América tira jovens da base do Lanna Drumond e promete regularizar CT em 15 dias

O América decidiu hospedar em um hotel de Belo Horizonte os 48 jogadores de suas categorias de base que viviam nos alojamentos do Centro de Treinamento Lanna Drumond, na Pampulha. A medida se deveu a irregularidades no local. Em 13 de fevereiro, o clube foi notificado pela prefeitura de Contagem por falta dos alvarás de licença de localização e funcionamento. Foram dados 15 dias de prazo para regularização. No mesmo dia, o Corpo de Bombeiros constatou ausência de registro do projeto técnico do local.

A informação sobre a transferência dos jovens para um hotel foi dada nesta sexta-feira por Anderson Racilan, membro do conselho de administração do América. Ele recebeu a imprensa nos alojamentos do CT Lanna Drumond e explicou as providências que serão tomadas pelo clube para a legalização do espaço.

Todos os clubes do país passaram a ser alvo de vistorias em seus centros de treinamentos após a tragédia ocorrida no Ninho do Urubu, do Flamengo, há exatamente uma semana. Um incêndio em contêineres que abrigavam atletas deixou dez mortos e três feridos. 

Na Grande Belo Horizonte, foram encontradas irregularidades no CT do América e nas Tocas da Raposa I e II, centros de treinamento da base e dos profissionais do Cruzeiro, respectivamente.

“A gente, de fato, não esperava um acidente (relacionado ao Flamengo). Foi um acidente lamentável. A gente já vinha tomando algumas precauções e prevenções no nosso CT. Mas, depois do acontecido, outras medidas foram tomadas. Em poucos dias, toda situação de CT será regularizada, no máximo dez, 15 dias. A partir de sexta-feira (dia 8/2), nós desmobilizamos o CT e tiramos todos os atletas, que estão alojados em um hotel três estrelas. Eles vêm e vão ao clube de ônibus, também levaremos para a escola. Isso é uma questão geral de segurança, para que a gente apresente um projeto ao Corpo de Bombeiros para que levemos a eles aquilo que temos como certeza e com a segurança que nosso CT tem”, disse Anderson Racilan durante visita aos alojamentos com os jornalistas.

O alojamento do Lanna Drumond tem capacidade para abrigar cerca de 60 jogadores, segundo o clube. O número não é exato porque alguns se hospedavam no local temporariamente, enquanto faziam testes. Há uma estrutura de alvenaria, chamada Casa do Atleta, com dez quartos, cada um deles com capacidade para seis jovens. Durante a visita, a casa cheirava à tinta. No chão, havia resquícios de pintura fresca. O clube fez ajustes estruturais para instalação das diretrizes apontadas no projeto de prevenção de incêndio. Além disso, houve instalação de placas de fuga e a perfuração de paredes. Os retoques foram feitos para dar acabamento nessas mudanças.

No mesmo terreno da casa, há também quatro contêineres habitáveis. A capacidade deles não foi informada. Segundo a direção do América, essa estrutura temporária foi usada para receber jovens em testes até o fim de 2018, ano em que o clube integrou as categorias Sub-14, 15, 17 e 20 no CT Lanna Drumond. Este ano, o espaço foi desativado e passou a ser usado como depósito, não mais como dormitórios.

“Temos quatro contêineres aqui, mas não são mais utilizados pelos atletas desde o fim do ano passado para a base. Hoje, eles são utilizados como almoxarifado, para guardar material de limpeza e de capina. Quando utilizado, ele era destinado para suprimir alguma falta de alojamento para meninos que vinham fazer teste. Era eventual, eles ficavam três, dois dias, unicamente para testes. Os jogadores da nossa base são alojados na Casa do Atleta”, explicou o dirigente. Os contêineres tinham fiação elétrica exposta e janelas com grade.

O América já havia sido notificado pelo descumprimento das normas em 2015. Em 2017, o clube fez uma consulta prévia ao município acerca do alvará de licença de localização e funcionamento do centro esportivo, mas não deu prosseguimento ao processo.

Na última terça-feira, uma equipe de fiscalização da prefeitura esteve no Lanna Drumond, mas não pôde acessar o local. A não autorização para a entrada do corpo fiscal se configura como irregularidade passível de multa. Anderson Racilan explicou que o clube ainda não foi multado e admitiu os erros negligenciais.

 

“Não temos multa, não há nada irregular aqui no CT cabível de multa. O CT está em perfeitas condições, mas, obviamente, a gente precisa regularizar aquilo que falta. Acredito que não teremos multa. Tem coisa que não temos que ficar justificando, quando você está errado, temos que dar a mão à palmatória e falar que, realmente, não cumprimos. Mas, agora, o América vai cumprir, com certeza, e teremos outro encontro para apresentar a vocês o laudo dos Bombeiros, o alvará, e a gente da diretoria agora não abre mão de regularizar toda situação. Infelizmente, na terça, no momento que a fiscalização esteve no CT, não tinha ninguém responsável para recebê-los, e o porteiro, infelizmente, por infelicidade, não os recebeu. Mas tudo isso já está superado, estivemos na Prefeitura falando com os responsáveis. É inadmissível não permitir que uma autoridade entre, o porteiro cometeu o equívoco, mas o CT está de portas abertas para qualquer entidade que quiser fiscalizar”, explicitou Anderson Racilan.

“Sobre o alvará de localização, que também está em tratativa com a Prefeitura, na próxima semana a gente deve resolver isso. Sobre o laudo (técnico), estamos fazendo um projeto. Contratamos uma empresa, e ela deve nos dar o projeto para apresentarmos em dez, 15 dias aos Bombeiros”, acrescentou o dirigente.

 

Uma nova visita dos fiscais da Prefeitura e do Corpo de Bombeiros será marcada. “Ainda não tivemos exigência nem da Prefeitura e nem dos Bombeiros. Vamos receber a visita, nos próximos dias, tanto dos fiscais da Prefeitura quanto do Corpo de Bombeiros, para que eles façam uma vistoria no CT e nos passem o que precisa, e se precisa (de alteração)”, finalizou Racilan.