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TJMG nega recursos do Atlético em processo com a WRV sobre dívida

Transferência do atacante Lucas Pratto ao São Paulo foi discutida em tribunal nesta terça-feira; clube mineiro pode recorrer da decisão

postado em 27/02/2018 18:00 / atualizado em 27/02/2018 18:32

Rodrigo Clemente/EM/D. A Press

Mais um capítulo da ‘novela’ que envolve Atlético e WRV Empreendimentos e Participações Ltda. Na tarde desta terça-feira, a 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) negou os agravos apresentados pela defesa do clube alvinegro, que tentava reverter a decisão de bloqueio de R$ 20 milhões referentes à transferência de Lucas Pratto ao São Paulo.

A decisão, em segunda instância, cabe recurso no STJ. O parecer ainda não havia sido oficializado nos canais oficiais do TJMG até o momento da publicação desta matéria.

Os recursos foram julgados pelos desembargadores Álvares Cabral da Silva (relator), Mariângela Meyer (revisora) e Vicente de Oliveira Filho (vogal). No total, cinco agravos foram analisados: quatro do Atlético e outro de um grupo de advogados - terceira parte envolvida no processo, que cobra valores da WRV por supostamente adquirirem o crédito milionário desse caso por arrematação judicial.

Atlético e o escritório de advocacia responsável pela defesa da terceira parte envolvida não haviam emitido posicionamento oficial até o momento de publicação desta matéria. Por meio do advogado Carlos Alberto Arges, a WRV considera que a decisão foi favorável à empresa e se mostra confiante em relação aos próximos 'capítulos' da 'novela'.

Os acionistas cobram o Atlético por uma dívida contraída no final da década de 1990. A empresa credora calcula que o valor inicial de cerca de R$ 7 milhões chegou a R$ 64,3 milhões. O clube utilizou a quantia para contratar Guilherme, em 1999, e para renovar os contratos do zagueiro Cláudio Caçapa e do próprio atacante, no ano seguinte

O imbróglio judicial voltou à tona em fevereiro de 2017. Na ocasião, o juiz da 24ª vara cível de Belo Horizonte, Marco Aurélio Chaves Albuquerque, ordenou ao São Paulo que não deposite o dinheiro da contratação de Lucas Pratto nas contas alvinegras, e sim, em uma conta judicial.

O julgamento da tarde desta terça-feira, em Belo Horizonte, foi justamente para analisar a tentativa do clube mineiro de reverter o bloqueio. Lucas Pratto foi oficializado como reforço do São Paulo em 10 de fevereiro de 2017.

O Atlético vendeu 50% dos direitos econômicos do jogador por 6,2 milhões de euros (R$ 20,5 milhões na cotação da época). O restante ficou dividido entre o clube mineiro (45%) e uma rede de supermercados (5%). O São Paulo já pagou a maior parte o valor - que, ao contrário do que foi determinado em primeira instância pela Justiça, não foi depositado em uma conta judicial.

Nos primeiros dias de 2018, Lucas Pratto foi vendido ao River Plate por 11,5 milhões de euros (R$ 44,4 milhões na cotação da época). Parte desse valor é de direito do Atlético. Paralelamente ao processo sobre a transferência ao São Paulo, a WRV tentou o bloqueio de mais R$ 20 milhões referentes à ida do atacante ao clube argentino.

O juiz Marco Aurélio Chaves Albuquerque ainda não julgou o novo pedido da empresa. Em janeiro de 2018, o magistrado alegou que precisava aguardar um posicionamento do Atlético sobre o tema.

O ‘caso Fred’ e as tratativas

A WRV também se envolveu no imbróglio que envolve Atlético, Cruzeiro e Fred. Também em janeiro, o juiz Marco Aurélio Chaves Albuquerque determinou o bloqueio de R$ 10 milhões referentes à multa estabelecida pelo clube alvinegro ao centroavante em caso de transferência ao maior rival.

Logo depois de o assunto vir à tona, o Atlético se propôs a negociar a dívida com os credores. O presidente Sérgio Sette Câmara admitiu ter a dívida, mas discorda dos valores cobrados pela WRV. Os acionistas da empresa receberam, recentemente, uma proposta que agradou. Os valores são tratados como sigilosos.

Diamond Mall


Durante o processo, o Atlético apresentou um pedido para incluir o Diamond Mall - shopping localizado na Região Centro-Sul de Belo Horizonte - como garantia. A ideia do clube mineiro era desbloquear os milhões teoricamente ‘travados’ na Justiça até, pelo menos, a decisão final. Na tarde desta terça-feira, o TJMG rejeitou a tentativa alvinegra.

Recentemente, o Diamond Mall foi envolvido naquela que é considerada a principal votação da história do clube. Em 18 de setembro de 2017, o Conselho Deliberativo do Atlético aprovou a venda de 50,1% do shopping como forma de viabilizar a construção da Arena MRV. À época, um total de 389 conselheiros podiam votar. O 'Sim' recebeu 325 votos, contra apenas 12 do 'Não'.

Entenda o caso

Em 1999, o Atlético tirava do Vasco aquele que viria a se tornar um dos grandes jogadores da história do clube mineiro. Guilherme, com 24 anos à época, deu resultado imediato. Marcou impressionantes 28 gols na campanha do vice-campeonato brasileiro daquela temporada. E o atacante seguiu entre os principais jogadores do time até 2003.

Mas nem tudo foram flores na operação financeira que possibilitou ao Atlético comprar os direitos econômicos de Guilherme. A contratação e a posterior renovação do contrato do jogador, além do dinheiro investido na aquisição do ex-zagueiro Cláudio Caçapa, ainda causam ‘dor de cabeça’ na diretoria alvinegra.

A WRV Empreendimentos e Participações, administrada por três empresários mineiros, garante ter emprestado R$ 7 milhões ao Atlético no final da década de 1990 para as negociações. Por conta disso, a empresa cobra o valor na Justiça. Com as correções já aplicadas, o credor estipula que tem a receber do clube alvinegro R$ 64,3 milhões - valor nove vezes maior que o inicial.

Justamente por isso, o Atlético encontra problemas para receber dinheiro a que tem direito por conta de transferências de outros jogadores. Em 2017, o juiz Marco Aurélio Chaves Albuquerque, da 24ª Vara Cível de Belo Horizonte, determinou o bloqueio do depósito do São Paulo ao clube alvinegro referente à transferência de Lucas Pratto ao clube paulista.

O mesmo magistrado definiu que o Cruzeiro deve pagar em juízo os R$ 10 milhões de multa que o atacante Fred inicialmente devia ao Atlético por ter acertado a transferência ao rival. Outro pedido da WRV é que o clube alvinegro não receba supostos R$ 20 milhões a que teria direito sobre a venda de Lucas Pratto do São Paulo ao River Plate.

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