador jovem, que está implantando uma filosofia interessante, e os resultados vão vir em médio e longo prazo. Esses torcedores são imediatistas, a gente entende que a paixão fala mais alto do que a razão, mas estou aqui para fazer um Atlético melhor, eles podem ter certeza que nós não estamos fazendo bobagem, eu tenho que trabalhar pensando com aquela filosofia  de quem administra o clube e quer montar um time bom no presente e melhor ainda no futuro. Nós estamos fazendo isso, investindo em jovens atletas, e montando um time muito interessante para esse ano, a despeito da falta de dinheiro, das dificuldades todas que enfrentamos. Eu vejo o nosso time como um time que está em quinto ou sexto hoje no Campeonato Brasileiro e que antes da Copa, com absoluta certeza, ele vai estar entre os três primeiros, dentro da sequência de jogos que nós temos aqui. E com o apoio dessa massa, os jogos  que vamos ter com América, Cruzeiro, Fluminense, Ceará e Flamengo, nós podemos fazer uma pontuação muito alta e beliscar alguns jogos fora, o que certamente vai fazer com que a gente chegue na parada da Copa talvez ocupando a primeira, a segunda, no máximo, a terceira posição”.

LEIA, NA ÍNTEGRA, AS DECLARAÇÕES DE SETTE CÂMARA À FOX SPORTS:

Em primeiro lugar, é o que paga pior, é um torneio que dá muito trabalho de logística, tudo pago pelo clube também. Então, se amanhã, a gente sai com um time lá da Bolívia, é tudo por conta do clube, hotel, enfim, os voos etc, e que obviamente também interfere muito na logística do semestre, que está muito apertado com os jogos da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro. Nós temos em mira, obviamente, o Campeonato Brasileiro, como falei no dia da minha posse. É um objetivo, obviamente sim é um objetivo, não é um sonho. Acho que temos totais de chegar lá e vamos enfrentar equipes que vão estar disputando outros campeonatos, né, a Libertadores, a própria Sul-Americana, a Copa do Brasil, podemos estar, podemos não estar, se acontecer uma tragédia lá na quarta-feira que vem, mas vamos continuar nosso caminho em busca do Campeonato Brasileiro, da classificação para a Copa Libertadores, e obviamente que nós entramos com um time que, nós entendemos que, se estão aqui fazendo parte do elenco, eles têm condição. Fiquei satisfeito com o que eu vi, acho que a vitória não veio por questão de detalhe. Nós tivemos aí umas três oportunidades claras de fazer o gol, e não fizemos, e isso acontece.
Mas foi ao mesmo tempo muito gratificante ver alguns jovens que estamos lançando, apareceram muito bem e esse é o Atlético que a gente está preparando para o futuro. Então, passa por isso, né? Se formos olhar outros times que foram campeões brasileiros, o ano passado, por exemplo, né, tanto o campeão brasileiro, o Corinthians, quanto o nosso adversário aqui de Belo Horizonte, ganhou a Copa do Brasil, deixaram os campeonatos sul-americanos na primeira rodada. No caso do Cruzeiro, na primeira rodada, para um time inexpressivo inclusive, o Nacional do Paraguai, não que esteja desrespeitando, mas não se compara ao Nacional do Uruguai. Quer dizer, é um clube que até conheço, é um clube mais modesto. E o Corinthians saiu no começo do campeonato, não me lembro bem, focou no Campeonato Brasileiro e obviamente teve sucesso. Muito desse sucesso dos clubes que conquistam Copa do Brasil ou Campeonato Brasileiro está atrelado ao condicionamento físico de seus atletas. Jogo sábado, domingo e meio de semana atrapalha e faz com que esses times tenham uma queda de rendimento muito grande e obviamente os resultados não vêm a contento.

A respeito da Copa Sul-Americana. O torcedor do Atlético, nos últimos anos, pegou gostinho por conquistas internacionais e, claro, uma conquista como essa garante uma vaga na Libertadores do ano que vem, uma decisão de Recopa e também a Copa Suruga no Japão. É um aumento de visibilidade para a marca do Atlético. Essa eliminação precoce na Copa Sul-Americana não traz um desgaste maior do que o senhor imagina?

