Os bastidores do Atlético seguem agitados às vésperas do pleito que definirá pela aprovação ou não do projeto de construção de um estádio próprio. Desta vez, o vereador de Belo Horizonte Gabriel Azevedo (PHS, mesmo partido do prefeito e ex presidente alvinegro Alexandre Kalil) divulgou uma lista de 14 argumentos (clique aqui para ler) que o motivaram a votar positivamente na próxima segunda-feira, dia 18 de setembro.
Durante o texto, o conselheiro eleito do clube questionou a viabilidade financeira do uso do Mineirão e do Independência pelo Atlético.
“A Arena Independência tem capacidade reduzida (23 mil torcedores), não pertence ao Galo, que paga, caro, para jogar lá”, diz Azevedo, que também comentou a situação do Mineirão. “Por não se tratar de um estádio próprio, os times não lucram com as demais fontes de arrecadação do Mineirão, como venda de alimentos e bebidas, estacionamento etc. Todo o faturamento vai para a Minas Arena, concessionária do estádio”, completa.
Referências
Em seguida, o conselheiro citou gigantes europeus como Real Madrid, Barcelona, Juventus e PSG para defender a posse de um estádio próprio. Times brasileiros também foram lembrados por Gabriel Azevedo.
“Real Madrid, Barcelona, Juventus, PSG, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e tantos outros são 100% donos de seus estádios e faturam com venda de ingressos para os jogos, lojas de artigos esportivos, restaurantes temáticos, estacionamento, arrendamento do espaço para outros eventos”, diz o conselheiro.
“Se nada for feito para que o Galo aumente de forma agressiva o seu faturamento, a distância para Corinthians, Palmeiras, Flamengo e outros clubes do eixo Rio-São Paulo será cada vez maior”, continua Azevedo em um dos tópicos em que compara a arrecadação do Atlético com a da dupla paulista em 2016.
Investimento próprio
No primeiro dos 14 tópicos listados, o conselheiro destaca que a intenção do Atlético é construir o estádio sem auxílio do dinheiro público. O projeto apresentado pela diretoria alvinegra orça a obra em R$ 410 milhões. O valor seria conseguido por meio da venda dos naming rights (que seriam adquiridos por R$ 60 milhões pela MRV) e de cadeiras cativas (60% do R$ 100 milhões previstos já estão garantidos pelo BMG).
Os outros R$ 250 milhões se referem à venda de 50,1% do Diamond Mall, shopping localizado na Região Centro-Sul de Belo Horizonte - negociação defendida por Azevedo.
Este, inclusive, é o ponto mais polêmico do projeto. A oposição alega que os lucros com o shopping aumentariam a partir de 2026, quando o clube, por contrato, voltaria a ter direito a 100% da receita bruta do Diamond. Atualmente, a porcentagem anual destinada ao Atlético é de 15% - o que correspondeu a R$ 8,7 milhões em 2016. O restante fica com a Multiplan, empresa que administra o Diamond Mall.
O projeto do estádio, por outro lado, defende que o mercado de shopping centers tem caído anualmente em função do comércio online. Por isso, a venda seria positiva. Se a negociação for aprovada pelo Conselho Deliberativo do Atlético, o clube ainda ficaria com 49,9% do Diamond e teria o poder de veto garantido. Nos próximos quatro anos (período para a construção do estádio), a porcentagem da renda bruta destinada ao clube se manteria.
Bastidores
De um lado, a situação faz campanha pela aprovação do projeto do novo estádio. Do outro, a oposição questiona a venda de parte do Diamond Mall. Recentemente, inclusive, o conselheiro Edison Simão tentou barrar a realização da votação que decidirá pelo andamento ou não do projeto.
Segundo ele, a pauta da reunião divulgada pela situação não atende aos requisitos estatutários do clube. Edison Simão, entretanto, teve a primeira derrota na Justiça de Minas Gerais. Para dar seguimento ao processo, o conselheiro precisaria desembolsar pelo menos R$ 15 milhões (valor que corresponde a 2% dos R$ 250 milhões destinados à venda de parte do shopping). Além disso, teria de pagar os custos do processo em caso de derrota.
Entenda a votação
Na próxima segunda-feira, dia 18 de setembro, o Conselho Deliberativo do Atlético se reunirá para debater o projeto de construção do novo estádio proposto pela diretoria. Para que a proposta seja aprovada, dois terços do total de conselheiros (260 de 390 aptos a participar do pleito) devem votar “sim”.
Leia, abaixo, o projeto apresentado pela diretoria do Atlético: