O árbitro Igor Junio Benevenuto, integrante do quadro da Federação Mineira de Futebol (FMF) e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), afirmou nesta segunda-feira que não apitará mais jogos do América e entrará com uma ação na Justiça contra o presidente do clube, Marcus Salum, e o integrante do conselho de administração, Anderson Racilan, pelas declarações dadas à Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, em que insinuam haver favorecimento ao Atlético por parte de profissionais da arbitragem de Minas.
Nos clássicos entre América e Atlético, válidos pela fase de classificação e pela ida da semifinal, Igor Junio Benevenuto foi escalado pela FMF e deixou o campo hostilizado por dirigentes americanos. A maioria das polêmicas envolveu seus assistentes.
No duelo da fase de classificação, disputado em fevereiro, o América contesta a validação de um gol do Atlético por parte de Igor e do auxiliar Guilherme Dias Camilo, em que a bola não teria cruzado a linha de meta. No mesmo jogo, os dois profissionais de arbitragem não assinalaram gol do América em lance parecido, em cabeceio de Marquinhos.
Um sistema da TV Globo, posteriormente contestado pela FMF, chegou a constatar o gol após a América após a cabeçada de Marquinhos e a ilegalidade do gol do Atlético, que não teria cruzado a linha de meta totalmente graças a uma defesa do goleiro Glauco.
Por conta dos lances, o América chegou a pedir árbitro de outro estado contra o Atlético na semifinal do Mineiro. No primeiro duelo, Igor Junior Benevenuto entrou no sorteio com um juiz de outra federação e acabou escolhido. Novamente, ele teve atuação contestada pela direção americana. O lance polêmico da vez foi um gol de Aylon, anulado pelo auxiliar Ricardo Junio de Souza, que alegou impedimento. Imagens de TV confirmaram que o atacante estava em condição legal. Àquela altura, o clássico estava empatado em 0 a 0. O Atlético acabou vencendo a partida por 1 a 0, o que acirrou ainda mais os ânimos.
Na segunda partida da semifinal, a FMF decidiu escalar árbitro de fora. O escolhido foi o catarinense Bráulio da Silva Machado. Sem polêmicas, o Atlético venceu por 2 a 0 e foi à final.
Igor Junio Benevenuto admitiu que houve polêmicas em suas atuações, mas contesta as insinuações dos dirigentes do América de favorecimento ao Atlético.
O presidente Marcus Salum chegou a dar as seguintes declarações à Itatiaia: “Igor é um árbitro em formação, com potencial, mas infelizmente a camisa está pesando. Se enquanto eu for juiz a camisa estiver pesando, eu não vou longe e isso está acontecendo com ele. (...) Ele foi regular, errou no primeiro e errou no segundo. Sempre a favor do mesmo time. (...) O que esse árbitro fez e esses bandeiras fizeram, ele foi apitar o jogo com um papelzinho na mão para saber quem tinha dois cartões do Atlético. (...) O gol anulado do Aylon é um desrepeito, ele olhou a camisa e anulou o gol. (...) Tomaram nossa vantagem no apito, gente do céu, onde vai parar o futebol. (...) Nós vamos jogar contra um time com 12 jogadores e um deles não é torcedor, eu não sei quem é, eles jogaram com 12 nos dois jogos contra a gente”.
Já Anderson Racilan, integrante do conselho de administração do América, postou imagens em sua rede social de um escudo do Atlético com a sigla FMF, da Federação Mineira de Futebol. Depois do primeiro jogo da semifinal, ele também se dirigiu ao trio de arbitragem na saída do campo com os dizeres “Vocês ganharam”. Em entrevista, instantes depois, ele afirmou: ‘É um absurdo a roubalheira que está acontecendo”.
Em entrevista à Itatiaia, Igor Junio Benevenuto disse que sua advogada entrará com uma interpelação judicial contra os dois dirigentes para esclarecer as declarações que insinuam benefício da arbitragem ao Atlético. “A partir do momento que essas críticas passam para o lado pessoal, com lado de suspeita de alguma interferência da arbitragem ou de algum árbitro, a gente precisa ter responsabilidade no que a gente fala. Eu entro de campo para fazer o meu melhor. Teve erros? Teve. E as falas desses dois dirigentes do América, tanto do Marcus Salum quanto do Anderson Racilan, eles falam que é o velho futebol mineiro, que a gente entra ali pesando a camisa, da equipe do Atlético tá pesando, que a gente entra com papelzinho na mão para olhar quem tem cartão, quem não tem cartão. Então, tem que esclarecer isso de uma forma mais clara para o público, para os torcedores, para a imprensa, para todo mundo em geral que vive o mundo do futebol. Quando uma pessoa entra falando que está uma roubalheira na arbitragem, então a pessoa tem que provar isso”.
