A disputa pelo título do Campeonato Mineiro de 2021 terminou com questionamentos por parte do América pela arbitragem da finalíssima contra o Atlético, que se sagrou campeão com empate sem gols neste sábado, no Mineirão.  O técnico Lisca criticou duramente o árbitro Felipe Fernandes pela decisão de não marcar um pênalti a favor do Coelho na partida. O lance questionado pelo treinador do Coelho foi um contato de Igor Rabello em Eduardo Bauermann nos acréscimos do clássico decisivo. 

Lisca ainda relembrou que o árbitro esteve envolvido em outro lance polêmico em jogo entre Coelho e Galo, na semifinal do Estadual do ano passado. Na ocasião, os americanos cobraram a expulsão do zagueiro Junior Alonso por falta no atacante Ademir. O Coelho acabou eliminado. 

“O que eu vou falar para vocês? Eu vou falar aqui e vou ser julgado, vou ser suspenso. Esse cidadão que apitou o jogo é a segunda vez que ele tira o América em relação ao Atlético. No ano passado, todo mundo viu que ele errou demais no lance que o Ademir foi puxado pelo Alonso, mas ele não quis deixar o Atlético com um a menos. Hoje, ele acabou fazendo uma arbitragem muito boa, respaldada por mim. Mas eu acabei de ver o lance ali atrás e não tem discussão. Não tem discussão. É um lance sem discussão nenhuma, ainda mais com o VAR. Então, a gente lamenta muito que o campeonato foi manchado nessa final”, declarou o gaúcho, em entrevista coletiva após a decisão. 

Lisca também questionou a Federação Mineiro de Futebol (FMF) pelo fato de o Atlético ter disputado apenas dois jogos fora de Belo Horizonte durante todo o Estadual. 

“A Federação Mineira, na questão da inversão de mandos, eu tenho certeza que, no ano que vem, não vai se repetir. É um desequilíbrio técnico muito grande e uma vantagem para a equipe que não vai jogar no interior. Nos últimos dois jogos tinha vantagem. Desequilibra o campeonato todo, não só o América que está na final. A Federação Mineira tem que repensar, não pode favorecer um time em detrimento dos outros onze, o que aconteceu o campeonato inteiro. O Atlético não tem nada a ver com isso. Quem seria eu para questionar a grandeza, os títulos e a qualidade do grupo do Atlético, hoje o time de melhor campanha da Libertadores”, ressaltou. 

Para Lisca, o vice-campeonato tem a sensação de que o América poderia mais. O técnico destacou o desempenho do time nas duas partidas da final do Mineiro diante de um rival com maior investimento e voltou a criticar o árbitro Felipe Fernandes. Segundo o treinador,  até mesmo jogadores do Atlético reconheceram o pênalti de Rabello sobre Bauermann.

“Fica o sentimento de poder mais''. Perdemos um pênalti e tivemos outro sonegado muito claro. O Brasil inteiro viu e vai falar.  O senhor Felipe deveria procurar outra coisa para fazer. Agora ele vai apitar Copa do Brasil e outros jogos, mas, em Minas Gerais, ele tem sido muito incompetente nos jogos. Hoje, não só eles, mas o VAR. Vocês erraram feio. É só chamar o árbitro para ver o lance. Há um empurrão do Igor com as duas mãos no Eduardo, muito inteiro para fazer o gol. Não quer dizer que a gente ia fazer o gol, porque perdemos um e o Everson é um grande goleiro. Mas o que tem que ser dado tem que ser dado”, comentou.

“Senti um constrangimento dos jogadores do Atlético. Dois ali me confessaram que foi pênalti, mas não vou falar os nomes. Fica o sentimento também de orgulho pelo time jogar de igual para igual e ter podido vencer os dois jogos. Ver o Atlético, com toda sua pujança e seu investimento valorizando posse, fazendo cera e segurando jogos nas duas partidas. Foram dois jogos bem parelhos e jogados na bola. Não temos o que falar do Atlético. A Federação Mineira tem que olhar bem essa questão da arbitragem, porque foi a segunda vez que prejudicam o América numa decisão com o Atlético e as inversões de mando que favoreceram o Atlético. Essa vantagem de dois resultados. Eles jogaram o campeonato citadino e nós, o estadual. O jogo contra o campeão citadino contra o campeão estadual, venceu o citadino, que é o campeão geral de Minas Gerais. E eu parabenizo o Atlético”, acrescentou. 

Por fim, Lisca declarou que espera que Felipe Fernandes, a quem chamou de ‘pipoqueiro’ , não apite mais jogos do América.  “Não tenho como dizer isso (árbitro fora de Minas Gerais). Não temos como jogar tudo no juiz. Não sei se faríamos o pênalti, pois já tínhamos errado um. O jogo estava no final e seria decisivo. Foi um erro capital, com o Brasil e várias pessoas olhando. A televisão que estava cobrindo o jogo deu o pênalti. Eu não vi durante o jogo e não podia falar, mas, quando cheguei ao vestiário, foi inacreditável. Chega a ser bisonho o que aconteceu aqui aos 47 minutos. Eu não vou falar mais sobre o senhor Felipe, mas ele não tem coragem, ele é pipoqueiro. Favorece o time de maior pujança e maior investimento. É um bom árbitro, apita bem até, mas não tem personalidade para dar o que tem que dar durante o jogo independentemente do lado. Ele olha muito o lado da camisa. Isso é muito ruim para a arbitragem, pois é um cara que apita muitos jogos como ele apita. Espero que ele reveja isso. Em Minas, os jogos do América ele não tem mais condições de apitar. Provavelmente, não vou estar aqui no Campeonato Mineiro do ano que vem, mas tenho certeza que ele não apita mais jogos do América. Ele não tem mais condições. 

Neste sábado, o Atlético empatou por 0 a 0 com o América - mesmo placar do jogo de ida da decisão, no Independência - e conquistou o bicampeonato do Estadual com a maior pontuação, melhor ataque, defesa menos vazada. O Coelho chegou a ter um pênalti marcado no início do segundo tempo, mas Rodolfo despediçou a cobrança. 

 

O Atlético tinha a vantagem de jogar por dois empates, já que fez melhor campanha na primeira fase da competição. O time liderou a etapa classificatória do campeonato, com 27 pontos - cinco a mais que o adversário da final.