Os torcedores do América se recordam com muito carinho da primeira passagem de Marcelo Toscano pelo clube, em 2015. Naquele ano, ele formou grande dupla com Richarlison e ajudou o time a subir à primeira divisão na quarta posição da Série B, com 65 pontos. Em 35 partidas na competição, o meia-atacante marcou 14 gols e deu seis assistências. Versátil, atuou tanto centralizado quanto aberto pelo lado esquerdo. E empolgou os americanos com belos gols em chutes potentes de média e longa distância.
Graças ao bom futebol, Toscano teve a oportunidade de se transferir para o Jeju United, da Coreia do Sul, onde garantiu a independência financeira com contrato de dois anos. No país asiático, deu sequência ao bom futebol, com 20 gols em 58 partidas. Em julho de 2017, rumou ao Omiya Ardija, do Japão, no qual permaneceu até o fim de 2018, mas sem o mesmo brilho. Em 2019, aceitou o convite para retornar ao Coelho, porém não repetiu o sucesso de 2015 e acabou emprestado ao Mirassol, de São Paulo, no primeiro semestre de 2020.
Lisca nunca havia trabalhado diretamente com Marcelo, mas o conhecia por ter enfrentado em várias ocasiões na segunda divisão. Desta forma, ele acredita que o jogador pode ser útil no América, mesmo se não emplacar o desempenho do ano mágico de 2015. Em entrevista ao Superesportes, o treinador analisou o papel do atleta no grupo, enalteceu o comprometimento dele nos treinamentos e o considerou uma referência aos mais jovens.
“São momentos diferentes do Marcelo. Em 2015, ele era um extremo esquerdo, que trazia para dentro, ou um meia que chegava por trás do atacante. Ele fez essas duas funções e fez um grande campeonato, chamando a atenção (de clubes) e saindo para fora. Anteriormente, no Paraná ele tinha feito um grande trabalho, sendo eleito para a seleção da década, até mostrei para ele isso”, disse o comandante.
“Tenho gostado muito de trabalhar com ele. A gente não se conhecia, mas ele estava em um clube com vários jogadores que trabalharam comigo, colheu informações do meu trabalho e veio muito motivado. Ele está com 35 anos e é um cara que tem muito respeito no grupo, tem uma história bonita no futebol e no América também. É uma referência para os meninos que estão surgindo e a postura dele tem sido profissional, de dedicação e entrega”, acrescentou.
Vinculado ao América até dezembro - o contrato pode ser prorrogado em função da pandemia do novo coronavírus -, Marcelo Toscano tentará, na opinião de Lisca, mostrar que tem condições de permanecer no clube ou, em outro cenário, conseguir uma boa proposta em 2021.
“Ele treina 100% o tempo todo. É o último ano de contrato dele no América, é um momento importante para ele profissionalmente até para uma sequência aqui ou uma saída com boas perspectivas de trabalhos em bons clubes. Ele sabe disso”.
Toscano (10) marcou 14 gols em 35 partidas na Série B de 2015, enquanto Richarlison (9) balançou a rede nove vezes em 24 jogos - Foto: Carlos Cruz/América
Além de destacar a boa capacidade de finalização de Toscano, Lisca comentou que deverá aproveitá-lo em uma posição de construção de jogadas. A liberação de cinco substituições nas partidas da Série B do Campeonato Brasileiro poderá possibilitar mais oportunidades ao veterano de 35 anos.
“É um cara muito qualificado tecnicamente, muito assertivo nas conclusões, é um cara que tem um poder de definição muito grande. Ele tem feito funções um pouco mais de construção, um pouco mais de pensar o jogo do que até de definir o jogo. Eu trabalho ele em duas funções: uma um pouco mais com liberdade, outra um pouco mais preso. Ele tem me dado boas respostas e vai ser um cara muito importante para a gente”.
Exemplo para jovens
Ao classificar Marcelo Toscano como exemplo para os garotos promovidos da base, Lisca lembrou que partiu dele a assistência para Richarlison fazer o primeiro gol pelo América, na vitória por 3 a 1 sobre o Mogi Mirim, em 4 de julho de 2015, pela 10ª rodada da Série B. Cinco anos depois, a revelação do Coelho se destaca na acirrada Premier League, na Inglaterra, com a camisa do Everton, pelo qual contabiliza 27 gols em 74 partidas e tem valor de mercado de 52 milhões de euros - mais de R$ 300 milhões.
“Ele é um cara que é carro-chefe do clube e os meninos se espelham muito nele. Ele é muito inteligente para deixar os jogadores em condições de fazer gol, inclusive eu vi que o primeiro gol do Richarlison no América teve o passe dele. O Carlos e os meninos estão sempre conversando com ele e ele vai fazer esse papel importante também no desenvolvimento dos jogadores, então é um atleta que eu estou muito feliz com a postura que ele apresentou nesse primeiro trabalho com ele”.
Em 15 anos de carreira, Marcelo Toscano fez 137 gols por Paraná (26), Jeju United da Coreia do Sul (20), Vitória de Guimarães-POR (18), São Vicente-SP (17), América (16), Mirassol (13), Figueirense (8), União São João (8), Paulista (4), Comercial-SP (3), Cuiabá (3) e Omiya Ardija-JAP (1).
A entrevista
Lisca, técnico do América, concedeu entrevista exclusiva ao Superesportes e ao Estado de Minas. Na conversa, ele falou sobre o trabalho à frente do Coelho em 2020, a disputa da Série B, a reta final do Campeonato Mineiro, sua carreira e o futebol brasileiro. As reportagens serão publicadas ao longo dos próximos dias no portal e nas páginas impressas do EM.
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