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Parte do lugar é ocupada por um lixão. O ponto é bastante conhecido tanto pela Polícia Militar quanto pela Civil por ser utilizado por criminosos para desova de cadáveres. Há cerca de um mês, ali um homem foi encontrado enforcado numa árvore. Entre pessoas da comunidade, o estádio poderia ajudar a amenizar ou acabar com o problema.
Há quem esteja prevendo aquecimento de negócios. Ian Guiamarino, de 28 anos, e seu pai, Gerdau Guiamarino, de 64, donos da mercearia que leva o nome da família, vivem a expectativa de crescimento. “Estamos há 10 anos aqui. O movimento é fraco, mas com o início das obras e, depois, com os jogos e ainda um shopping, o movimento vai aumentar bastante. Já estou até pensando em colocar um churrasquinho e um tropeiro aos domingos e às quartas ou quintas, quando tiver jogo”, diz Ian.

Mateus Souza Lopes, de 24 anos, motorista, é vizinho da mercearia. Como atleticano, comemorou bastante a decisão. “Será ótimo, principalmente para mim, que moro perto. O campo será do lado de casa. Estou na porta. Além disso, acho que será bom para a região, desenvolvendo serviços e comércio, pois, além do estádio, teremos um shopping.”
Deivisson Arcebispo Fiúza, de 30, que trabalha como vigia diurno do terreno, sonha com estabilidade profissional. “Tenho a esperança de continuar trabalhando aqui e, depois, ser contratado como funcionário do Atlético.”
Moradoras do Bairro Califórnia, na Rua Crepúsculo, que começa em frente à área onde será feita a obra, a promotora de vendas Fernanda Moreira, de 34 anos, a costureira Isaura Pereira, de 50, e a estudante Sandra Luísa Felipe Jardim, de 17, têm visões críticas sobre os reflexos do projeto.
Fernanda teme pela sujeira. “Corremos risco de ter os mesmos problemas do entorno do Independência. Poderemos ter um grande banheiro a céu aberto. Lá, muita gente reclama de pessoas que urinam nas paredes, muros e portões de casa.” Isaura também é pessimista. “Temo que a segurança piore. Precisamos de um quartel da Polícia Militar.” Sandra vê a novidade sob o prisma da paixão clubística. “Sou cruzeirense e vou ter de aguentar o atleticano aqui na minha porta”, ironiza. Porém, ela enxerga também vantagens. “Espero que pelo menos melhore o serviço de ônibus. Domingo, o coletivo só passa até as 14h.” Para as três, uma boa característica do bairro vai se perder: o silêncio.
Para conferir Instantes depois de ser anunciado pelo rádio que o conselho havia aprovado a construção da Arena MRV, várias pessoas passaram por lá, como Johnny Max Rodrigues, de 40, trabalhador autônomo do ramo de transporte de carga. Ao lado dele estava o ajudante, o primo Moacir Rodrigues Santos Júnior, de 25 anos, filho do ex-volante Moacir, que jogou pelo Atlético entre 1987 e 1996. “Tinha de parar para ver”, diz Johnny, que relembrou momentos do tio atuando pelo clube. “Realmente, é importante para o Atlético. Sei o que é isso, pois meu pai vestiu essa camisa preta e branca”, afirma Moacir Júnior.