Em 38 jogos, 20 vitórias, 13 empates e apenas cinco derrotas. A excelente campanha do América na Série B foi prejudicada por erros de arbitragem e uma queda de rendimento na reta final. Solidez defensiva, disciplina e espírito coletivo foram alguns dos pontos-chave para que o Coelho voltasse à Primeira Divisão nacional. Veja, na sequência desta matéria, um raio X completo, com os principais números e destaques do vice-campeonato.
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A campanha do Coelho no returno credenciou o clube à disputa pelo título. Dono do melhor desempenho das 19 rodadas finais, o América venceu dez vezes, empatou oito e perdeu apenas uma - para o rival Cruzeiro, em clássico marcado por polêmicas de arbitragem.
Os comandados de Lisca também foram responsáveis pela melhor campanha entre os visitantes da competição. Jogando longe do Independência, o time mineiro teve 61,4% de aproveitamento, com nove vitórias, oito empates e apenas duas derrotas (35 pontos).
Apesar do crescimento na segunda metade do torneio, o América conquistou apenas sete pontos nas últimas cinco rodadas. Foram quatro empates e uma vitória. Os deslizes em sequência ocasionaram a perda da liderança e, consequentemente, da taça.
Lisca fez duras críticas ao rendimento do time após a conquista do acesso (diante do Náutico, pela 34ª rodada). O treinador americano chegou a afirmar que, com esse desempenho, o clube subiria para "passar vergonha na Série A, sem chegar a somar 30 pontos".
O suficiente para vencer
O América teve apenas o nono melhor ataque da Série B. Com 43 gols marcados em 38 jogos, a equipe mineira goleou somente uma vez - na 33ª rodada, quando superou o Vitória por 4 a 0.
Uma estatística ajuda a explicar o vice americano: o time de Lisca foi o que mais desperdiçou grandes chances de gol. Ao todo, foram 43 ocasiões perdidas, de 66 criadas (65,1%).
Em diversos momentos da campanha, Lisca cobrou um melhor desempenho ofensivo de seus comandados. Certamente, os trabalhos ao longo do torneio visaram também o aumento dessa produtividade. Fato é que o América foi eficiente para vencer e, mesmo sem 'dar show', fez o suficiente para subir.
Ademir foi o artilheiro alviverde: marcou oito gols. O atacante, que tem contrato com o Coelho até dezembro de 2021, despertou a atenção de clubes da Série A, especialmente por sua velocidade e sua capacidade de finalização. Ele foi o segundo jogador que mais criou grandes chances de gol na competição (11).
Rodolfo também teve temporada de destaque: marcou 17 gols em 52 jogos - sete deles na Série B. Apesar de apresentar características físicas de um '9 de referência', o atacante demonstrou mobilidade para se associar com os pontas e meias, foi decisivo 'fazendo o pivô' e letal com seu faro de gol.
Solidez defensiva
A solidez defensiva foi, sem dúvidas, um dos fatores determinantes para o acesso americano. A equipe de Lisca teve a segunda melhor defesa da Série B, com 23 gols sofridos - contra 21 da líder no quesito, Chapecoense.
Dos 38 jogos disputados, foram 17 sem sofrer gols. A formação base do setor, composta por Matheus Cavichioli, Daniel Borges, Messias, Anderson e João Paulo, demonstrou entrosamento e excelência na proteção da meta americana. Nomes como Diego Ferreira, Eduardo Bauermann e Sávio também foram frequentemente acionados.
O goleiro Matheus Cavichioli foi o segundo da Série B com menos gols concedidos por partida (média de 0,7). Dada a grande eficiência do sistema defensivo, o arqueiro foi "pouco exigido". Ele teve apenas a 16ª média de defesas por jogo (2,4).
O zagueiro Messias, de 26 anos, formado nas categorias de base do América, foi fundamental. Ele encerrou a Série B com a quarta maior média de cortes bem sucedidos por partida (4,0). De porte físico avantajado, excelente senso de posicionamento e velocidade para enfrentar situações de 'um contra um', o defensor foi o principal pilar do setor.
Seu companheiro de zaga na reta final, Anderson, 'aproveitou' a lesão de Eduardo Bauermann para se firmar como peça do time titular. Jogador seguro e de bom passe, ofereceu repertório às construções da equipe de Lisca.
Por sua vez, o lateral-direito Daniel Borges foi um dos líderes no quesito de desarmes por jogo. Com média de 2,3, ocupou a 9ª posição no ranking do torneio.
Mobilidade na faixa central
O meio-campo do América também teve papel fundamental para consolidar o estilo de jogo de Lisca. Zé Ricardo, peça de proteção à linha defensiva e organização na saída de bola, desempenhou ótimo papel como primeiro volante e recebeu sondagens de clubes da Série A, como o Palmeiras. Ele teve média de 4,7 disputas de bola vencidas por partida e 83% de precisão nos passes na Segunda Divisão.
Juninho foi o 'coração' do setor. Aos 33 anos, o experiente jogador ostenta o vigor físico de um garoto: contribuiu na pressão alta às defesas adversárias, foi ativo nas construções do América e apareceu como elemento surpresa no terço final para gerar oportunidades de gol.
Alê, mais 'cerebral' e habilidoso, viveu altos e baixos durante a competição, mas foi importante para as dinâmicas ofensivas do Coelho e liderou o ranking de assistências da equipe na competição.
Flávio e Geovane, substitutos de Zé Ricardo e Alê, respectivamente, foram acionados com frequência e demonstraram boas virtudes. Os jovens de 20 e 22 anos, nesta ordem, são peças promissoras do elenco do América.
