A aprovação do Conselho Deliberativo do Atlético ao projeto de construção de um estádio próprio do clube, decidida em votação nesta segunda-feira, já começa a ter consequências. A BWA/Luarenas confirmou ao Superesportes que não pretende seguir na administração do Independência após 2022, quando vence seu contrato com o governo de Minas, e já mira a gestão da futura arena do Galo, a ser inaugurada até 2021.
A reação da empresa foi revelada por Bruno Balsimelli, presidente da BWA/Luarenas. Vencedora da licitação para operar no estádio do Horto, a partir de 2012, a concessionária tem contrato de 10 anos, com cláusula de opção de renovação por outros sete (até 2029). No entanto, o empresário afirmou que a pretensão é dar continuidade à parceria com o Atlético na arena particular do clube, a ser construída no bairro Califórnia, em Belo Horizonte.
O Atlético é parceiro comercial da BWA desde 2012 e divide lucros e prejuízos do Independência.
O Atlético é parceiro comercial da BWA desde 2012 e divide lucros e prejuízos do Independência.
“Em 2022, não vamos optar por isso (pela renovação do contrato de administração do Independência). Nós vamos com eles (Atlético) para o novo estádio”, cravou Balsimelli.
O executivo está em viagem a Paris para reuniões com outros empresários do grupo Luarenas, responsável pela gestão de 58 estádios no mundo. À reportagem, ele adiantou que já iniciou conversas para que a empresa administre a futura casa do Atlético.
”Acho maravilhoso, apoio 100% (a iniciativa para construção do novo estádio do Galo). Sou parceiro do Atlético. É uma ideia inteligente, salutar, que vai oxigenar as mentes retrógradas do nosso país. Temos um relacionamento fantástico com o Atlético, o Kalil (ex-presidente do clube e atual prefeito de Belo Horizonte) e o Daniel (atual presidente atleticano). Com o Atlético, estamos de acordo com tudo o que for feito”, avaliou.
A diretoria do Atlético não confirmou a existência de conversas com a BWA/Luarenas. O presidente Daniel Nepomuceno negou as negociações em entrevista após a aprovação do projeto.
Déficit no Independência
A diretoria do Atlético não confirmou a existência de conversas com a BWA/Luarenas. O presidente Daniel Nepomuceno negou as negociações em entrevista após a aprovação do projeto.
Déficit no Independência
O presidente da BWA/Luarenas acrescentou que as condições do contrato firmado com o governo de Minas são insustentáveis e já deveriam ter sido revistas. Hoje, mesmo contando com jogos de Atlético e América no Independência, os números da concessionária são negativos. “É um custo absurdo (de operação). Como primeira arena construída no país para a Copa de 2014, foram colocados valores absurdos. O estádio não fica de pé sem o Atlético. Não tem condições. Vai ficar um déficit, um rombo monstruoso para o governo”.
Pelo contrato firmado, a Luarenas deve repassar mensalmente ao estado 10,58% de sua receita bruta, totalizando R$ 2,4 milhões/ano. Como proprietário do Independência, o América tem direito à metade dos repasses feitos pela empresa ao governo.
No entanto, por conta dos seguidos déficits na gestão, a BWA/Luarenas não honra seus compromissos há vários meses. O América chegou a acionar o Ministério Público Estadual para relatar o descumprimento do contrato e cobrar os pagamentos em atraso.
Nova licitação em 2022
Caso a BWA/Luarenas realmente abra mão da renovação do contrato com o governo em 2022, o estado poderá abrir novo processo licitatório para manter a gestão do Independência nas mãos da iniciativa privada até 2029. Uma eventual devolução antecipada do estádio ao América dependeria de garantias do governo estadual para que o clube fique imune a qualquer tipo de ação. É que por conta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), dinheiro público não pode ser investido em patrimônio privado. Justamente por isso, o governo mineiro precisou estabelecer um convênio com a direção americana em julho de 2009 para assumir o controle da arena do Horto e poder promover a reforma visando ao Mundial de 2014.
Nova licitação em 2022
Caso a BWA/Luarenas realmente abra mão da renovação do contrato com o governo em 2022, o estado poderá abrir novo processo licitatório para manter a gestão do Independência nas mãos da iniciativa privada até 2029. Uma eventual devolução antecipada do estádio ao América dependeria de garantias do governo estadual para que o clube fique imune a qualquer tipo de ação. É que por conta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), dinheiro público não pode ser investido em patrimônio privado. Justamente por isso, o governo mineiro precisou estabelecer um convênio com a direção americana em julho de 2009 para assumir o controle da arena do Horto e poder promover a reforma visando ao Mundial de 2014.