Atletico-MG

Caminhos do Galo para fazer do 'Novo Independência' fonte significativa de renda

Caso parceria seja aprovada pelo Governo, clube tem exemplos de comercialização de outras arenas pelo Brasil para seguir

Luiz Martini Rodrigo Fonseca

Novo Independência deverá ser inaugurado no fim de março. Contrato do Atlético com a BWA ainda depende de aprovação do governo de Minas


Atualizada às 15h51 do dia 24/2/2012


Aprovado o contrato entre BWA e Atlético, a parceria entre o clube e a empresa pode render receitas significativas para os cofres atleticanos.

O Galo terá direito a 45% da arrecadação do Independência, mesma fatia que caberá à BWA. O América, proprietário do estádio, e o Governo de Minas Gerais, que investiu na construção da nova arena, ficam com 5%, cada um, da renda bruta. Além disso, o Atlético, inicialmente, investirá cerca de R$ 8 milhões de reais no local.

O Superesportes fez um levantamento com clubes detentores de estádios/arenas para contabilizar os prejuízos e benefícios que podem surgir no caminho do Alvinegro.

Morumbi

Dos grandes times do Brasil, o mais exaltado no quesito administração é o São Paulo. O clube, que é dono do Morumbi, situação diferente do Atlético, que terá apenas relação comercial com o estádio do Horto, utiliza bem o espaço na capital paulista e detém lucro expressivo.

O diretor de futebol do Tricolor, Adalberto Baptista, explica a arrecadação do clube com o estádio. “O Morumbi, hoje, tem uma receita de 45 a 50 milhões de reais por ano, projetado para 2012. A despesa fica entre 18 e 20 milhões de reais. Portanto, teremos um superávit de 25 milhões de reais. As principais receitas são as locações de camarotes, shows, eventos e bilheteria de jogos, nessa ordem. Bares e estacionamento arrecadam pouco. As despesas ficam por conta de manutenção predial, que inclui gramado, água, luz, cadeiras etc”, disse.

Como o aluguel para shows e eventos é uma das principais fontes de receita, o Atlético precisa ter um ‘plano B’ para esse tipo de ação quando tiver jogos em Belo Horizonte, principalmente se estiver envolvido em partidas decisivas. O dirigente são-paulino cita o tempo médio que o clube fica sem o espaço nos casos de locação.

“Quando realizamos shows no Morumbi, os eventos exigem quatro dias de montagem e três de desmontagem. Para um show único, você fica oito dias sem estádio, contando a recuperação do gramado. Normalmente, quando isso ocorre, nós mandamos os jogos na Arena Barueri, porque temos um bom acordo lá”.

No decorrer de 2012, enquanto o Mineirão continuar em reforma, o Independência e a Arena do Jacaré serão os palcos do futebol mineiro. Caso o espaço no Horto esteja alugado, o Alvinegro, provavelmente, terá que mandar seus jogos em Sete Lagoas.

A possibilidade de ‘vender’ o nome do estádio para aumentar a receita não é prioridade do São Paulo. “É difícil de fazer um ‘Naming Rights’ para um estádio de futebol que já existe há muito tempo. Porque a Globo (detentora dos direitos de transmissão) não utiliza os nomes comerciais. O nome do estádio é o que o povo fala. Para estádios já existentes é mais difícil. O Atlético-PR fechou um contrato, mas quase ninguém nunca chamou de Kyocera Arena. Como a Globo tem o monopólio, ela usa o nome que quer. Os times de vôlei como Unilever e ex-Finasa (atual Sollys) tiveram dificuldade com isso. São chamados de Rio de Janeiro e Osasco. As empresas têm receio para investir nesses nomes”, finalizou.

Arena da Baixada


O Estádio do Atlético-PR é outro exemplo que se encaixa no perfil do Morumbi. Dono do terreno, o Furacão também administra o espaço para aumentar sua fonte de renda. O diretor de planejamento do clube, Nelson Fanaya, conta como é o funcionamento da Arena.

