AMÉRICA
'Do inferno ao céu': antes contestado, Willians comemora temporada em alta pelo América
Jogador concedeu entrevista exclusiva ao Superesportes e ressaltou desejo de ficar
postado em 05/12/2014 18:45 / atualizado em 05/12/2014 18:47
Depois do jogo contra o Sampaio Corrêa, no encerramento da Série B – vitória do América, por 4 a 0 –, Willians disse que esperava ligação do Salum para renovar o contrato. A situação ainda não aconteceu, mas os torcedores alviverdes podem receber boas notícias: “Pelo que fiquei sabendo, o Flávio conversou com meu empresário. Espero que dê certo, que aconteça o melhor e que eu continue no América. Mas vamos conversar ainda e deixar nas mãos de Deus”, disse o atleta, em entrevista exclusiva ao Superesportes. Há a informação de que clubes da Coreia do Sul e do Japão querem contratá-lo.
Desde 2013, Willians disputou 85 partidas pelo América. Marcou 14 gols, todos em Séries B do Campeonato Brasileiro, e contribuiu com 16 assistências. Os números são bons para um meia. Porém, o atleta demorou muito para cair nas graças da torcida, que o considerava atacante e jogava a responsabilidade de gols. Foi do inferno ao céu. No fim das contas, ficou a boa impressão pelo bom desempenho na Segunda Divisão. "A torcida no começo estava desconfiada, mas acabou avaliando de outra forma depois dos jogos e que vocês da imprensa explicaram melhor a minha função em campo. Graças a Deus ficou a última impressão para o torcedor".
Leia a entrevista completa com Willians
Como você avalia sua participação pelo América em 2014?
Fico feliz. Foi um ano muito positivo, muito bom. Havia a desconfiança em relação ao ano passado, principalmente por conta daqueles jogos em que tive a infelicidade de ser expulso. São coisas que normalmente não aconteceriam. E acabaram prejudicando um pouco, a torcida pegou no pé. Mas graças a Deus, com muito trabalho, no dia a dia, a cada jogo, pude dar a volta por cima e terminar o ano muito bem.
A torcida cobrava de mim pelo fato de me ver como atacante e eu não fazer tantos gols. Mas taticamente fui importante para o time, não só dando assistências, mas voltando para ajudar na defesa. E com a chegada do Givanildo, ganhei mais liberdade, fiquei mais próximo da área. Por isso consegui marcar sete gols no returno (havia marcado um no turno). Então é agradecer aos colegas, à comissão técnica, à torcida e ao clube. Foi um ano muito feliz. Espero receber a ligação do Salum.
O América foi o segundo time que mais venceu na Série B (20 vitórias). Também foi o segundo que mais marcou gols (59). Dentro de campo, os atletas cumpriram suas obrigações. Fora das linhas, houve o equívoco da diretoria na perda de seis pontos por escalar irregularmente o lateral Eduardo. Como fica o sentimento?
Ficamos tristes. Acabou o jogo contra o Sampaio e havia aquela pontinha de esperança. Não havia terminado Avaí x Vasco. Mas infelizmente não aconteceu o resultado que nós precisávamos, que era pelo menos o empate do Vasco. Mas aconteceu. Como disse em outras entrevistas: tenho certeza que quem errou não queria ter errado. É profissional também. São coisas que acontecem no futebol e que ficam de aprendizado. Não podem acontecer mais. Tentamos fazer o melhor dentro de campo. A diretoria também. Mas somos seres humanos e estamos sujeitos a erros.
Há a esperança pelo julgamento do Icasa, que pode nos dar o acesso. Também teve o caso do Corinthians, que é parecido com o nosso, e o Corinthians foi absolvido. Então acho que acontecerão muitas coisas aí. E espero que sejam favoráveis ao América.
No vídeo de bastidor divulgado pelo clube (ASSISTA AQUI) depois do encerramento da Série B, é possível notar uma grande amizade entre vocês jogadores. Além disso, o dia a dia no CT Lanna Drumond, com muita descontração e brincadeiras, também enaltecem a boa convivência. Qual o segredo?
Vocês da imprensa que estavam próximos lá notaram isso. É um grupo fechado, unido. Alegria em todo treinamento, concentração e viagem. Os atletas experientes que ficavam no banco, casos de Magrão, Mancini, Renan, Tchô, não tinham vaidade. Eram todos por um e um por todos. Por isso que o grupo se fechou. E chegamos à última rodada com condições de brigar pelo acesso. Até assisti a esse vídeo de bastidores. Fiquei emocionado. Trabalhei em várias equipes, mas nunca tinha trabalhado com um grupo que nem esse. Então é guardar no coração e manter as amizades. No futebol há muitos colegas, mas desse grupo eu quero manter muitas amizades.