Não, porque primeiro, eu acho que a Copa Sul-Americana é a segunda divisão da Libertadores da América.
É assim que eu enxergo, né? Se ela tivesse esse valor muito grande, as duas copas que o Atlético ganhou da Conmebol teriam mais valor do que na verdade têm. No entanto, a gente não vê sendo valorizadas assim, e olha que, naquela época, quem classificava para a Conmebol não era o nono, o décimo, o décimo primeiro não, era o segundo e o terceiro do Campeonato Brasileiro. Então, assim, eu acho que a Sul-Americana, além de pagar pouco, ela tem pouco valor, você vê até pelos próprios públicos que vem comparecendo nas partidas, são públicos pequenos se comparados com os públicos que você vê na Libertadores. E nós entendemos que é um campeonato que pode ser interessante, poderia ser interessante se nós tivéssemos passado com uma equipe alternativa e muito provavelmente nós iríamos continuar o torneio com essa equipe alternativa, e ia até onde fosse possível, tentar o título, obviamente, mas não foi, né? Perdemos para uma equipe qualificada, que é o San Lorenzo, entendemos que a equipe mostrou ter elenco sim, porque dessa vez nós enfrentamos a equipe principal do San Lorenzo, com um time alternativo, cheio de reservas, e ainda assim, no meu modo de entender, nós dominamos o jogo, tivemos um controle de ações muito maior que o time do San Lorenzo, que é o terceiro maior, o terceiro colocado no Campeonato Argentino e inclusive já está classificado para a fase de grupos da Copa Libertadores do ano que vem, daí porque nosso time mostrou que está sim com um elenco muito interessante. Não adianta, o torcedor fica chateado, é óbvio, eu também fico chateado, a gente não entra em nenhum torneio para perder. Mas nós temos que fazer também um planejamento, nós sabemos também que participar de três campeonatos ao mesmo tempo pode fazer com que você não belisque nenhum deles. E aí, nós tivemos que fazer as nossas opções.

Você acha que o torcedor consegue entender isso? Você viu o tamanho do...pelo menos de parte da torcida protestando e inclusive citando seu nome, presidente.

”Esses que estão protestando aí serão os mesmos que vão gritar meu nome quando nós formos campeões e vão dizer que eu estava certo. Como, aliás, já vem acontecendo em algumas situações. Quando lá no início, eu comecei a fazer uma filosofia do bom e barato, comecei a colocar as contas em dia, e hoje o que eu tenho ouvido por aí é que o nosso time está sim muito bem, está jogando bem. Não é? Nós apostamos num treinador jovem, que está implantando uma filosofia interessante, e os resultados vão vir em médio e longo prazo, né? Esses torcedores são imediatistas, a gente entende que a paixão fala mais alto do que a razão, mas estou aqui para fazer um Atlético melhor, eles podem ter certeza que nós não estamos fazendo bobagem, eu tenho que trabalhar pensando basicamente com aquela filosofia de quem administra o clube e quer montar um time bom no presente e melhor ainda no futuro. Nós estamos fazendo isso, investindo em jovens atletas, e montando, acho, um time muito interessante para esse ano, a despeito da falta de dinheiro, das dificuldades todas que enfrentamos. Eu vejo o nosso time como um time que está em quinto ou sexto hoje no Campeonato Brasileiro e que antes da Copa, com absoluta certeza, ele vai estar entre os três primeiros, dentro da sequência de jogos que nós temos aqui. E com o apoio dessa massa, os jogos  que vamos ter com América, Cruzeiro, Fluminense, Ceará e Flamengo, nós podemos fazer uma pontuação muito alta e beliscar alguns jogos fora, o que certamente vai fazer com que a gente chegue na parada da Copa talvez ocupando a primeira, a segunda, no máximo, a terceira posição”.
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