“O custo-benefício da Arena é muito positivo. Uma arena multiuso, além de todas as questões de manutenção, envolve todo o restante de custos e benefícios. Tem praças de alimentação, lojas, shopping centers. Não é um gerenciamento voltado para um simples estádio de futebol”, disse.

A ‘venda’ do nome da Arena rendeu para o time paranaense boa quantia em 2005. “O Atlético foi o único ‘case’ de ‘Naming Right’ no Brasil. Nos anos de 2005 e 2008. Esse valor foi de 10 milhões de dólares. Usamos o nome Kyocera Arena nesse período”, afirmou Fanaya, que revelou a estratégia para comercializar o sobrenome.

“O local é um estádio de futebol desde 1917. O nome do Estádio é Joaquim Américo. Mas quando inauguramos, em 1999, utilizamos o apelido ‘Arena’. Foi o primeiro estádio do Brasil a adotar esse nome. Fizemos isso para comportar esse outro sobrenome. Não usamos Furacão e outras coisas para não ter dificuldade em ‘vender’ o sobrenome. Essa foi a estratégia”, revelou.

Como vai lançar o programa sócio-torcedor no Brasileiro’2012, o Galo pode abordar outra situação vivenciada pela equipe do Paraná. O diretor paranaense acredita que a Arena incentivou a adesão de sócios no Rubro-Negro.

”O Atlético-PR hoje detém 18.500 sócios. É um clube exclusivamente de futebol. Não tem piscinas e salões e clubes sociais como Atlético e Cruzeiro. Cada sócio paga por mês 70 reais”, finalizou o diretor. Se esses torcedores estiverem adimplentes, os sócios rendem R$ 1.290.000 para o Atlético-PR.

Engenhão

Pertencente ao governo do Rio, o Engenhão está nas mãos do Botafogo desde 2007, por um prazo de 20 anos. Se nos primeiros anos, o estádio deu prejuízo, em 2010 e 2011 o clube carioca começou a colher os frutos de ter uma casa, com lucro aproximado de R$ 4 milhões e R$ 7 milhões, respectivamente. A despesa atual é cerca de R$ 400 mil por mês.

Nos primeiros anos sob a gestão do Botafogo, o futebol era o carro-chefe. Depois, o clube abriu horizontes e os mega-eventos impulsionaram a receita. Outra fonte de renda é a locação do espaço para o mercado publicitário. O Botafogo conta com parceiros comerciais que vendem o produto Engenhão. Assim como o São Paulo, o time carioca abre mão do estádio por aproximadamente oito dias para realização de grandes shows.

Casa do time da Estrela Solitária, o Engenhão recebe também partidas de Flamengo e Fluminense. Os rivais cariocas não pagam aluguel. Um acordo comercial garante ao Botafogo uma parcela do faturamento em dia de jogos.

Morumbi
: Cícero Pompeu de Toledo (maior estádio particular do país)
Inauguração: 1960
Capacidade: 70 mil espectadores
Sócio-torcedor: 45 mil associados
Estacionamento: 620 vagas

Arena da Baixada: Estádio Joaquim Américo Guimarães* em reforma para a Copa’2014
Inauguração da arena: 1999
Capacidade: 42 mil espectadores (após a reforma)
Sócio-torcedor: 18.500 associados
Estacionamento: 3.000 vagas (após a reforma)

Engenhão: Estádio Olímpico Municipal João Havelange (Stadium Rio)
Inauguração: 2007
Capacidade: 46.831 espectadores
Sócio-torcedor: não informado
Estacionamento: 1.660 vagas

Independência: Estádio Raimundo Sampaio
Inauguração: prevista para o fim de março
Capacidade: 25 mil espectadores
Sócio-torcedor do Galo: em estudo
Estacionamento: 422 vagas