A trajetória de Reinaldo é parecida com a de milhares de garotos do país que começaram nos campinhos de terra e depois conseguiram realizar o sonhoCoube ao então técnico dos juniores Barbatana descobrir o promissor atacante numa excursão a Ponte Nova, em 1971Assim que viu Reinaldo dominar a bola com categoria e chutar com precisão ao gol, Barbatana ficou impressionadoTanto é que ele pediu à diretoria para contratá-lo rapidamenteE assim foi feito.
Reinaldo foi mais que um grande jogadorFoi uma influência política na épocaAo comemorar seus gols com o punho cerrado (título do livro), ele mostrou rebeldia com o regime militar, lembrando o gesto dos militantes negros do movimento dos Panteras Negras, dos Estados Unidos“Vimos que o Reinaldo era uma pessoa com dimensão muito maior do que o futebol, com histórias de superação, de militância política, com muitas posições corajosas
Por causa dos problemas no joelho, Reinaldo não esteve em suas melhores condições físicas quando disputou a Copa do Mundo de 1978, na Argentina – o Brasil terminou em terceiro lugarUm ano antes, o Atlético encantou o país e também terminou como vice-campeão nacional, saindo derrotado na disputa de pênaltis para o São Paulo, no MineirãoEm ambas, o Rei saiu sem perderEm 1980, participou da polêmica final contra o Flamengo, em que foi expulso e também terminou derrotado.
A primeira chance na Seleção veio por meio do técnico Osvaldo Brandão, na Copa América de 1975, na Venezuela, quando Reinaldo tinha apenas 18 anosMas foi Cláudio Coutinho quem se mostrou fã do centroavante“Mesmo sendo o artilheiro do país no time fantástico do Atlético, era muito difícil um jogador de Minas chegar à SeleçãoAs pessoas não sabiam o que se passava aquiMas, pelo que fez em 1977, não teria como deixar de fora de uma Copa do Mundo o goleador do BrasileiroEle acabou indo para a Argentina sem estar 100% nas condições físicas
Faltou-lhe um título de expressão na carreiraPelo Galo, foi campeão mineiro por oito vezes (em 1976, de 1978 a 1983, e em 1985) e da Taça Minas Gerais em duas oportunidades (1975 e 1976)Philipe acredita que Reinaldo seria o melhor de todos os tempos se não passasse por dificuldades: “Ele não chegou ao nível do Pelé porque Pelé foi o incomparávelMeu pai jogou com problemas físicos, coisas que o Pelé praticamente não teve”, brinca.
DECLÍNIO A carreira de Reinaldo depois de 1981 declinou ainda mais com os problemas no joelhoEle deixou o Atlético em 1985 e foi para o Palmeiras, onde ficou apenas três meses e não marcou nenhum golEm 1986, o atacante defendeu o Rio Preto-AM em apenas seis partidas e marcou dois golsDepois disso, voltou para Belo Horizonte para jogar pelo Cruzeiro, só que, diferentemente da época de Atlético, ele não brilhou por lá, jogou apenas duas partidas e não marcou nem uma vez.
Depois de encerrada a carreira, Reinaldo enfrentou problemas pessoais, se elegeu vereador por Belo Horizonte e deputado estadual, foi comentarista esportivo e hoje mora nos Estados Unidos, onde tem escolinha de futebol.
TRECHO DO LIVRO
“Todos no estádio começaram a se perguntar quem era aquele meninoAs atuações de Reinaldo impressionavam e despertavam muita curiosidade: como era possível um garoto tão novo ser capaz de jogadas tão geniais”
Punho cerrado – A história do Rei
Philipe Van RLima
Editora Letramento
255 páginas
R$ 49,90