Não era um grupo grande. No início, cerca de 20 pessoas, mas com o passar do tempo, foi aumentando. Não eram nem 8h, quando começaram a chegar os primeiros manifestantes. E entre estes torcedores, que madrugaram estava Zuleine Epiphania Garcia Leão, a “Dona Zuzu”, torcedora símbolo, que completa, neste sábado, 84 anos.
“Tenho 84 anos, 61 deles dedicados ao América, e agora esses jogadores me fazem isso, sentir vergonha. Mais da metade da minha vida foi dedicada ao América.
E foi ela quem fez a faixa de protesto afixada na parade de entrada do CT: “Protesto, time sem alma.” “Rumo à Série C.” “Eu quero raça, raça, raça.” Assinado, Zuzu.
O América é um clube tradicionalmente considerado de família, e os torcedores deram mostras disso. O gerente de RH Hércules Fernandes, de 46 anos, estava acompanhado dos dois filhos, Vinicius Henrique, de 12 anos, e Arthur Bernardo, de 13. Havia também muitas mulheres. Junto com Dona Zuzu chegaram Andréa Vieira, de 35 anos, professora de educação física, e Alícia Gomes, de 43, professora de idiomas, que nasceu na Guatemala e mora há 10 anos no Brasil. “Sou apaixonada pelo América e não suporto ver essa situação, humilhante.”
Alguns jogadores foram muito cobrados, casos de Neto Berola, João Paulo, o goleiro Thiago, e até mesmo o zagueiro Lima, que não joga há um ano, recuperando-se de uma contusão. Poupados, apenas Zé Ricardo e o goleiro Fernando Leal, que está contundido.
Para os jogadores, a cobrança é considerada normal, como explica o lateral-direito Leandro Silva. “Já vivi isso antes, em outros clubes. A torcida tem razão nesse momento. Temos é de tirar lições do que está acontecendo. E nós mesmos nos cobrarmos. Não nos agrada a situação.