Leston Júnior, de 39 anos, nasceu em Divinópolis e deu cara mineira ao Botafogo da Paraíba - Foto: Botafogo/PBEnquanto o Atlético inicia a temporada em clima tenso, com resultados pouco convincentes, pressão da torcida e queda prematura de treinador, o Botafogo-PB está invicto em 2018 e conta os dias para o duelo único pela segunda fase da Copa do Brasil, marcado para a quarta-feira da próxima semana, no Almeidão, em João Pessoa. O clube paraibano quer tirar proveito do momento, da pressão da torcida e do regulamento, que não prevê o jogo de volta, em Belo Horizonte, para tentar surpreender e eliminar um dos grandes do país.

A fanática torcida do Belo, como o Botafogo-PB é carinhosamente chamado, está empolgada e tem motivos para isso. A equipe dirigida pelo mineiro Leston Júnior, de 39 anos, é líder do Grupo C da Copa do Nordeste, com seis pontos, depois de vencer o Bahia em Salvador e o Náutico na Paraíba. A classificação às quartas de final pode ser encaminhada nesta quinta- feira com um novo resultado positivo contra o Altos do Piauí dentro do Almeidão. No Estadual, o time está invicto após sete rodadas e ocupa a terceira colocação do A, com 13 pontos, três a menos que o líder Campinense. A meta é buscar o bicampeonato este ano.

Botafogo-PB começou trajetória na Copa do Nordeste com vitória sobre Bahia em Salvador - Foto: Botafogo/PB

Leston evita entrar no clima de euforia dos torcedores. Ele chegou ao Botafogo-PB em 1º de outubro e iniciou o planejamento para 2018, que resultou em reformulação de 90% dos jogadores. Do elenco com 28 atletas há apenas três remanescentes do ano passado: o goleiro Edson, o zagueiro André Santos e atacante Dico.

A preparação começou em 27 de novembro, pois o Paraibano começou em 7 de janeiro. Embora o começo seja promissor, ele alerta que o time está em formação. “Contratamos jogadores vindos de inatividades diferentes, uns com 60 dias vindos da Série C, outros vindos da Série B se apresentaram depois. É trabalhoso equilibrar o elenco fisicamente. De qualquer forma, temos uma linha de crescimento. O rendimento tem nos dado condição de avançar nas competições, mas temos muita coisa para ajustar. Temos só um mês que começamos competição oficial”.

Zagueiro Gladstone, revelado pelo Cruzeiro e hoje com 33 anos, é o capitão do Botafogo-PB - Foto: Botafogo/PB

Além do comandante, o elenco do Botafogo-PB é repleto de caras conhecidas do futebol mineiro. O capitão é o zagueiro Gladstone, revelado pelo Cruzeiro. O lateral-direito é Felipe Cordeiro, oriundo da base do Atlético. Já os ex-americanos são maioria: zagueiros Lula (base) e André Santos (2014/15); lateral-direito Gedeílson (2013), lateral-esquerdo Carlos Renato (base); volante Rafael Jataí (2017); e meia Mazinho (2013). Profundo conhecedor do interior do estado, Leston Júnior ainda indicou o lateral-esquerdo Fábio Alves e o meia Allan Dias, destaques da URT em 2017, e o meia Hiroshi, que defendeu o Tupi em 2016. A principal contratação foi o meia Marcos Aurélio, conhecido nacionalmente por suas passagens por Atlético-PR, Santos, Coritiba, Internacional, Sport e Ceará).

Marcos Aurélio é um dos principais nomes contratados pelo Botafogo para a temporada 2018 - Foto: Botafogo/PB

Este ano, o Botafogo-PB tem como maior ambição o acesso à Série B, mas não abre mão do bi estadual e quer fazer história na Copa do Nordeste e na Copa do Brasil, competições financeiramente mais rentáveis e que podem viabilizar reforços no segundo semestre. Pela primeira fase do torneio nacional, o ‘Belo’ recebeu R$ 500 mil. Ao assegurar sua classificação para pegar o Atlético na segunda etapa, garantiu mais R$ 600 mil. Se eliminar o Atlético no dia 21, o prêmio subirá para R$ 1,4 milhão, algo muito relevante para um clube que tem uma folha mensal de R$ 350 mil com jogadores e comissão técnica.

Leston admite que o fator financeiro e o regulamento, que dá ao Botafogo a oportunidade de decidir em casa, empolgam muito o grupo para o jogo com o Atlético. O vencedor avança diretamente à terceira fase. Se houver empate, a decisão será nos pênaltis.

”A Copa do Brasil se caracterizou ao longo dos tempos por permitir as equipes de menor investimento terem possibilidade de avançar às fases principais com o mata-mata, e o novo regulamento potencializou isso. Tendo um único jogo, sem que nenhuma das equipes tenha a vantagem do empate, isso aumenta a possibilidade de uma equipe de menor investimento. Em função de um grande jogo, atuando no limite, você pode conseguir avançar diante de equipe de poder de investimento dez vezes maior. Somente uma competição como a Copa do Brasil te dá oportunidade de superar uma disparidade dessa em 90 minutos”, destaca.

Antes de enfrentar o Atlético, o Botafogo enfrentará o Altos-PI, na quinta, pela Copa do Nordeste, e fará o Clássico Tradição contra o Treze, no domingo, em Campina Grande. 

