Foi sofrido, mas a Copa Libertadores de 2013 tinha que ser do Atlético. Time que superou várias dificuldades, momentos de instabilidade e muita pressão contrária. Mas sempre contou com o apoio de uma nação, para dar a volta por cima. E a união mais uma vez funcionou. O Atlético derrotou o Olimpia por 2 a 0 no tempo normal, nesta quarta-feira, no Mineirão, e faturou o título nos pênaltis, depois de empate sem gols na prorrogação. O Galo converteu todas as cobranças, com Alecsandro, Guilherme, Leonardo Silva e Jô. Miranda e Gimenez desperdiçaram. Victor pegou a primeira delas e foi, de novo, o herói. Festa da massa no novo caldeirão alvinegro, o Gigante da Pampulha.
Depois de 105 anos, em 2013 o Galo coroou a rica história conquistando a América. Mais um capítulo da saga alvinegra, com muito sofrimento da torcida, dessa vez recompensada com a taça inédita, que põe o time alvinegro na rota das grandes competições. No fim do ano, em dezembro, será o representante do continente no Mundial Interclubes, no Marrocos.
O título, que ficou em xeque depois da derrota por 2 a 0 no primeiro duelo contra o Olimpia, em Assunção, na semana passada, veio em mais uma jornada sofrida, de grande determinação dos jogadores – e orações do técnico Cuca à beira do campo. Com muita raça e disposição, o Galo deu a volta por cima em casa, em um Mineirão lotado, com quase 60 mil presentes. No fim, a festa completa, com o triunfo nos pênaltis, depois de 2 a 0 no tempo regulamentar, gols de Jô e Leonardo Silva, ambos no segundo tempo.
A torcida deu um show à parte. Jamais desacreditou, nem mesmo com o empate sem gols no primeiro tempo. Os gritos de ‘Eu acredito’ impediram qualquer desconfiança. Mais uma peça importante e emblemática da vitoriosa campanha alvinegra na Libertadores de 2013, marcada por percalços a serem superados – como diz o eterno hino escrito por Vicente Motta, 'Lutar, Lutar, Lutar'. E isso o Galo soube fazer como ninguém nesta competição.
O grande jogo
Os jogadores entraram em campo saudados com um mosaico espetacular preparado pela torcida, com a frase emblemática “Yes, We CAM”. O clima era todo favorável, apoio incondicional da apaixonada massa, que transformou o Mineirão em um verdadeiro caldeirão, lembrando o Independência. Mas seria duro superar um rival tradicional como o Olimpia, ainda mais com a vantagem de dois gols do time paraguaio, construída em Assunção.
O Galo começou o jogo sufocando o Olimpia, aproveitando o empurrão da torcida. Na primeira oportunidade, Diego Tardelli chutou cruzado pela direita e a bola passou por todos os atacantes, sem que ninguém concluísse. O suficiente para agitar a massa, que gritava ‘Eu acredito’. Em seguida, Ronaldinho arriscou o chute e o goleiro deu rebote, mas logo se recuperou.
Experiente, o time paraguaio se precavia na defesa, sem dar espaço aos atleticanos. E jogava por uma bola no contra-ataque. Por muito pouco o goleiro Victor não foi vazado quando Bareiro recebeu sozinho pela esquerda, mas chutou fraco e o camisa 1 do Galo evitou o que seria um desastre logo no começo.
Diante de um adversário bem fechado na defesa, congestionando o meio-campo e marcando as principais peças ofensivas, o Atlético precisava sair mais pelas laterais. Mas só o fez com Michel, que apareceu em bons cruzamentos, não aproveitados pelos atacantes. Pela esquerda, Junior Cesar cuidou exclusivamente da marcação.
Alguns jogadores, como Bernard, tinham muita dificuldade para superar a marcação. Ronaldinho era outro vigiado de perto por Aranda, mas tentou levar o time à frente. Só que o Olimpia tinha uma armadilha preparada e o jogo se transformou em grande tensão para os atleticanos e a torcida. A equipe visitante desperdiçou outra grande oportunidade com Alejandro Silva, mas novamente entrou em ação Victor, para alívio da massa.
O fim do primeiro tempo foi marcado por erros de passe e nervosismo do Atlético, já que a dificuldade persistia. A torcida diminuiu um pouco o entusiasmo, enquanto os fãs do Olimpia, até então tímidos no Mineirão, passaram a agitar nas cadeiras.
