2

Ex-dirigente do Grêmio relembra 'lesão' de Cuca para evitar viagem à Suíça

Cacalo foi responsável por defender quatro jogadores gremistas após 'Escândalo de Berna'; condenado por estupro, Cuca não poderia voltar à Suíça pelo Valladolid

28/04/2023 10:32 / atualizado em 28/04/2023 12:50
compartilhe
Renovada repercussão do caso de 1987 forçou Cuca a pedir demissão do Corinthians
foto: Rodrigo Coca/Corinthians

Renovada repercussão do caso de 1987 forçou Cuca a pedir demissão do Corinthians


Ex-dirigente histórico do Grêmio, Luiz Carlos Martins, mais conhecido como Cacalo, relembrou o episódio da prisão de quatro jogadores tricolores - incluindo o hoje técnico Cuca - em 1987, na Suíça. O caso ficou conhecido como 'Escândalo de Berna' e resultou na condenação dos atletas gremistas por estupro de uma adolescente de 13 anos, em 1989. 
 


"O Grêmio estava fazendo uma excursão pela Europa, e eu estava em Porto Alegre. Aí estourou aquela bomba: quatro jogadores presos, acusados de estupro.  Eu era vice do jurídico do Grêmio em 1987. O presidente me chamou de noite e falou: 'vai para lá amanhã'. Fui e fiquei 22 dias lá para tentar tirar os caras. No 22º dia eu consegui. Eles foram condenados dois anos depois, no julgamento. Todos foram condenados, mas não iam cumprir pena na Suíça", iniciou Cacalo. 

O ex-dirigente também relembrou o reencontro com Cuca em 1990, quando o então meio-campista atuava pelo Valladolid. Na ocasião, de acordo com Cacalo, Cuca brincou que estaria lesionado para evitar uma excursão do time espanhol à Suíça, já que estava condenado à prisão por estupro no país da Europa Central. 

"O Cuca, com quem me dou muito bem até hoje, foi vendido pelo Grêmio para o Valladolid, que hoje é o time do Ronaldo, na Espanha. Eu fui para lá um dia, não lembro se para receber uma parcela ou resolver um assunto deles lá, e eles para mim assim: 'Valladolid vai fazer uma excursão para a Suíça, e eu estou com dor no joelho desde já. Nem vou'", relatou. 



Caso Cuca


Diante da renovada repercussão do caso de violência sexual e da rejeição de parte da torcida, Cuca anunciou a saída do Corinthians depois de apenas dois jogos no comando da equipe. 

Ao anunciar a saída do Corinthians, Cuca afirmou que se tratava de um pedido da família, que, segundo ele, vem recebendo ameaças nas redes sociais. O treinador considerou a pressão externa como um  'massacre' que atingiu dirigentes e jogadores do clube. 

"Vou fazer 60 anos mês que vem. Você pesa o que vale e o que não vale a pena na vida. Quero fazer valer a pena minha família. Não esperava essa avalanche que vivi aqui. Fui julgado e punido pela internet. Isso tem uma consequência muito grande, em todos os sentidos".

"Eu venho aqui na emoção do jogo, jogo que foi demais. Primeira vez senti o pulsar da Arena, da Fiel, a favor. Foi maravilhoso, com a conquista dessa vaga. Foi um dia vivido, de um sonho. Antes desse sonho se realizar, tiveram três, quatro dias muito pesados. Um pesadelo. Um massacre que aconteceu", disse. 

Quando era jogador do Grêmio, em viagem à Suíça, Cuca se envolveu no episódio conhecido como 'Escândalo de Berna'. Em 1987, ele e outros três atletas - Eduardo Hamester, Fernando Castoldi e Henrique Etges - foram acusados de estupro coletivo contra uma adolescente de 13 anos.

Em 1989, os quatro foram condenados pela Justiça da Suíça. Cuca pegou 15 meses de prisão por violência sexual contra pessoa vulnerável (com menos de 16 anos), mas não cumpriu a pena, já que o Brasil não extradita seus cidadãos. Em 2004, a possibilidade de execução expirou.

Em sua apresentação no Corinthians, no dia 21 de abril, Cuca alegou que era inocente e sequer havia tocado na garota. Porém, a versão do advogado da vítima é diferente. Em entrevista ao UOL, nessa terça-feira (25), Willi Egloff garantiu que a menina reconheceu o então meio-campista do Grêmio como um dos estupradores.


Compartilhe