”Então eles têm que provar nessas equipes que tem esse problema. Entrei em contato com a minha advogada, vou entrar com uma interpelação judicial contra o seu Marcus Salum, seu Anderson Racilan, para que eles possam explicar essas falas deles aí. Eles têm que provar. Se existe esse tipo de pessoa, deem nome aos bois, como foi dito. Se existe gente safada, pilantra, ladrão, isso eu que estou falando, no meio da arbitragem, tem que tirar essas pessoas do meio. Porque eu sou pessoa ética, eu tenho moral, eu tenho caráter, eu vivi minha vida toda assim. Minha mãe me ensinou, meu pai, minha avó, meu avô. E não vou deixar manchar meu nome por causa de suspeitas de A ou de B, ou se existiu isso no passado”, acrescentou Benevenuto (leia íntegra abaixo).
Por conta da ação na Justiça, Igor Junio Benevenuto adiantou que não apitará mais jogos do América. “A partir do momento que eu estou com uma ação judicial contra dirigentes de uma equipe, a partir desse momento eu estou me vetando a apitar jogos do América”.
Rafael Lima
Na entrevista à Rádio Itatiaia, Benevenuto ainda rebateu as declarações do zagueiro Rafael Lima, dadas à mesma emissora, de que ele seria um árbitro ruim tecnicamente. “Olha, em relação a esse cidadão, o que ele fala ou deixa de falar, não vai interferir na minha vida, não vai fazer diferença nenhuma, é uma forma de ele se expressar, do que ele acha, do que ele não acha, isso é um direito dele. Ele tem todo direito de achar isso. Eu também tenho direito, né? Da mesma forma, faço as palavras dele as minhas, o que penso sobre ele. Acho que ele é um zagueiro, um jogador horrível, ruim, um jogador péssimo”, disse o árbitro.
ÍNTEGRA DA ENTREVISTA DE IGOR JUNIO BENEVENUTO À RÁDIO ITATIAIA:
ÍNTEGRA DA ENTREVISTA DE IGOR JUNIO BENEVENUTO À RÁDIO ITATIAIA:
Igor Junio Benevenuto
Eu recebi com muita tristeza, indignação, não porque me criticaram em relação á parte técnica, essas coisas, porque estou no meio da arbitragem tem 20 anos, não começou ontem. E criticas fazem parte do processo, a gente tem críticas construtivas, negativas, e a gente sabe absorver isso muito bem para que a gente possa evoluir e melhorar sempre na carreira da gente. Mas a partir do momento que essas críticas passam para o lado pessoal, com lado de suspeita de alguma interferência da arbitragem ou de algum árbitro, a gente precisa ter responsabilidade no que a gente fala. Eu entro de campo para fazer o meu melhor. Teve erros? Teve. E as falas desses dois dirigentes do América, tanto do Marcus Salum quanto do Anderson Racilan, eles falam que é o velho futebol mineiro, que a gente entra ali pesando a camisa, da equipe do Atlético tá pesando, que a gente entra com papelzinho na mão para olhar quem tem cartão, quem não tem cartão. Então, tem que esclarecer isso de uma forma mais clara para o público, para os torcedores, para a imprensa, para todo mundo em geral que vive o mundo do futebol. Quando uma pessoa entra falando que está uma roubalheira na arbitragem, então a pessoa tem que provar isso. E quem estava envolvida nesses dois jogos era a minha equipe. Então eles têm que provar nessas equipes que tem esse problema. Entrei em contato com a minha advogada, vou entrar com uma interpelação judicial contra o seu Marcus Salum, seu Anderson Racilan, para que eles possam explicar essas falas deles aí. Eles têm que provar. Se existe esse tipo de pessoa, dêem nome aos bois, como foi dito. Se existe gente safada, pilantra, ladrão, isso eu que estou falando, no meio da arbitragem, tem que tirar essas pessoas do meio. Porque eu sou pessoa ética, eu tenho moral, eu tenho caráter, eu vivi minha vida toda assim. Minha mãe me ensinou, meu pai, minha avó, meu avô. E não vou deixar manchar meu nome por causa de suspeitas de A ou de B, ou se existiu isso no passado.
Repórter Fabrício Calazans - Chamou muita atenção a fala do capitão do América, o zagueiro Rafael Lima, após o primeiro jogo da semifinal. Ele diz que você erra não porque quer, mas porque é ruim mesmo, é fraco. Como você recebeu essas palavras?
Igor Junio Benevenuto - Olha, em relação a esse cidadão, o que ele fala ou deixa de falar, não vai interferir na minha vida, não vai fazer diferença nenhuma, é uma de ele se expressar, do que ele acha, do que ele não acha, isso é um direito dele, ele tem todo direito de achar isso. Eu também tenho direito né? Da mesma forma, faço as palavras dele as minhas, o que penso sobre ele. Acho que ele é um zagueiro, um jogador horrível, ruim, um jogador péssimo.
Repórter Fabrício Calazans - Estas situações envolvendo particularmente o América vão interferir no futuro seu apitando jogos do América, você vai tomar uma postura, um cuidado maior nos jogos do América, pedir para não apitar, ou o que passou, passou, e bola pra frente?
Igor Junio Benevenuto - A partir do momento que eu estou com uma ação judicial contra dirigentes de uma equipe, a partir desse momento eu estou me vetando a apitar jogos do América.