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Estádio, shopping, gestão: Fabiano Ferreira lança pré-candidatura à presidência do Galo

Empresário disse que estádio deveria ser opção sem a venda do shopping

Thiago Madureira
Em 2011, Fabiano Lopes foi vice de Irmar Ferreira, mas perdeu eleição para chapa de Kalil - Foto: Marcos Michelin / EM DA PRESS

O empresário Fabiano Lopes Ferreira confirmou que é pré-candidato à presidência do Atlético. A eleição ocorre no fim do ano. Em entrevista ao Superesportes, Ferreira reconheceu os feitos da atual gestão, mas disse que quer mudanças na administração e na condução do futebol.

“Um presidente deve se mostrar presente o tempo todo. E algumas coisas que acontecem no Atlético eu não consigo entender. Ninguém me convence que o Robinho não consegue jogar bola mais. Ele desaprendeu? Por que ele não joga? Só quem está lá pode responder, algo está acontecendo. Se ele está com problema, se ele está desconte, temos que resolver isso logo. Acho que precisa de uma posição mais firme do presidente neste aspecto”, afirmou.

Ferreira ainda disse ser contra a venda de 50,1%  do shopping Diamond Mall para o Grupo Multiplan, por R$ 250 milhões, para viabilizar a construção do estádio.

A proposta será debatida e votada pelo conselho do clube no dia 18 de setembro. “Em alguns anos, o lucro do shopping será do Atlético e vai pagar com folga a folha. O Atlético vai se tornar independente só com o rendimento do shopping”, frisou Ferreira.

Além de Fabiano Ferreira, Fred Couto também tem intenção de participar do pleito. Daniel Nepomuceno ainda não confirmou se vai tentar um novo mandato.

 

Entrevista com o pré-candidato à presidência do Atlético Fabiano Lopes Ferreira

Por que o senhor resolveu lançar esta pré-candidatura?

Podemos dizer que 99% dos atleticanos têm o sonho de um dia presidir o clube. E comigo não é diferente. Eu acho que tenho alguma coisa para oferecer. Estou querendo ser o presidente do clube não para tirar vantagem, mas quero pegar minha experiencia de 40 anos como empresário para colocar à disposição do clube. Sei que muito foi feito, mas ainda há muito para fazer.

O senhor se coloca como oposição?

Eu quero mudanças, mas não vou me colocar como oposição. Vejo, pelo que leio na imprensa, que o Daniel Nepomuceno pode abrir mão da candidatura, abrindo espaço para outras pessoas. Não sou de oposição, mas quero entrar para fazer diferente.

Qual será o principal ponto abordado na sua campanha?

O estádio é o principal ponto de discussão da torcida do Atlético e comigo também não será diferente. Eu também quero um estádio. Mas sou contra a venda do shopping Diamond Mall. Ele é patrimônio do clube, remete ao antigo estádio Antônio Carlos, e temos que preservá-lo.

Hoje, o shopping é um sucesso absoluto. Enquanto o país vive uma crise enorme, você anda pelas ruas e observa várias placas de aluguel em áreas comerciais, o Diamond tem todos os espaços alugados e opera com grandes marcas. Fico perplexo quando vejo alguém dizer que shopping não é rentável ou lucrativo. O shopping é um dos melhores negócios, principalmente o nosso shopping que está localizado numa região estratégica da cidade, um dos metros quadrados mais caros. Sou contra a venda do shopping, de qualquer porcentagem dela.

Mas o fato de o clube ficar com uma porcentagem do shopping (49,9%) e ainda ter um estádio sem precisar investir financeiramente na construção não lhe parece interessante?

Nestes moldes, não. Em alguns anos, o lucro do shopping será do Atlético e vai pagar com folga a folha do clube. O Atlético vai se tornar independente só com o rendimento do shopping, que equivale ao orçamento de muitos clubes por aí. Não podemos trocar um ativo altamente rentável por outro que é incerto. É claro que eu como todo torcedor do Atlético quero o estádio, mas não podemos nos desfazer de um patrimônio tão valioso como este.

E como o estádio deveria ser pensado então?

Tem plena condições de fazer um estádio sem vender o shopping.
Com parceiras com grandes empresas e investidores, como outros clubes fizeram. A Arena do Palmeiras, por exemplo, é um sucesso. É um outro modelo, mas é uma parceria rentável para o clube e para os investidores. O torcedor do Palmeiras comprou a ideia, e o Palmeiras tem uma das maiores médias do futebol brasileiro. A arena virou palco para grandes eventos, se viabilizando. Sei que há diferenças entre São Paulo e Belo Horizonte, mas é uma ideia que poderia ser estudada.


Como o senhor avalia a atual gestão do presidente Daniel Nepomuceno?

Tenho visto algumas criticas principalmente depois que ele foi ser secretário municipal. Pelo que ouço, ele se dedica pouco ao clube, porque são dois cargos que exigem 100% de dedicação. Acho que deveria acompanhar mais a equipe, impondo respeito e cobrando quando preciso. Um presidente deve se mostrar presente o tempo todo. E algumas coisas que acontecem no Atlético eu não consigo entender. Ninguém me convence que o Robinho não consegue jogar bola mais. Ele desaprendeu? Por que ele não joga? Só quem está lá pode responder, algo está acontecendo. Se ele está com problema, se ele está desconte, temos que resolver isso logo. Acho que precisa de uma posição mais firme do presidente neste aspecto. No geral, o Daniel fez uma gestão administrativa, ao contrário do Kalil que foi mais voltado ao futebol. Parece que grande projeto dele é o estádio.

Como o senhor projeta o Atlético do futuro?

Nós temos tudo para ser o clube do futuro. O Atlético é um clube de uma grandeza imensa e precisa trabalhar a gestão. A divida está sendo equacionada e, agora, aliando a paixão do torcedor ao nosso patrimônio teremos condições de virarmos a maior força do futebol brasileiro e uma das maiores do mundo. Daqui a algum tempo, teremos o dinheiro total do shopping e isso, com uma gestão moderna, pode ser o nosso diferencial.

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