Ex-colegas de Grêmio no início dos anos 2000, os dois possuem uma relação de longa data e trocaram elogios em diversas ocasiões. Não à toa, têm estilos semelhantes no comando das equipes que dirigem. E, para mostrar isso, o Superesportes listou sete características comuns nos trabalhos de Tite e Roger Machado.
1. Triangulação e toque de bola
Inspirados no histórico Barcelona de Pep Guardiola, Tite e Roger gostam de dirigir equipes que mantenham a posse de bola. Para isso, as famosas triangulações são necessárias. O chutão é a última opção na saída de jogo. A ideia básica é que quem está com a bola sempre tenha pelo menos duas opções de passe.O Corinthians campeão brasileiro de 2015 e o Grêmio de 2015 e 2016 são provas disso. O próprio Atlético sofreu com o legado de Roger na equipe gaúcha durante o primeiro jogo da final da Copa do Brasil.
“É o futebol de triangulação, passe de triangulação, é o Grêmio mais parecido do Grêmio de 2000 e 2002, o Grêmio do Roger, com a característica dele”, disse Tite ao analisar a equipe dirigida por Roger em 2015.
2. Perfil estudioso
Tite ganhou reconhecimento após o famoso “ano sabático” em 2014, quando foi à Itália, estudou futebol e não treinou nenhuma equipe. Voltou em 2015 com ideias renovadas, um 4-1-4-1 bem definido e um time bem compacto.A trajetória de Roger é mais ou menos parecida. Cursou educação física e fez diversos estágios para se preparar. Rodou por Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Itália, assistiu a jogos e acompanhou treinos. Muito estudioso, tem como inspiração Carlo Ancelotti e a escola portuguesa de técnicos.
“Ele (Roger) tinha muita facilidade nas interpretações dos movimentos dentro do campo. Tanto é que eu tenho um hábito de interagir com quem está no banco. E ele tinha estas percepções. Tanto dos jogadores do setor dele, como do mecanismo geral. Além disso, ele estudou muito. Futebol também é aperfeiçoamento”, afirmou Tite em entrevista coletiva em 2015.
3. Marcação por zona e apreço pela pressão
Roger e Tite têm em comum o tipo de marcação. Ao contrário de Marcelo Oliveira, que aposta no combate individual, os dois treinadores sempre armam equipes que fazem “encaixes” zonais. Uma das justificativas utilizadas para essa opção é a fragilidade da marcação individual quando está se enfrentando um ataque veloz e de movimentação.Outra característica dos dois treinadores é o apreço pela marcação pressão e pela reação imediata dos jogadores. A ideia é que os atletas, assim que perderem a bola, iniciem uma pressão coletiva forte no rival que recuperou a posse.
4. Transições rápidas
É um conceito utilizado por todos os treinadores. No entanto, Roger e Tite possuem uma admiração especial por equipes que conseguem mudar do momento defensivo para o ofensivo (e vice-versa) num curto espaço de tempo.Os gols em contra-ataque marcados pelo Grêmio em 2015 são um exemplo claro desse tipo de trabalho. Luan, Giuliano e até mesmo o “lento” Douglas conseguiram se encaixar nesse jeito de jogar e tornaram a transição rápida uma das marcas da equipe gaúcha.
5. Preocupação tática
Os estudiosos dividem o futebol em quatro aspectos: técnico, tático, físico e psicológico. Roger e Tite dão grande valor aos aspectos táticos. Como todos as quatro características acima prova, os dois treinadores enxergam o futebol como um jogo de xadrez. Qualquer movimento pode ser fatal.6. Relação com a imprensa
Além da preocupação com o jogo, Roger e Tite têm bom trato com a imprensa. Para eles, a opinião pública é fundamental para o trabalho de um treinador no Brasil, especialmente por conta da pressão exercida por torcida e meios de comunicação.Por onde passaram, os dois sempre foram muito respeitados por jornalistas por conta das declarações claras e sinceras. Até por isso possuem muita aprovação dos torcedores dos clubes que dirigiram.
7. Comunicação com jogadores
A boa relação com jogadores também é uma das características marcantes dos dois treinadores. Edílson, lateral do Grêmio que foi comandado por Tite e Roger, analisou o perfil dos dois nesse quesito.“São bem parecidos, sim. São treinadores com mesmo estilo de trabalho e metodologia. Eles conversam com o jogador olhando no olho, falam o que precisa ser dito. Este estilo de conversa, de pedir o que precisa deixa o jogador confortável para fazer o seu trabalho”, disse em entrevista ao Uol.