AMÉRICA
Falha administrativa: depois de 17 rodadas no G-4, América tem até 1% de chances de subir
Escalação irregular de Eduardo determinou retirada de 6 pontos do Coelho na Série B
postado em 06/10/2014 18:29 / atualizado em 07/10/2014 19:36
O pivô da derrocada americana foi o lateral-esquerdo Eduardo. Não exatamente ele, mas quem o contratou. Como um clube que conta com vários funcionários em seu estafe, gerente de futebol, superintendente geral e conselho formado por nove presidentes deixou passar batido o fato de o atleta ter disputado competições nacionais por duas outras equipes (São Bernardo e Portuguesa)?
Embora mal redigido e com dupla interpretação, o regulamento da CBF indica que um atleta pode, numa mesma temporada, disputar torneios nacionais por apenas dois clubes. Eduardo havia jogado a Copa do Brasil no São Bernardo e a Série B na Portuguesa. Veio para o América em junho com a missão de ser alternativa a Gilson. Sem empolgar nos treinos, o lateral-esquerdo ficou no banco de reservas em três jogos e disputou apenas um. Ele deixou o CT Lanna Drumond em agosto alegando problemas particulares.
Como o STJD entendeu que Eduardo estava irregular, retirou, em primeira instância, 21 pontos do América – 12 pelas quatro partidas e nove por vitórias sobre Paraná, Oeste e ABC. No julgamento do recurso no Tribunal pleno, foi considerado apenas o jogo que o ala esquerdo participou (contra o ABC). Assim, o Coelho perdeu seis pontos.
Líder do conselho de administração, Marcus Salum afirmou, pouco depois da decisão do Pleno (último 2 de outubro), que não era o momento de “caça às bruxas”. Nenhum culpado pelo erro foi apontado. Presente nas redes sociais e no Estádio Independência, a torcida tem convicção que a responsabilidade era de Alexandre Faria, superintendente geral. Por outro lado, há aqueles que creditam a falha a Flávio Lopes, gerente de futebol e responsável por apresentar Eduardo em 27 de junho. A cúpula do clube, no entanto, não se pronuncia sobre o assunto.
Ainda que oficialize a saída do culpado – talvez um funcionário de cargo menos expressivo –, o América teve danos irreparáveis nesta Série B. Tensos com a perda de pontos, os jogadores se mostraram psicologicamente abalados nas quatro primeiras partidas do returno – derrotas para Vasco, Ceará (até então adversários diretos), Boa Esporte e Bragantino. Não apresentaram um futebol envolvente, de toques rápidos e movimentação, como ocorreu nos triunfos do turno sobre o próprio Ceará (3 a 0), Joinville (3 a 1), Luverdense-MT (2 a 0) e a líder Ponte Preta (3 a 0).
Moacir Júnior, que fazia bom trabalho, pagou caro por um erro que não foi dele e acabou demitido. Givanildo Oliveira, um dos grandes ídolos do clube, veio com a missão de salvar a equipe da Série C. Embora ainda esteja invicto sob o comando de Giva (uma vitória e dois empates), o Coelho está longe de boas apresentações e ocupa apenas a intermediária da tabela, com 35 pontos.
Na parte financeira, um acesso à Série A poderia representar um alívio às contas do Coelho, que tem orçamento anual de R$ 24 milhões. Somente as cotas de TV, atualmente em torno de R$ 3 milhões, poderiam aumentar seis vezes em 2015. Dinheiro suficiente, por exemplo, para construir o hotel de concentração no CT Lanna Drumond.
O que aponta a matemática
Voltando à calculadora, um clube que somar 65 pontos tem 98% de chances de garantir o acesso, segundo o Departamento de Matemática da UFMG. Assim, o América precisaria vencer 10 de seus 11 últimos jogos, garantindo mais de 90% dos pontos.
Para o Chance de Gol, a campanha mais aceitável para o acesso é de 66 pontos. Ou seja, o Coelho poderia, no máximo, empatar um jogo. Seria obrigado a vencer o restante.
O Infobola, por sua vez, aponta que os cinco primeiros colocados da Série B do Campeonato Brasileiro têm entre 53% e 83% de chances de acesso. Entre o sexto e o nono o percentual oscila entre 16% e 2%. Atlético-GO (10º) e América (11º) estão empatados com 1%.
O América mantém as esperanças da elite se bater o Náutico nesta terça-feira, às 19h30, na Arena Pernambuco. Mas há outro obstáculo para isso: a péssima campanha como visitante. Fora de Belo Horizonte, o time venceu apenas Boa Esporte e Bragantino, quando dava indícios de grande campanha, e o desesperado Vila Nova-GO, virtual rebaixado. O aproveitamento é de 33,3%.
De acordo com as circunstâncias, o conselho de administração dificilmente conseguirá concretizar o sonho de recolocar o América na elite nacional no último ano do mandato. Se em 2012 e 2013 o elenco não conseguiu corresponder às expectativas dentro de campo, nesta temporada, quando as coisas pareciam se encaminhar da melhor maneira possível – 17 rodadas no G-4, cinco na liderança, bons registros de público e muito ânimo –, eis que um “funcionário desconhecido” coloca tudo por terra ao deixar de conferir regulamentos de torneios e ficha de um contratado.
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