Em meados de 1973, Belo Horizonte começava a conhecer um jovem que mudaria a história do Clube Atlético Mineiro. Aos 16 anos, José Reinaldo de Lima, o 'Rei', estreava pelo time profissional. Dali em diante, vestiu a camisa alvinegra em 475 jogos e anotou impressionantes 255 gols - recorde histórico da agremiação. Foi ídolo pela 'mágica' feita em campo e pelo ativismo político e social fora dele. Nada mau para um atleta revelado pelas categorias de base.
Ex-jogadores daquela geração que se destacou no fim dos anos 1970 e no início de 1980 fizeram com que o Atlético passasse a ser considerado, de vez por todas, uma potência na lapidação de jovens. Décadas se passaram, e a pressão sobre atletas da base - em especial os centroavantes - permanece. Carlos que o diga.
O jovem de 22 anos está de volta ao Atlético em 2018 com uma árdua missão: tentar pôr fim a uma série de insucessos do clube com centroavantes formados na base. No século XXI, um total de 14 jogadores da posição foram testados no time de cima (relembre na galeria abaixo). Nenhum deles conseguiu se tornar unanimidade com a camisa alvinegra.
Credenciado por números impressionantes nas categorias inferiores, o atacante subiu para a equipe profissional em 2013. Alternou bons e maus momentos no time de cima até ser emprestado para o Internacional, na última temporada. Chegou, inclusive, a ser deslocado para as pontas, setor em que não se sente confortável.
“O treinador (Oswaldo de Oliveira) veio conversar comigo falando que ia me usar de centroavante. Eu gosto de jogar de centroavante, porque ali eu faço diagonal rápida, curta, é bem melhor para mim”, disse Carlos em entrevista coletiva na Cidade do Galo durante esta semana.
Em 2018, Carlos enfrenta a concorrência do experiente Ricardo Oliveira. Apesar de estar atrás na briga pela titularidade, o jovem terá a chance de jogar desde o começo nesta quinta-feira. Oswaldo de Oliveira optou por escalar reservas na partida contra o Boa Esporte, pela estreia do Campeonato Mineiro. O duelo, marcado para Varginha, se inicia às 19h30 (de Brasília).
Histórico
Desde 2001, dezenas de centroavantes passaram pelo clube alvinegro. Só da base, foram 14: Afonso Alves, Túlio de Melo, Rafael Moura, Thiago Quirino, Marcelinho, Cézar, Paulo Henrique, Eduardo, Kléber, outro Paulo Henrique, Elder Santana, o próprio Carlos, João Figueiredo e Flávio.
As trajetórias com a camisa alvinegra são bem distintas. Alguns deles não conseguiram se destacar no Atlético, mas ganharam fama em outros clubes. São os casos de Afonso Alves (que chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira), Túlio de Melo (ex-Chapecoense) e Rafael Moura (que rodou por diversos grandes do país). Outros, entretanto, caíram no esquecimento.
Como não conseguia repetir o sucesso de outrora na revelação de centroavantes, o Atlético precisou buscar ‘forasteiros’ para a posição. Alguns deles deram certo com a camisa alvinegra: Guilherme, Fábio Júnior, Alex Mineiro, Alex Alves, Marinho, Diego Tardelli, Obina, Magno Alves, Jô, Lucas Pratto e Fred.
Por outro lado, as dificuldades e a inconstância em assumir o comando de ataque também atingiram contratados como Márcio Mexerica, Alberto, Tiago Cavalcanti, Vanderlei, Galvão, Castillo, Pedro Oldoni, André, Leonardo e Alecsandro.
Depois de tantos nomes testados, é a chance de Carlos se firmar de vez para, quem sabe, garantir a camisa 9 do Atlético nos próximos anos.