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Estágio com Guardiola, Seleção, '7 a 1': conheça o auxiliar Thiago Larghi, nome de confiança da diretoria do Atlético

Aos 37 anos, profissional acumula passagens por grandes do futebol brasileiro

João Vitor Marques
Thiago Larghi, de 37 anos, ganha moral e tem a confiança da diretoria para comandar as atividades no CT - Foto: Bruno Cantini/Atlético
Enquanto o novo técnico não chega, a diretoria do Atlético já sabe em quem confiar: Thiago Larghi. O auxiliar de 37 anos chegou ao clube alvinegro para integrar a comissão técnica de Oswaldo de Oliveira, mas seguiu na Cidade do Galo mesmo após a demissão do experiente treinador. Com moral, ganha espaço e deve dirigir a equipe pela segunda partida consecutiva. E, quem sabe, pode até permanecer no cargo de comandante.

Thiago Larghi treinou o Atlético na derrota por 2 a 1 contra a Caldense. Neste domingo, deve seguir no cargo no clássico contra o América, no Independência, pela sétima rodada do Campeonato Mineiro.

Mas, afinal, quem é Thiago Larghi? Por que ele ganhou tanta confiança da direção após pouco mais de quatro meses?

Início na base

Thiago Larghi começou a vida futebolística como jogador nas categorias de base. De acordo com o próprio auxiliar, atuou sempre em ‘times pequenos, do interior’. O insucesso como atleta fez com que ele apostasse nos estudos. Formou-se em educação física e ingressou na carreira de analista de desempenho.

Estudos, softwares, dados

Foram 11 anos no cargo - boa parte deles ao lado de ninguém mais, ninguém menos que Carlos Alberto Parreira.
Conquistou a confiança do ex-treinador e, por isso mesmo, foi ‘recrutado’ para a Seleção Brasileira, que se preparava para a Copa do Mundo de 2014.

Deixou o Botafogo para integrar a comissão técnica comandada por Felipão e teve papel de destaque, por exemplo, na recuperação do futebol de Fred durante a Copa das Confederações. O centroavante passava por má fase, mas, depois de observações de Larghi, conseguiu se tornar o artilheiro da competição, com cinco gols.

“A experiência foi muito boa, de nível internacional. Trabalhar com o Parreira, estudar como ocorreram os gols na Copa do Mundo, na Eurocopa e na Copa América, faz a gente passar a ter uma compreensão mais global de como acontecem os gols no jogo, especialmente os gols de bola parada”, disse Larghi em entrevista ao Superesportes em outubro de 2017, poucos dias depois de chegar ao Atlético.

A passagem pela Seleção Brasileira, entretanto, não foi apenas de alegrias. Muito pelo contrário. Thiago Larghi estava na comissão técnica que comandou o time na vexatória derrota por 7 a 1 para a Alemanha, no Mineirão, na semifinal do Mundial.

“A derrota para a Alemanha (por 7 a 1) foi uma surpresa. Por mais que fossem capacitados, ocorreu um fator único. Um time tomar quatro gols em seis minutos é incomum. Tem a dinâmica do impacto. Foi analisado que é muito difícil (acontecer). Até os próprios alemães não conseguiam explicar de modo objetivo o que aconteceu. É uma coisa bem pontual mesmo. Ficaram lições para o futebol brasileiro, que vem melhorando. A formação dos treinadores vem melhorando, a CBF, jogadores que vêm trabalhando”, analisou.

Mudança de cargo

Após a passagem pela Seleção, Thiago Larghi decidiu dar um passo novo na carreira.
Começou a estudar e fez cursos na CBF e na UEFA para se tornar auxiliar de campo.

“Após a Seleção, fui para a Itália, decidi me tornar auxiliar técnico e trabalhar dentro do campo. Fiz o curso B da UEFA, fiz estágio no Bayern de Munique, na Federação Alemã. Fiz a licença A da CBF de treinador aqui no Brasil. As experiências contribuíram muito”, contou.

Durante a passagem pela Europa, teve a oportunidade de trabalhar com Pep Guardiola no Bayern de Munique.

“Tive contato com o auxiliar do Guardiola, que usa ferramenta de análise muito interessante. Por ter essa função (relacionada à análise de desempenho), eu admirava. Guardiola é fonte de inspiração para o futebol moderno desde 2008, com conceitos de marcação alta, com muito uso do espaço entrelinhas, posse de bola, domínio. Vi treinamentos que já trouxemos para o Atlético. É uma linha que a gente admira, vê coisas boas. (O ideal) É trazer isso para nossa realidade. Não é simplesmente importar.
É preciso ter leitura do contexto, do ambiente”, disse.

Retornou ao Brasil para trabalhar com Oswaldo de Oliveira no Sport. Após boa campanha no time pernambucano, o treinador foi contratado pelo Corinthians, já na reta final de 2016. Thiago Larghi, claro, foi junto. O trabalho, no entanto, não durou muito.

No Atlético

Thiago Larghi integrava a comissão técnica de Oswaldo de Oliveira ao lado de Luiz Alberto. Os três comandavam os treinamentos do Atlético. A saída do treinador não impediu a sequência do auxiliar no clube alvinegro.

Larghi, promovido à comissão permanente, trabalha com o time desde a última sexta-feira. E os treinamentos têm agradado os jogadores.

“Poucos dias dele no comando como treinador. A gente gosta muito do trabalho dele. No treinamento de ontem, ele variou bastante durante a atividade. A gente está gostando bastante do trabalho do Thiago. Isso aí de deixar ele como treinador tem que ser com a direção. A gente não manda nada nisso”, analisou Róger Guedes.

A própria diretoria do Atlético vê com bons olhos a possibilidade de dar mais tempo ao jovem auxiliar no comando interino do time. Há, inclusive, a chance de ele seguir no cargo de forma permanente. Especialmente por conta das dificuldades encontradas pelo clube no mercado de técnicos.
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