Volante revelado pelo América celebra bom início na Croácia e projeta evolução no futebol europeu

O América é conhecido por formar grandes talentos para o futebol brasileiro. Das divisões de base do Coelho já saíram craques que brilharam no passado, como o armador Palhinha, e os atacantes Tostão, Éder Aleixo e Euller “Filho do Vento”. Em atividade, os grandes exemplos são o volante pentacampeão mundial Gilberto Silva, o atacante Fred, titular da Seleção Brasileira que disputará a Copa do Mundo, e o lateral-direito Danilo, dono da camisa 2 do Porto-POR. Outro que começa a trilhar caminhos semelhantes é o volante Moisés. Aos 26 anos, ele atua pelo HNK Rijeka, da Croácia, clube pelo qual deixou boa impressão com apenas seis meses de casa. As atuações convicentes do meio-campista, que defendeu o Alviverde entre 2006 e 2012, fizeram despertar o interesse do Hellas Verona, da Série A Italiana. O acerto pode ser concretizado na abertura da janela europeia de transferências.

Moisés está de férias no Brasil. No bairro Jardim Copacabana, em Belo Horizonte, o jogador encontra seus grandes momentos de descanso e confraternização com familiares e amigos. No lar, o volante aproveita para conversar e dar conselhos ao irmão Matheus, goleiro titular do América desde o meio da temporada passada. Simultaneamente, há espaço para um bate-papo com jornalistas. No mesmo dia em que recebeu a reportagem do Superesportes em sua residência, Moisés participou ao vivo de um programa de televisão e atendeu a outros dois portais. “É a correria sempre, né?! Não dá para parar. Vocês da imprensa e nós jogadores. Todo mundo trabalha pesado”, brincou o jogador, pouco antes de iniciar a conversa de aproximadamente 30 minutos.

Desde que deixou o América, em maio de 2012, Moisés disputou as duas últimas edições da Série A do Campeonato Brasileiro pela Portuguesa. Na elite foram 65 partidas, oito gols e oito assistências, números considerados positivos para um volante. O bom desempenho fez despertar os interesses de gigantes nacionais, como Atlético e São Paulo. Contudo, as negociações não avançaram e o jogador acabou negociado com o clube croata. Mesmo em um mercado não tão visado, Moisés se mostra muito feliz com as atuais condições.

“Foi uma oportunidade maravilhosa. Só tenho que agradecer a Deus pelas portas que ele abriu. Era um sonho jogar na Europa e agora tenho essa oportunidade. São momentos espetaculares. Em cinco meses de Europa, já consegui conquistar um título. É importante para a carreira de qualquer jogador”, conta.

O Rijeka teve de se contentar com o vice-campeonato croata. Ficou com 73 pontos, onze a menos que o campeão Dínamo Zagreb. Na Taça da Croácia, porém, a história foi diferente. A equipe de Moisés bateu o Dínamo em duas oportunidades, por 1 a 0 fora e 2 a 0 em casa. Levantou o troféu pela terceira vez em sua história. “Um começo de ano espetacular. Fiz 20 partidas, sendo 19 como titular. Começar desta forma não tem preço. Agora é esperar a próxima temporada e melhorar cada vez mais”, celebrou o volante, que já marcou dois gols com a camisa azul e branca. Ele carrega nas costas o número 88.


Rápida adaptação na Croácia e “calor” da torcida

Não deve ser simples deixar um país tropical, com temperaturas médias oscilando entre 25 e 30ºC, para morar em um local desconhecido e de cultura totalmente distinta. O inverno na Croácia é gelado, chegando, em muitas oportunidades, a entrar na escala negativa de graus Celsius. “Tem dia que fica abaixo de zero. Para a minha sorte, não joguei nenhuma vez com o clima tão frio assim”, conta Moisés, que, por outro lado, destacou a fácil adaptação à nova morada. “Já me preparava para as dificuldades. Sempre estive ciente do que queria para não me assustar quando chegasse lá. Graças a Deus consegui me adaptar bem”, acrescenta.

Na Croácia, Moisés se tornou pai pela primeira vez. Fruto do casamento com Sônia, Anna Luiza tem raízes brasileiras, porém veio ao mundo em terras estrangeiras. Além do calor familiar, o jogador tem outra inspiração: a torcida do HNK Rijeka. “É uma das torcidas mais apaixonadas da Croácia. É fantástica. Abraça o time de forma indiscutível e vão a todos os jogos. Incentivam, cantam e vibram o tempo todo”, comenta.

O Rijeka manda suas partidas no Stadion Kantrida, que tem capacidade para receber 12,6 mil torcedores. Os números representam quase 9% da população da cidade de mesmo nome, com aproximadamente 144 mil habitantes. No perfil pessoal de Moisés no Facebook, é possível visualizar os adeptos do clube curtindo as postagens e enviando mensagens.

Futuro na Itália, gratidão pelo América e “seleções”

Com mais três anos de contrato, Moisés não deixa de fazer planos. Recentemente, surgiu a possibilidade de o jogador deixar o futebol croata para atuar no Hellas Verona, da Série A Italiana. Isso porque os clubes são controlados por um mesmo grupo de investidores. Em seis meses, o salto pode ser muito grande. Apesar disso, o atleta prefere se manter longe de especulações.

“A princípio eu volto para o Rijeka. Depois de alguns jogos, pintou o interesse do Hellas Verona. Saíram as matérias lá, eles publicaram, mas deixo para meu empresário resolver essa situação”, explica.

Se Moisés conseguiu alcançar voos altos na carreira, o América é um dos grandes responsáveis. O reconhecimento vem do próprio volante. “Falar do América é muito fácil. Sou americano e tenho o clube no meu coração por tudo que ele fez por mim. Me deu a oportunidade de trabalhar, de mostrar o que eu sei fazer. Então sou muito grato e, sempre que posso, vou ao clube, cumprimento as pessoas. Lá eu fiz grandes amizades e sei que por onde eu passar, vamos brincar e cumprimentar. Ficará marcado”, enaltece.

Titular na conquista da Série C do Brasileiro de 2009, Moisés disputou 70 jogos e marcou seis gols com a camisa do América. Neste ano, ele acompanhou o início oscilante dos comandados de Moacir Júnior na Segunda Divisão Nacional. “Sempre que possível eu assisto aos jogos. Torço muito para que o América suba. É um dos mais estruturados do Brasil. Não tem uma receita grande, porém conta com um centro de treinamentos excelente. Creio que a parada da Copa pode ser benéfica ao Coelho”, avalia.

No embalo do clima da Copa do Mundo, Moisés ainda sonha em defender a Seleção Brasileira, mas não descarta, por exemplo, uma possível naturalização. “É uma hipótese que não pode ser descartada. Estamos estudando isso. Se não tiver espaço no Brasil, a Croácia pode ser uma boa alternativa”, finaliza.

Moisés Lima Magalhães

Data de nascimento: 17 de março de 1988
Idade: 26 anos
Naturalidade: Belo Horizonte
Posição: volante e meia
Altura: 1,85m
Clubes: América (2006 a 2012), Toledo-PR (2007), Rioverdense-GO (2008), Coritiba (2010), Sport (2010), Boa Esporte (2011), Portuguesa (2013) e HNK Rijeka-CRO (2014)
Títulos: Série C do Brasileiro (2009), Série A2 do Paulistão (2013) e Taça da Croácia (2014)