Salum quer que América lucre com vendas e vê 'movimento em torno' de Ademir
Presidente diz que pretende manter percentual de qualquer jogador que for negociado com o futebol brasileiro e avisa: 'Quer comprar? Põe dinheiro na mesa'
Os jogadores do América se valorizaram bastante no mercado da bola após a histórica campanha na Copa do Brasil 2020, da qual o time foi semifinalista (eliminado pelo Palmeiras), e o acesso à elite do Campeonato Brasileiro na segunda posição da Série B, com 73 pontos. De saída da presidência do Conselho de Administração do clube em 28 de fevereiro, Marcus Salum recebeu inúmeras sondagens nos últimos meses, mas nenhuma proposta até o momento foi formalizada. Em entrevista ao Superesportes, ele garante que só venderá algum atleta mediante contrapartida benéfica ao Coelho, seja financeira ou de participação em uma negociação futura.
“O América não vai vender nenhum jogador sem ficar com percentual. A não ser que vá para a Arábia, esses lugares, porque lá não adianta ter percentual. Agora, em qualquer mercado intermediário (até brasileiro), nós vamos ficar com o direito do jogador. Porque os jogadores do América já deram lucro para muita gente; está na hora de dar pra nós”.
Assista à íntegra da entrevista de Marcus Salum ao Superesportes
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A transferência mais recente envolvendo valores significativos no América foi a do meia Matheusinho para o Beitar, de Israel, em setembro de 2020. Por cláusulas de confidencialidade, a diretoria não revelou as cifras da transação - especula-se que tenha sido em torno de R$6 milhões por 70% dos direitos econômicos, com o clube mineiro mantendo a posse de 30%.
O jogador que deu o maior retorno financeiro ao Coelho foi Richarlison, titular do Everton (Inglaterra) e da Seleção Brasileira. Em dezembro de 2015, a direção negociou 50% dos direitos do então garoto de 18 anos para o Fluminense, por 10 milhões de reais. Como permaneceu com 20%, o alviverde teve direito a R$9,2 milhões (de um total de R$46 milhões) da saída do atacante para o Watford, em julho de 2017.
Outras vendas importantes foram as do goleiro Matheus ao Braga, de Portugal, em julho de 2014, por 2,4 milhões de euros (R$7,2 milhões na cotação da época); e do meia Rodriguinho, em outubro de 2013, ao Corinthians, por R$4 milhões. Nessa última transferência, o América faturou mais R$1,125 milhão, pois manteve uma fatia dos direitos na ida do atleta para o Pyramids, do Egito, em julho de 2018.
Com base nessas operações, Salum quer que o América ganhe dinheiro com transferências. “Põe aqui 15, 20 milhões, 30 milhões. Aí, nós acabamos o CT, fazemos o que tem que fazer, investimos no futebol. É diferente. Ainda não chegou essa proposta. Se chegar, podemos vender sim. Não tem problema nenhum”.
Do atual elenco, o presidente acredita que o atacante Ademir, considerado o destaque da Série B - marcou oito gols e deu três assistências em 28 jogos -, pode ser o principal alvo de clubes da Série A em 2021. O contrato dele com o Coelho vai até dezembro de 2021.
“Nem sempre eu posso falar uma coisa que é uma verdade absoluta, porque proposta, quando ela chega, ela vira proposta. Até hoje, eu não recebi nenhuma proposta. Eu percebo um movimento em torno do Ademir, mas não recebi proposta ainda”.
De maneira bem-humorada, Salum recorreu à força de expressão para afirmar que as sondagens até o momento não interessam ao América. Segundo ele, o simples argumento de valorização em equipes com maior exposição na mídia não é válido.
“As propostas que chegam são ‘quatro galinhas, oito bolas, não sei o quê’. Quer comprar? Põe dinheiro na mesa, que aí nós vendemos. Tá certo? O América não precisa de favor de ninguém. ‘Ah, não, nós vamos valorizar o jogador, não sei o quê’: essa conversa, pra mim, não cola. Nós já valorizamos o jogador. Quer comprar? Paga e me deixa um pedaço que eu vendo. Essa é minha palavra para cada jogador. ‘Eu te dou mais três jogadores, te pago um salário’. Gente, eu não estou precisando disso não. Estou precisando de dinheiro”.