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Atlético envia proposta para tentar quitar dívida com a WRV; processo segue na Justiça

Sérgio Sette Câmara trata diretamente das negociações com os acionistas

João Vitor Marques
O presidente Sérgio Sette Câmara 'encabeça' as negociações do Atlético com a WRV - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Atlético e WRV Empreendimentos e Participações Ltda. seguem as negociações sobre a dívida alvinegra com a empresa. O clube deu um passo importante rumo a um eventual acordo ao formalizar proposta de pagamento. A oferta - cujos valores são mantidos sob sigilo pelas duas partes - ainda será discutida pelos acionistas.

A WRV cobra o Atlético uma dívida contraída no final da década de 1990. A empresa credora calcula que o valor inicial de cerca de R$ 7 milhões chegou a R$ 64,3 milhões. O clube utilizou a quantia para contratar Guilherme, em 1999, e para renovar os contratos do zagueiro Cláudio Caçapa e do próprio atacante, no ano seguinte

O responsável pelas conversas com os acionistas é o próprio presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara. O mandatário se propôs a negociar a dívida e convocou reuniões com representantes da WRV a partir do final de janeiro.

O início das tratativas coincide com a oficialização de uma decisão do juiz da 24ª Vara Cível de Belo Horizonte. O magistrado determinou o bloqueio de R$ 10 milhões referentes à multa da contratação de Fred, ex-jogador do Atlético, pelo Cruzeiro.

Duas frentes

As conversas informais, entretanto, não são a única estratégia dos advogados do clube alvinegro no caso.
Atlético e WRV também tratam da dívida na Justiça. Na tarde desta terça-feira, a 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) votou negativamente pelos agravos apresentados pela defesa do clube alvinegro, que tentava reverter a decisão de bloqueio de R$ 20 milhões referentes à transferência de Lucas Pratto ao São Paulo.

Os recursos foram julgados pelos desembargadores Álvares Cabral da Silva (relator), Mariângela Meyer (revisora) e Vicente de Oliveira Filho (vogal). No total, cinco agravos foram analisados: quatro do Atlético e outro de um grupo de advogados - terceira parte envolvida no processo, que cobra valores da WRV por supostamente adquirirem o crédito milionário desse caso por arrematação judicial.

O julgamento da tarde desta terça-feira, em Belo Horizonte, foi justamente para analisar a tentativa do clube mineiro de reverter o bloqueio. Lucas Pratto foi oficializado como reforço do São Paulo em 10 de fevereiro de 2017.

Entenda o caso


Em 1999, o Atlético tirava do Vasco aquele que viria a se tornar um dos grandes jogadores da história do clube mineiro. Guilherme, com 24 anos à época, deu resultado imediato. Marcou impressionantes 28 gols na campanha do vice-campeonato brasileiro daquela temporada. E o atacante seguiu entre os principais jogadores do time até 2003.

Mas nem tudo foram flores na operação financeira que possibilitou ao Atlético comprar os direitos econômicos de Guilherme. A contratação e a posterior renovação do contrato do jogador, além do dinheiro investido na aquisição do ex-zagueiro Cláudio Caçapa, ainda causam ‘dor de cabeça’ na diretoria alvinegra.

A WRV Empreendimentos e Participações, administrada por três empresários mineiros, garante ter emprestado R$ 7 milhões ao Atlético no final da década de 1990 para as negociações. Por conta disso, a empresa cobra o valor na Justiça. Com as correções já aplicadas, o credor estipula que tem a receber do clube alvinegro R$ 64,3 milhões - valor nove vezes maior que o inicial.

Justamente por isso, o Atlético encontra problemas para receber dinheiro a que tem direito por conta de transferências de outros jogadores. Em 2017, o juiz Marco Aurélio Chaves Albuquerque, da 24ª Vara Cível de Belo Horizonte, determinou o bloqueio do depósito do São Paulo ao clube alvinegro referente à transferência de Lucas Pratto ao clube paulista.

O mesmo magistrado definiu que o Cruzeiro deve pagar em juízo os R$ 10 milhões de multa que o atacante Fred inicialmente devia ao Atlético por ter acertado a transferência ao rival. Outro pedido da WRV é que o clube alvinegro não receba supostos R$ 20 milhões a que teria direito sobre a venda de Lucas Pratto do São Paulo ao River Plate.
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