As metas do Atlético para 2020 estão traçadas: chegar à final do Campeonato Mineiro e conseguir o acesso à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro. Para comandar esse projeto, o clube aposta num profissional que fez sucesso justamente no Cruzeiro, o maior rival: Hoffmann Túlio. Em entrevista ao Superesportes, o novo técnico da equipe alvinegra falou sobre dispensas, contratações e a confiança no ‘DNA’ ofensivo para alcançar os objetivos da temporada. Leia a seguir:
Como foi sair diretamente do Cruzeiro para o Atlético?
É diferente. A gente sabe que no futebol masculino essas coisas não acontecem, o torcedor não está acostumado. Mas eu sou um homem do futebol, sou treinador de futebol. Vejo essas questões de forma muito tranquila. Eu estava no Cruzeiro. O Atlético me faz um convite depois de o Cruzeiro me dispensar. O Cruzeiro me dispensa, o Atlético me chama. Para mim, é normal. Sou do futebol. Sou um homem do futebol, não sou torcedor de futebol. Sei da paixão dos torcedores, compreendo, mas para mim é trabalho. E trabalho a gente vê se a oferta é boa, se a gente concorda com as oportunidades. E aceita ou não. Eu aceitei a do Atlético, porque acredito que o projeto de 2020 é muito bacana.
Qual foi exatamente o projeto que o Atlético te passou que te convenceu a aceitar?
Primeiramente, me atrai estar num grande clube, um dos clubes grandes do Brasil. Depois, ter que subir este grande clube. Isso me deixa muito entusiasmado. É diferente a A2. É um campeonato difícil, pela sua forma de disputa. São seis times numa chave, classificam-se só dois. E aí começa o mata-mata. Mata-mata, a gente sabe, não é fácil. A gente sabe que, às vezes, um time até um pouco mais fraco pode passar. E também a questão de poder montar um grupo, poder trabalhar com o grupo da forma que eu penso. A estrutura que o Atlético está oferecendo é muito boa. Vamos treinar dentro do CT, já fazem isso, ano passado já estava assim. Essas coisas me atraíram para aceitar a proposta do Atlético.
Pensando no dia a dia de treinamentos, o Atlético tem treinado num gramado sintético. Qual o planejamento para 2020 nesse sentido? Porque é diferente treinar em sintético, mas jogar em grama natural. Isso atrapalha?
Quando se perde, isso é desculpa. Não vou colocar isso como desculpa não. Nosso trabalho vai ser no Imperial. Para mim, não muda nada. O atual campeão da A2 treina no sintético, o São Paulo. Então, se o atual campeão treina no sintético, não sou eu que vou inventar a desculpa de derrota porque treina no sintético (risos). Faz parte. É a estrutura que nós temos, e a gente tem que abraçar bem. Vamos ter outras questões, outros treinos, mas deixa a temporada começar. O certo é o Imperial, sem desculpa, isso não é motivo. É um lugar bom para se treinar. Nossa visão é: o atual campeão treina no sintético. Então, não tem desculpa para não correr, para não lutar e para não conseguir resultados.
Em 2020, o principal objetivo do Atlético é subir de divisão. Ano passado, porém, o time teve uma campanha bem ruim. O que te faz acreditar que agora vai ser diferente?
São duas coisas. A primeira é que eu acredito em mim, acredito no meu trabalho. A segunda é que estou podendo trazer algumas jogadoras. Isso faz diferença. O que vai mudar? Acreditar na minha capacidade. E que as jogadoras que estamos trazendo são jogadoras de um nível que consegue colocar o Atlético na Primeira Divisão do futebol feminino.
Quais são, especificamente, as metas para os dois campeonatos da temporada que se inicia?
Temos dois campeonatos: o Brasileiro e o Mineiro. No Brasileiro, a meta é subir. Se chegar à semifinal, já é um pequeno título, vamos dizer assim. O grande título, é lógico, é a grande decisão. No Mineiro, o primeiro grande objetivo é chegar a uma final. No ano passado, foi até a semi. O Atlético não chega a uma final. Então, são estes dois objetivos: subir e chegar a uma final de Mineiro. Depois, a gente vê o que pode fazer nessa semi. Se chegar à final, ver o que fazer na final. E na final do Mineiro, a gente nem sabe como vai ser a fórmula de disputa, com um ou dois jogos. Em 2019, foi um jogo. De 2018 para trás, foram sempre dois jogos. A gente vai ver o que faz. Mas chegar à final e subir são as duas grandes metas.
Você também tem o histórico de ser ativo nas buscas dos clubes no mercado. Tanto é que você levou para o Cruzeiro algumas atletas com quem havia trabalhado no América. No Atlético isso também vai ocorrer? O clube contratará jogadoras que você já conhece?
Uma parte do elenco a gente tem mantido. O Atlético tinha objetivos em 2019, do trabalho social, de valorização da marca, de uma identificação do projeto 2019 com o clube. O clube é um clube popular. Esse era o objetivo de 2019, e ele foi alcançado. Nós conseguimos ter atletas com bom nível. Então, uma parte do grupo 2019 permanece. Agora, a outra parte estou trazendo. ‘Ah, você está trazendo atletas com quem você já trabalhou?’. Só tem uma. Não vou dizer o nome agora, mas apenas uma. De resto, a gente tem trazido atletas de grandes clubes, atletas que jogaram a A1 e estão acostumadas a um nível superior para somar nesse projeto do Atlético de 2019. A gente está tentando fortalecer, mas não deixando de compreender que 2019 teve seu lado positivo, porque ele alcançou os objetivos daquele projeto.
Seus times costumam ser muito ofensivos. Essa é a proposta para o Atlético em 2020? É com esse pensamento que vocês estão buscando jogadoras?
O estilo vai ser definido só na hora que o trabalho começar. A gente tem uma ideia para contratar. Estamos buscando atletas, a grosso modo, saibam lidar bem com a bola, dominar e passar. Isso é muito a característica de um jogo ofensivo. O que a gente espera? Um time agressivo, que toque bem a bola e faça muitos gols. O que vai acontecer no dia a dia é que vai determinar. Se a gente não conseguir ser tão ofensivo ou ficar tanto com a bola, a gente muda a característica. Mas estamos contratando para buscar esse tipo de jogo. A cultura do clube é de um time ofensivo e agressivo, de intensidade e luta. A gente não pode fugir dessa cultura. Não vim para inventar a cultura do Atlético, que já está aí há vários e vários anos. Vim para entender a cultura e tentar qualificar as jogadoras dentro dessa cultura.
Hoffman, algo mais a acrescentar?
Cabe pedir a participação do torcedor. A gente vai dar muitas alegrias em 2020. Vamos buscar esse acesso como ‘loucas’ (risos). Que possam estar presentes nos nossos jogos, nos apoiando, porque é uma energia diferente. Tendo esse apoio, tudo se modifica. É uma outra entrega quando a gente tem o torcedor ao nosso lado. Que eles possam acreditar nesse projeto, no projeto de subir. E que estejam com a gente em todos os jogos. Se Deus quiser, os 13 jogos do Brasileiro da A2.