O presidente do América, Marcus Salum, revelou que tentou a contratação de Levir Culpi para assumir o Coelho durante a disputa da Série A em 2018. O contato foi feito quando o treinador estava desempregado.
Levir, atual treinador do Atlético, chegou a ser sondado pelo dirigente americano, mas uma incompatibilidade de prazos impediu que Culpi assumisse o América. Foi o que afirmou Salum em entrevista ao programa Bastidores, da Rádio Itatiaia, na última terça-feira.
“Verdade. Eu mesmo conversei com o Levir. Ele tinha acabado de sair. Eu falei: ‘Levir, eu te daria até uma semana’. Ele disse: ‘Salum, eu preciso de um mês, porque estou desmontando casa e gostaria trabalhar com você’. Conversei com ele pessoalmente, é uma pessoa que tenho carinho especial”, disse o presidente do Coelho.
Questionado sobre a possibilidade de aguardar o prazo solicitado por Levir Culpi, o presidente americano disse que a situação do Coelho exigia uma atitude rápida.
“Naquele momento era difícil esperar. Era muito difícil. Ainda teria que ter um acerto financeiro, teria muito caminho para seguir. Se eu tivesse certeza que ele viria, eu teria esperado”, afirmou Salum.
Levir Culpi assumiu o Galo em outubro de 2018, após a demissão de Thiago Larghi.
Prejuízos com troca de técnico
Prejuízos com troca de técnico
O América teve quatro treinadores no ano de 2018. Após o pedido de demissão de Enderson Moreira, o Coelho foi comandado por Ricardo Drubscky, Adilson Batista e Givanildo Oliveira.
Apesar de Salum já ter afirmado em entrevista ao Superesportes que pedidos de demissão de treinadores já se tornaram situações normais no futebol, o dirigente americano afirmou que não aceitou bem as circunstâncias da saída de Enderson do clube.
Isso porque o projeto de futebol do América foi fundamentado na permanência do treinador por um período de dois anos. Enderson, inclusive, ajudou na formulação do planejamento, juntamente com a diretoria.
Isso porque o projeto de futebol do América foi fundamentado na permanência do treinador por um período de dois anos. Enderson, inclusive, ajudou na formulação do planejamento, juntamente com a diretoria.
“Eu tenho dificuldade em absorver a saída do Enderson porque eu lastreei todo nosso projeto em cima desse planejamento de dois anos. O Enderson foi o maior salário de treinador do América dos últimos tempos. E olha que eu estou lá há muito tempo. O Enderson não ganhava pouco dinheiro no América. Ganhava muito bem. A renovação com o Enderson foi em cima de todos esses pilares que nós tínhamos.”
Salum narrou minuciosamente a forma como tudo ocorreu, desde o início do planejamento, com a participação de Enderson, até a comunicação feita pelo treinador, de que estava deixando o América e se transferindo para o Bahia.
“Nós acabamos o jogo com a Chapecoense, num dia à tarde, por causa daquele problema da Copa do Mundo. Aí eu marquei uma reunião na quinta-feira na sede do América com a presença de toda comissão técnica. Devia ter umas 15 pessoas na mesa onde nós discutimos os rumos daqueles 12 primeiros jogos, onde a gente queria chegar e onde eram os nossos problemas de plantel. Identificamos três ou quatro contratações, algumas trocas, definimos os nomes, custo e saímos da sede do América às 19h, 19h30, quando o Enderson me falou que estava indo para a Argentina. Iria passar alguns dias e voltaria para ajudar a concluir as negociações. Diga-se de passagem, o Enderson trabalha muito bem e trabalha muito, estava sempre disponível, ia à sede encontrar comigo. No sábado de manha, recebi um telefonema do Enderson, ad Argentina. Uma conversa muito esquisita, onde ele começou a me elogiar como presidente, que nunca tinha trabalhado com um presidente assim... Falei: ‘Enderson, que conversa é essa? Não estou entendendo.’ Ele disse: ‘Estou ligando para te comunicar que eu aceitei a proposta do Bahia. Falei: ‘Enderson, esse telefonema é para a gente conversar ou você está me comunicando e sua decisão está tomada?’ ‘Não, a decisão está tomada, não tem mais conversa.’ Quando você recebe um telefonema desse dois dias depois, onde você lastreou tudo e já estava discutindo as contratações, realmente ali eu perdi meu norte. Vou ser sincero. E olha que eu já estou no futebol há muito tempo.”
Num futebol onde técnicos duram poucos meses em seus cargos, Enderson se destacou pela longevidade no comando do Coelho. O técnico chegou ao Lanna Drumond em julho de 2016 e permaneceu no comando do América por quase dois anos.
Foram 111 partidas, com 43 vitórias, 32 empates e 36 derrotas – aproveitamento de 48,34% dos pontos.
Enderson Moreira foi o quinto treinador que mais comandou o clube na história. Ele fica atrás apenas de Yustrich, Givanildo Oliveira, Jair Bala e Flávio Lopes.