Foi a melhor temporada de sua carreira?
Foi o melhor ano da minha carreira. Até fiz uma grande temporada pelo Vitória, em 2008. Mas não finalizava muito bem. Neste ano foi diferente. No Brasileiro, tive mais tranquilidade dentro da área. E no futebol há a cobrança: você faz a melhor partida, mas se não marcar os gols, às vezes é pouco reconhecido.
Também comemoro a sequência. Tive lesões no Fluminense, no Palmeiras, no Vitória. No América não. Joguei com frequência durante 1 ano e 8 meses (foram 85 partidas). Então digo que foi o melhor ano da minha carreira. Espero que se repita em 2015.
Willians marcou dois dos três gols da vitória sobre o Oeste. Assista:
Muitos pensam que você é atacante. Mas pelo próprio América, já exerceu as funções de meia, ala e até lateral. Como o Willians se define em campo?
Sou meia. Sou meio-campo. Na minha carreira, sempre joguei desta forma. Só que no América, ao divulgar a escalação, sempre colocavam Willians e Obina. Aí falavam que eu era o atacante. Mas não. Sempre joguei voltando, ajudando o Pablo, o Elsinho, defendendo, correndo para marcar. Joguei com todos os treinadores do América, desde Paulo Comelli a Givanildo Oliveira. Porque me mostrei taticamente importante para a equipe. A torcida no começo estava desconfiada, mas acabou avaliando de outra forma depois dos jogos e que vocês da imprensa explicaram melhor a minha função em campo. Graças a Deus ficou a última impressão para o torcedor.
Givanildo Oliveira chegou para reerguer o América na Série B. Tem história de identificação com o clube, pois conquistou dois títulos nacionais (Séries B e C, em 1997 e 2009). Como é a relação com ele?
O Givanildo tem uma história bonita, de títulos e vitórias no América. E a chegada dele foi importante, até mesmo pela presença do Claudinho (auxiliar técnico), que trabalhava com ele. O esquema implementado por eles deu certo (Gilson passou a jogar no meio-campo). Os dois juntos fizeram um belíssimo trabalho.
Givanildo renovou o contrato para 2015. E o Willians, continua no América? Houve propostas de outros clubes?
Fico feliz. Givanildo é um cara com quem eu aprendi bastante. Sobre a minha permanência, soube que o Flávio (Lopes, gerente de futebol) já está conversando com meu empresário. Deve ter sondagens de outros clubes, pois fiz uma temporada muito boa. Claro que está resolvendo tudo, mas sigo no aguardo. Pelo que fiquei sabendo, o Flávio conversou com meu empresário. Espero que dê certo, que aconteça o melhor e que eu continue no América. Mas vamos conversar ainda e deixar nas mãos de Deus.
Apesar da frustração por não ter conseguido o acesso, você demonstra o desejo de renovar com o clube. Em algum momento passou pela cabeça descartar a possibilidade em virtude do erro que impossibilitou a subida do clube à elite de 2015?
Não passou isso. Sou grato ao América. Sempre destaquei o fato de ter ficado três meses sem treinar no Sport e o América abrir as portas para mim. Então agradeço muito. Se tiver proposta boa, com certeza vou querer ficar. Bom clube, boa cidade, boas condições de trabalho. Com toda a sinceridade, não ficou nenhum tipo de frustração. Tanto que começaram as conversas para renovação. Uma conversa boa. Espero que tenha final feliz.
E em relação aos colegas? Querem ficar?
Antes de acabar o campeonato, já nos perguntávamos: quem vai ficar? Quem vai renovar? Como falei, a estrutura é boa, a condição de trabalho são boas, então todo mundo quer ficar. Se tiver a oportunidade de renovar, vão querer. Se mantiver a base, fica mais fácil para jogar o Mineiro e montar um bom time na Série B.
Como serão as férias do Willians em Aracaju-SE?
É hora de descansar, de ver a família, os amigos, pegar uma praia em Aracaju. Está calor demais. É bom para dar uma refrescada (risos)...
E BH? Gostou nesses quase dois anos?
No começo foi difícil. Minha filha sentiu bastante. Cheguei em março (de 2013) e estava muito frio. Mas depois se adaptou. Cidade boa. Fiz muitos amigos. Sou mineiro também.