Drama e emoção no fim
O Atlético voltou com uma mudança no segundo tempo. Pierre foi sacado para entrada de Rosinei, até para dar mais movimentação ao time. A torcida deu o recado na volta do intervalo, incentivando o Galo aos gritos de ‘Eu acredito’. E o time da casa correspondeu logo no primeiro minuto. Cruzamento da direita de Rosinei, Pittoni, que no jogo em Assunção marcara o segundo gol em cobrança de falta nos acréscimos, dessa vez foi vilão. Ele furou e a bola sobrou limpa para Jô emendar no canto direito: 1 a 0.
O Mineirão se transformou em uma grande festa. O gol animou o Atlético, que continuou em cima, embalado pela massa. A pressão aumentou e o segundo quase veio em cabeçada de Leonardo Silva, que tocou no travessão. Depois, o defensor voltou a aparecer ao testar para intervenção salvadora de Martin Silva. Cuca mexeu novamente, trocando Michel por mais um homem de área, Alecsandro.
O Atlético foi ao desespero depois de cruzamento de Junior Cesar, que Tardelli pegou de primeira e a bola bateu em um adversário. Os jogadores correram em direção ao árbitro para cobrar a penalidade, mas nada foi marcado. A última cartada de Cuca foi a entrada de Guilherme, na vaga de Diego Tardelli, no momento em que a torcida pedia por Luan.
Na base da garra e com a torcida cantando junto, de forma heróica, marca registrada na fase final da Libertadores, o Galo chegou ao segundo gol. Aos 41min, Bernard cruzou da direita e Leonardo Silva testou no cantinho de Martín Silva: 2 a 0. Torcida enlouquecida no Gigante da Pampulha. O Olimpia não conseguiu nem respirar, já que o Atlético foi para buscar o título no tempo normal. Nos acréscimos, Mazacotte segurou Jô na área, mas o árbitro não marcou a penalidade clara. A decisão foi para a prorrogação, com o Mineirão, literalmente, balançando.
Prorrogação sem gols
A prorrogação começou com a torcida acreditando cada vez mais na conquista. E o Atlético foi junto com os gritos. Mas cadenciando mais a partida, procurando o toque de bola, até para não se expor ao contragolpe. Porém, as chances de gol surgiram a cada instante. Primeiro, Réver cabeceou em cheio no travessão. Na sequência, Guilherme cruzou e o goleiro mandou a escanteio. Depois, Josué arriscou o chute e assustou o goleiro Martin Silva.
Veio o segundo tempo da prorrogação. O Olimpia não queria jogo, ficou se defendendo, à espera de uma chance. A pressão foi toda atleticana. Para aumentar o drama, Bernard sofreu uma contusão e ficou em campo no sacrifício, já que Cuca queimara as três substituições. A cada minuto, o nervosismo era maior. Martin Silva exagerava na catimba, enquanto a torcida empurrava o Galo. No fim, Alecsandro, livre, tocou por cima do goleiro, mas a zaga evitou o que seria o título. Entretanto, a definição ficou para os pênaltis.
Atlético 4 x 3 Olimpia
Miranda chutou no meio do gol e Victor, adiantado, defendeu.
Alecsandro chutou alto no canto direito e marcou o primeiro.
Ferreira bateu no canto dirieito. A bola passou por baixo de Victor.
Guilherme bateu forte no canto esquerdo e marcou.
Candia cobrou no meio do gol e marcou.
Jô cobrou no canto esquerdo, deslocando o goleiro.
Aranda marcou ao cobrar firme no meio do gol.
Leonardo Silva bateu no canto esquerdo e conferiu.
Giménez chutou na trave e deu o título ao Atlético.
FICHA TÉCNICA
ATLÉTICO
Victor; Michel (Alecsandro), Leonardo Silva, Réver e Junior Cesar; Pierre (Rosinei), Josué, Ronaldinho Gaúcho, Diego Tardelli (Guilherme) e Bernard; Jô
Técnico: Cuca
OLIMPIA
Martin Silva; Ricardo Mazacotte, Manzur, Hermínio Miranda e Candia; Wilson Pittoni, Benitez, Aranda e Alejandro Silva (Gimenez); Salgueiro (Carlos Baéz) e Bareiro (Ferreyra)
Técnico: Ever Hugo Almeida
Motivo: final da Copa Libertadores
Data e local: quarta-feira, 24 de julho, Mineirão
Árbitro: Wilmar Rondan (COL)
Auxiliares: Humberto Clavijo (COL) e Eduardo Ruiz (COL)
Cartões amarelos: Bernard, Luan (ATL) e Benitez, Manzur, Salgueiro (OLI)
Cartão vermelho: Benitez
Gol: Jô, 1, Leonardo Silva, 41min do 2tempo
Público: 56.557 (pagantes), 58.620 presentes
Renda: R$ 14.176,146