Pressão alta
Nesta temporada, o América foi um dos times de maior sucesso na execução da famosa 'pressão alta', tão valorizada por profissionais do futebol nos dias atuais. Com comprometimento do sistema para a execução da estratégia, Lisca foi o mentor de um dos melhores trabalhos do país nesse aspecto.
Em grande parte dos duelos, foi possível observar a equipe mineira recuperando bolas em 'zonas altas' do campo, próximas à meta adversária. Numa dessas ocasiões, o Coelho marcou o único gol da vitória sobre o CSA no estádio Rei Pelé, em Maceió, pela 26ª rodada: Ademir 'subiu' para pressionar o goleiro Bruno Grassi na saída de bola e bloqueou a tentativa de 'chutão' do arqueiro. O 'desarme' acabou balançando as redes da equipe alagoana.
Essa estratégia também originou o tento americano no jogo de ida das semifinais da Copa do Brasil contra o Palmeiras, no Allianz Parque, em São Paulo.
Bolas longas
As ligações diretas entre defesa e ataque também foram outra característica marcante do América nesta campanha. O time mineiro foi o 6° da Série B com maior número de bolas longas corretas por jogo (média de 27,5).
As tentativas de conexões rápidas com o setor ofensivo foram estabelecidas, principalmente, pelos laterais. Através de lançamentos diagonais, eles buscavam os pontas do setor oposto (João Paulo ou Sávio procurando Ademir, e Daniel Borges ou Diego Ferreira em busca de Felipe Azevedo).
Disciplina para pontuar
O América foi o time mais disciplinado da Série B. Ao longo da competição, o clube mineiro recebeu apenas 64 cartões amarelos. Teve três expulsões (todas na comissão técnica).
Para efeito de comparação, o segundo clube mais disciplinado foi o Sampaio Corrêa (6° colocado), que recebeu 73 amarelos e quatro vermelhos.
O Confiança (15° colocado) teve a equipe mais indisciplinada. Ao todo, o clube sergipano somou 121 cartões amarelos e teve dez expulsos.
Artilheiros americanos
O América contou, especialmente, com os nomes de seu setor ofensivo para balançar as redes na Série B. Ademir, Felipe Azevedo e Rodolfo, integrantes do trio titular, foram os artilheiros da equipe. Ao todo, 15 jogadores marcaram na campanha. Veja a lista:
8 gols
Ademir (atacante)
7 gols
Rodolfo (atacante)
4 gols
Felipe Azevedo (atacante)
3 gols
Anderson (zagueiro)
Messias (zagueiro)
Juninho (volante)
Marcelo Toscano (meia-atacante)
Léo Passos (atacante)
2 gols
Neto Berola (atacante)
1 gol
João Paulo (lateral-esquerdo)
Eduardo Bauermann (zagueiro)
Geovane (meia)
Calyson (meia)
Felipe Augusto (atacante)
Matheusinho (atacante; atualmente no Beitar Jerusalém, de Israel)
'Garçons' da campanha
As assistências do Coelho também foram bem distribuídas. Em decorrência da mobilidade valorizada por Lisca, os atletas tiveram liberdade para 'pisar' no terço final e contribuir com a produção de gols.
4 assistências
Alê (meia)
Rodolfo
3 assistências
Ademir
Daniel Borges (lateral-direito)
Geovane
1 assistência
Sávio (lateral-esquerdo)
Zé Ricardo (volante)
Matheusinho
Felipe Azevedo
Juninho
Marcelo Toscano
Léo Passos
Felipe Augusto
Gustavinho (meia)
Rotatividade do elenco
Lisca utilizou 35 jogadores durante a competição. Assim como diversos outros clubes do Brasil, o América precisou lidar com lesões, que afastaram peças importantes ao longo da disputa - como o lateral-esquerdo João Paulo, o zagueiro Eduardo Bauermann, o volante Zé Ricardo e o atacante Felipe Azevedo.
Veja todos os jogadores que participaram da conquista americana:
Messias (zagueiro) - 36 jogos
Juninho (volante) e Alê (meia) - 33 jogos
Matheus Cavichioli (goleiro) e Léo Passos (atacante) - 32 jogos
Rodolfo (atacante) - 31 jogos
Marcelo Toscano (atacante) - 29 jogos
Ademir (atacante) - 28 jogos
Zé Ricardo (volante) - 27 jogos
João Paulo (lateral-esquerdo) e Anderson (zagueiro) - 25 jogos
Daniel Borges (lateral-direito) - 24 jogos
Felipe Azevedo (atacante) e Felipe Augusto (atacante) - 23 jogos
Sávio (lateral-esquerdo) - 22 jogos
Geovane (meia) - 20 jogos
Diego Ferreira (lateral-direito) e Neto Berola (atacante) - 18 jogos
Calyson (meia) e Vitão (atacante) - 15 jogos
Eduardo Bauermann (zagueiro) e Flávio (volante) - 14 jogos
Sabino (volante) e Guilherme (meia) - 7 jogos
Joseph (zagueiro) - 6 jogos
Airton (goleiro) e Lohan (atacante) - 5 jogos
Léo Gomes (volante) - 4 jogos
Lucas Luan (lateral-esquerdo) - 3 jogos
Thalys (lateral-direito) - 2 jogos
Jori (goleiro), Arthur (zagueiro), Gustavinho (meia), Carlos Alberto (atacante) e Kawê (atacante) - 1 jogo
* Conteúdo produzido com estatísticas do site SofaScore