Esta não é uma convicção só minha. Outros combativos torcedores pelo sucesso do Galo compartilham a mesma visão objetiva sobre as exigências futuras para que um clube de futebol ocupe uma das poucas vagas permanentes e significativas no panorama esportivo de um futuro próximo. Há cerca de cinco anos – ainda na administração do presidente Alexandre Kalil –, alguns de nós começamos a perceber a rápida mudança da realidade futebolística decorrente da facilitação dos transportes e das comunicações, em um processo que costuma ser descrito como integração e globalização. Em termos práticos, fomos diagnosticando as razões pelas quais os campeonatos regionais ou locais foram perdendo importância relativa, ao mesmo tempo em que torneios internacionais ocupavam, cada vez mais, o interesse do público, o apoio do marketing esportivo e o calendário futebolístico anual. Nos estágios iniciais do processo, nem sempre claramente percebidos por todos, clubes com significativo histórico de sucesso e com participação tradicional em torneios locais foram sendo, progressivamente, afastados das competições principais, rebaixados a categorias inferiores ou simplesmente desaparecendo.
Aqui mesmo em Minas Gerais já tivemos a participação combativa e tradicional, nas competições principais, de clubes como Siderúrgica, Valério, Democrata, Ipatinga e outros. Esse peneiramento que resultou em um número menor de clubes competitivos não ocorreu apenas em Minas Gerais. Foi uma característica nacional e mundial. No Rio de Janeiro, por exemplo, agremiações tradicionais como o Bangu e o América tentam, sem muito sucesso, recuperar a posição que já tiveram em um passado glorioso, quando, inclusive, chegaram a fornecer jogadores para a Seleção Brasileira e a levantar títulos estaduais. Se formos analisar, o fenômeno alcançou também o futebol paulista – o mais robusto do país em número de agremiações, de organização e de movimentação financeira. Por lá a peneira funcionou também, retirando do palco principal agremiações populares como a Portuguesa e o Juventus, por exemplo.
Quem analisa essa questão com mais cuidado e profundidade firma a convicção de que, no Brasil do futuro quase imediato, haverá espaço para não mais do que cinco ou seis clubes de futebol com real expressão, segurança patrimonial, consistência estrutural e apelo popular para garantir presença consolidada nas principais competições e torneios. É o que se vê, também, em outros países e regiões adiantadas futebolisticamente. Existem, hoje, muito poucos times de expressão nacional na Alemanha, na França, na Itália, na Espanha e até mesmo na Inglaterra; e essas mesmas agremiações ocupam espaços cada vez maiores do seu calendário em competições internacionais e em torneios continentais.
Em nosso país, das cinco ou seis vagas nesta seleção de clubes principais, duas delas já parecem ocupadas pelo Corinthians e pelo Flamengo, por razões que não caberiam no curto espaço deste comentário. Em minha opinião e na de muitos outros atleticanos conscientes, o importante é garantir a presença do Galo nas três ou quatro possibilidades remanescentes. E, para isso, é preciso agregar, a todos os demais ingredientes que o clube já ostenta, a exigência adicional de possuir uma "casa própria", ou seja, um estádio moderno e compatível com as necessidades das grandes competições internacionais: a Arena MRV. Sem ela, a vaga nesta disputada seleção de clubes de grande expressão e personalidade escapará por entre os nossos dedos. Isso é pensar grande e olhar o futuro de modo prático e positivo. No dia 18, os conselheiros do Galo devem ter em mente que esse cruel, mas inexorável, processo de peneiramento não oferecerá uma segunda chance.