Segundo Leston, esses dois compromissos impedem que João Pessoa respire já esta semana o jogo com o Galo. “Existe expectativa, mas como estamos envolvidos em outras duas competições, acaba que jogamos na quinta-feira contra o Altos e podemos virtualmente garantir lugar na próxima fase da Copa do Nordeste, o que seria inédito. Depois temos clássico no domingo, e só depois o Atlético na quarta. O torcedor está empolgado”.

Por sua vez, o departamento de análise de desempenho do Botafogo-PB monitora o Atlético desde o começo do ano, já que o cruzamento na Copa do Brasil estava previsto. “Assisti ao jogo do Atlético no Acre, pela primeira fase, mas não com os olhares voltados para o nosso confronto do dia 21, até porque temos esses dois jogos antes. Mas já estamos monitorando o Atlético sim. O clube tem departamento de análise de desempenho e eles já estão trabalhando na análise, não só baseado nesse jogo da Copa do Brasil, mas no Mineiro”, revelou.

Botafogo-PB tem folha de R$ 350 mil, mas está confiante para duelo contra o Atlético na próxima semana - Foto: Botafogo/PB

Pelo que o Botafogo-PB tem apresentado este ano, Leston Júnior vê condições de fazer um grande jogo contra o Galo e arrancar a classificação à terceira fase. ”Confio sempre. Estou confiante em fazer grande jogo. Só é possível classificar fazendo um grande jogo, pela dimensão do adversário, pelo abismo financeiro entre os clubes. Mas nós acreditamos”.

O comandante tem até o time ideal na ponta da língua. “Nosso time titular seria Édson; Felipe Cordeiro, Gladstone, Lula e Fábio Alves; Rafael Jataí, Allan Dias, Marcos Aurélio e  Carlos Renato; Dico e Nando. Tenho poupado alguns jogadores, mas a base é essa”.

Leston não gosta de definir esquemas por números, como 4-4-2 ou 4-2-3-1. O mais importante, segundo ele, é ter uma filosofia de jogo definida. “Eu só acredito em futebol de equilíbrio, agressivo, sem se expor e que seja competitivo sem a bola. A questão de esquema vai muito de jogo para jogo. O time compacto, rápido e com capacidade ofensiva é meu time ideal”.

A postura diante do Atlético não será de partir para o tudo ou nada. “Vamos jogar como a gente vem montando o time na pré-temporada, com jogo equilibrado, agredindo quando estivermos com a bola, mas nos preocupando em neutralizar as armas do adversário”.

A instabilidade do Atlético na temporada não ilude Leston Júnior a ponto de ele achar que a partida de quarta-feira, no Almeidão, será mais tranquila. A queda prematura de Oswaldo de Oliveira e a chegada de um novo treinador tendem a gerar mais mobilização no Galo. 

“Em um clube do tamanho do Atlético, na hora do jogo isso acaba tendo pouca interferência quando há troca de treinador. A responsabilidade dos atletas aumenta e eles se mobilizam mais, pois são o próximo alvo. Se o treinador era o problema na visão da diretoria e ele sai, a responsabilidade passa a ser dos atletas. Logo, aumenta a concentração do elenco e isso torna o jogo ainda mais difícil. Pelo menos é como eu vejo”.

O fato é que o Almeidão, com capacidade para 25 mil pessoas, deve receber em torno de 20 mil torcedores na partida da próxima semana pela Copa do Brasil. 

Venceu Bahia por 1 a 0 em Salvador e o Náutico, por 2 a 1, em João Pessoa.

Lidera o Grupo C na Copa do Nordeste, com seis pontos 

Na quinta-feira, recebe o Altos-PI, no Almeidão, pela terceira rodada.

Venceu o Floresta-CE por 2 a 0 no Presidente Vargas, em Fortaleza, e avançou.

É o terceiro no Grupo A, com 13 pontos, 3 a menos que o líder Campinense.

1ª rodada) Venceu Serrano por 2 a 1, no Almeidão.

2ª rodada) Empatou com CSP, fora, por 1 a 1.

3ª rodada) Empatou com Treze, no Almeidão, por 1 a 1.

4ª rodada) Goleou a Desportiva Guarabira, fora de casa, por 4 a 1

5ª rodada) Venceu o Atlético-PB, fora de casa, por 2 a 0

6ª rodada) Empatou por 1 a 1, fora de casa, com o Serrano

7ª rodada) Empatou por 3 a 3 com o CSP, no Almeidão

No domingo, visita o Treze no Amigão, em Campina Grande-PB.

O técnico mineiro, de 39 anos, nasceu em Divinópolis e tem uma carreira de 16 anos.

Leston iniciou sua trajetória nas categorias de base de América, Cruzeiro e Bahia. Ao fazer a transição para o profissional, trabalhou em clubes do interior de São Paulo. Em Minas, já comandou Guarani de Divinópolis (2012/14), Tupi (2015) e Villa Nova (2017). Em São Paulo, dirigiu o Mogi Mirim (2016). No Rio, esteve à frente do Madureira (2014). Antes de chegar ao Botafogo-PB, ele também passou por Remo (2016) e Moto Club (2017).