Após a saída do técnico Cuca, em fevereiro, o Santos procurou Lisca, do América, para assumir o cargo. Segundo o treinador do Coelho, houve oferta financeira, mas não uma 'proposta oficial'. O maior interesse em contar com o gaúcho não foi demonstrado pela diretoria do clube paulista, mas sim pelas lideranças do elenco. “Seis jogadores me ligaram”, afirmou Lisca.
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“O Santos, em particular, houve uma consulta ao meu empresário, que é o mesmo do Marinho. Obviamente que o Santos está trabalhando também em relação à renovação do Marinho, e aproveitou para me fazer uma proposta financeira, que a gente considerou não satisfatória. Mas eu não conversei com ninguém do Santos em relação a trabalho, projeto, ao 'como seria', como o Santos via o meu trabalho, como que eu via o trabalho do Santos também. O Santos não ouviu minhas ideias. Bem ao contrário de como eu fui contratado em todos os clubes que eu já fui contratado. Inclusive, aqui no América, eu conversei com o Salum, vim aqui e conversei com o Paulo Bracks. Eles me colocaram sobre o clube e eu também coloquei sobre o meu trabalho. Acertamos tudo antes de assinar o contrato. Não foi o que aconteceu no Santos”, pontuou o treinador do América em entrevista exclusiva ao Superesportes.
Salto na carreira e valorização do América
Questionado pelo Superesportes sobre o desejo de saltar na carreira e ir para um clube 'top-top' - expressão utilizada pelo próprio treinador -, Lisca foi enfático e disse não se sentir angustiado ou ansioso para que isso aconteça. O treinador destacou a valorização salarial recebida na renovação de contrato com o América e detalhou sua postura em relação aos assédios do mercado.
“Não, nenhuma. Até porque o América me valorizou demais, e eu sou grato a isso. Agradecer ao Salum, ao Alencar, a todo Conselho de Gestão, porque, graças a Deus, cheguei num patamar bem legal de recompensa e de reconhecimento. Isso me deixa mais tranquilo e sem tanta necessidade de ir para um 'top-top', porque o 'top-top' financeiramente também te recompensa bem e é um dos objetivos nossos também. Não é só isso que o treinador busca, mas é um dos objetivos. A independência financeira, que o futebol te dá essa possibilidade no nível que nós estamos”, disse Lisca à reportagem.
“Eu recebi muitos convites no ano passado, mas todos eles atrelados à zona de rebaixamento, a buscar recuperação de vários clubes gigantes também do futebol brasileiro. Mas no ano passado, eu já coloquei várias vezes que não era meu interesse. Eu nunca fui no Salum dizer: 'Olha, recebi isso, melhora meu salário'. Nunca, nenhuma vez. O América não mexeu uma linha no meu salário ano passado. Com várias propostas, com mais do que o dobro do que eu receberia no América, mas eu sabia que teria a hora da renovação. Essa seria hora que eu realmente iria ver se o América iria me valorizar ou não. Eu não gosto muito de ficar mudando contrato no meio. O que é combinado é combinado, e eu acho que isso me deu muito ponto também com a diretoria do América. Em nenhum momento eu vim barganhar ou pedir aumento, ou me valorizar com outras propostas. Mas, na hora da renovação, eles realmente me valorizaram bem, e eu sou grato a isso”.
“Esse ano eu recebi três propostas - duas de Série A e uma de Série B. Mas optei por não sair do América. Financeiramente, como eu falei, o América tomou uma providência muito importante, porque para me tirar daqui tem que pelo menos igualar o meu salário e, hoje, o América me deixou numa condição bem boa”, revelou Lisca ao Superesportes.
“Tem uma cláusula rescisória também. O treinador é um pouquinho mais fácil que o jogador. Você paga a cláusula e você é liberado. O jogador tem que cumprir o contrato todo. O treinador, geralmente, é uma multa rescisória de dois meses, que é o meu caso aqui no América. A quebra de contrato faz parte do nosso trabalho, mas não é a minha intenção no momento e espero que não seja a do América por um bom tempo. Até porque hoje já sou o treinador mais longevo do futebol brasileiro com exceção do Renato (Gaúcho, do Grêmio). Um ano e dois meses de clube. Vamos ver se a gente consegue terminar essa temporada, e o América permanecer na Série A. Aí, quem sabe, eu dou esse salto aí. Quem sabe, também não, né? O América fecha o clube-empresa e consegue dobrar meu salário. Eu fico por aqui mais um ano e vocês vão ter que me aguentar (risos)”.
Lisca tem contrato com o América até o fim de 2021. Sob o comando do treinador, o Coelho somou 35 vitórias, 21 empates e perdeu apenas dez vezes em 66 jogos - 63,6% de aproveitamento. Foram 76 gols marcados e 44 sofridos. Com o gaúcho, o clube mineiro alcançou as semifinais da Copa do Brasil pela primeira vez e conquistou o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro.
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