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Calendário, patrocínio e 'obrigação' na A-1: coordenadora de futebol feminino do Cruzeiro passa a limpo expectativas para temporada

Bárbara Fonseca falou sobre o planejamento financeiro celeste e sobre expectativas no futebol feminino

Redação
Bárbara Fonseca é responsável pelo departamento de futebol feminino do Cruzeiro - Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro
O departamento de futebol feminino do Cruzeiro viveu um 2019 recheado de vitórias. Depois de garantir o acesso à Série A1 do Campeonato Brasileiro, o time se sagrou campeão mineiro ao bater o América, nos pênaltis, por 6 a 5. A busca por vitórias permanece para a temporada 2020. Uma das responsáveis pela categoria dentro do clube, a coordenadora Bárbara Fonseca falou ao Superesportes sobre as expectativas da equipe na primeira divisão e para o futebol feminino. Leia seguir: 
 
O que a torcida do Cruzeiro pode esperar do departamento feminino em 2020 logo depois do fechamento temporário da base feminina e da situação financeira do clube?
 
A torcida pode esperar uma constante busca por vitórias em todos os jogos, assim como foi em 2019. Nós temos uma obrigação em permanecer na (série) A-1, se nós conseguimos chegar, então temos que manter a equipe lá. É claro que a gente pensa em avançar, em chegar na final.


 
O Cruzeiro conseguiu mais patrocinadores para a equipe feminina em 2020, mas o departamento feminino ainda depende muito da categoria masculina para sobreviver financeiramente. Existe um planejamento para ser sustentável financeiramente?
 
Sim, existe. A cada ano, nós trabalhamos com uma meta de captação de patrocínio e isso faz parte do nosso planejamento. O departamento comercial termina a temporada com uma projeção de meta para captar patrocínio e a gente trabalha isso de maneira gradativa. Para esta temporada, nós conseguimos captar mais patrocinadores em relação à temporada passada e a gente entende que no futebol feminino, isso acaba sendo um processo paulatino, mas faz parte do nosso planejamento.  
 
Como criar um ponto de equilíbrio entre a transmissão pela televisão e a adequação de horários mais acessíveis à torcida? 
 
Esse ponto de equilíbrio tem que vir da CBF. Todos os jogos que têm transmissão, eles têm grades definidas. Na final da A-2, a gente queria jogar no Mineirão, mas teve um confronto com o horário determinado pela Band e a gente não teve condições de alterar esse horário. A gente já vive isso desde a temporada passada, é um engessamento. O Brasileirão é transmitido via Twitter e se eles pedirem para ser em tal horário, ele vai ser. É algo que não depende da gente. 
 
O mercado do futebol feminino para esta temporada foi bem agitado tanto em Minas quanto em outros estados. Você, enquanto coordenadora, percebe se o mercado da modalidade vem passando por mudanças? 
 
Diferentemente do (futebol) masculino, os clubes trabalham com contrato a curto prazo. O planejamento dos clubes de um ano de vínculo permite uma rotatividade, uma movimentação grande no futebol feminino que você não vê tanto no masculino por serem contratos maiores, e quando ocorrem vendas antes do término, geram multas absurdas. Apesar desse funcionamento do mercado, é possível montar bons times para a temporada. 
 
O calendário de competições feito pela CBF é um obstáculo para o crescimento da modalidade? 
 
Eu não sou a favor dessa corrente de colocar a competição em um período que não tem o masculino. Eu acho que tem que ter um calendário para o ano inteiro e critico o Campeonato Brasileiro deste ano, porque temos uma parada de quase três meses. Então, a equipe que passar da primeira fase, só voltará a jogar depois de um bom tempo parado. Eu acho que poderia haver uma melhor distribuição do calendário feito pela CBF.


 
Como o clube pode investir na expansão de categorias se a entidade do futebol brasileiro não determina todas as competições? 
 
Eu acho que o pouco investimento ainda existe no profissional, quem dirá na base. A CBF faz sua competição sub-16 e sub-18 e tem um torneio no final do ano em que alguns clubes são contemplados. Se o Cruzeiro tivesse seguido com as atividades da base, nós estaríamos trabalhando as equipes em uma forma de disputa que não me agrada, porque o desgaste é grande, coisa que não se viu na temporada 2019. O investimento acontece aos poucos.