Um grande exemplo de parceria bem sucedida é a do Bragantino e a empresa Red Bull. Depois que a fornecedora austríaca investiu altas cifras no clube do interior paulista, o Leão criou um projeto que visa competir com os grandes times do Brasil em um curto prazo. Como a equipe ainda estava na Série B este ano, a disparidade entre os concorrentes foi grande: sagrou-se campeão, com 75 pontos, sete de vantagem em relação ao vice, Sport.
A proposta chinesa teria um aporte de R$ 200 milhões e o América seria transformado em um clube-empresa, com os chineses assumindo a gestão do clube. Se em maio Salum revelou um certo adiantamento nas negociações, no fim de 2019 o tom foi outro. Como o acordo não foi sacramentado, o presidente considera que buscar novos recursos para a próxima temporada é o maior desafio para a cúpula alviverde.
“Eu considero que o esforço dessa diretoria, o esforço técnico do América, ele bate no limite quando ele sobe e faz um bom campeonato na Série A. Se eu não partir como presidente do América a buscar um projeto semelhante a esse, que nós tivemos perto de fechar e parece que não vai fechar, aquele específico dos chineses, porque teve um recuo deles e não teve uma decisão, o América não vai mudar de patamar. Então, essa busca é a busca para 2020”, afirmou ao Superesportes.
Para Salum, o Brasil está caminhando para abrir o mercado de investidores no futebol. Segundo o dirigente, o América precisa de um parceiro que o ajude a montar um projeto de longevidade na elite do futebol nacional.
“O futebol no Brasil é caro, competitivo, com visibilidade e com clubes passando dificuldades financeiras muito grandes. E eu to falando de 16 clubes para cima, da Série A, com dificuldade. Eu tiraria três ou quatro (sem dificuldades). Então, se você abre o mercado e tem investidor, você muda o patamar, cada um no espaço dele. Em um time grande de Série A, vem um investidor e ele vai tentar disputar o título. No meu caso, eu mudo de patamar, eu passo a ser time de Série A se eu tiver um investimento maior. Por enquanto eu sou um clube A-B, aquilo ali no meio, e eu estou buscando uma parceria internacional, uma parceria de investidor e isso continua nessa luta, porque eu acho que esse é o objetivo do América, é mudar de patamar. E com todo o esforço que a diretoria possa fazer, nós não vamos conseguir com as nossas receitas”, explicou o presidente.
Cotas de TV
Nos últimos anos, o América sofreu com oscilações entre as Séries A e B, o que tem impacto direto no orçamento anual do clube. A variação nos valores das cotas de TV pagas aos times da segunda divisão são significativamente inferiores aos da elite nacional. Para Marcus Salum, o atual contrato da televisão precisa ser renegociado.
“O contrato com a televisão, hoje, é perto de R$ 200 milhões na Série B. Infelizmente, nós temos muitos problemas neste contrato. A CBF tem uma participação, que não deveria ter. A logística desconta dos clubes, no geral, cerca de R$ 34 milhões, que é um absurdo. Além da logística, justiça seja feita, paga-se a arbitragem, antidoping, hospedagem, receptivos. Então, esse pacote está com uma gordura que nós não concordamos, e acaba sobrando para o clube seis milhões e pouco em dinheiro, fora toda essa parte. Esse contrato acaba em 2022, e nós já estamos em 2020. É hora de renegociar esse contrato e de discutir isso de uma forma melhor”, explicou Salum.
Segundo o dirigente, o valor que “sobra” aos clubes após descontar todas as despesas não é suficiente para administrar os cofres ao longo de uma temporada. Para Salum, o montante deveria ser, no mínimo, duas vezes maior.
“Não é possível, descontando logística e tudo, que o dinheiro da Série B seja inferior a R$ 12 ou 15 milhões para os clubes, não é possível. Esse valor tem que ser reajustado, mas tudo depende do mercado. Quando nós renovamos o contrato em 2015, o mercado estava baixíssimo, uma crise muito grande e, naquela altura, foi um valor muito interessante, inclusive para adiantamento dos clubes”, garantiu.
Marcus Salum ainda disse estudar a possibilidade de firmar uma parceria com outros dirigentes de clubes da segunda divisão para alavancar recursos para o campeonato. “A gente pretende organizar a Série B para fazermos um trabalho em conjunto em busca de patrocínio, venda de direitos e naming-rights”.