Taça Brasil 1966
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TAÇA BRASIL DE 1966

Doações, visitas a escolas e títulos: como a torcida do Cruzeiro cresceu após 1966

Campeões relataram estratégias adotadas pelo clube para angariar torcedores

postado em 07/12/2016 06:30 / atualizado em 16/12/2020 23:13



A Taça Brasil de 1966 abriu portas ao Cruzeiro tanto no cenário nacional quanto no mundial. Afinal, ganhar do Santos de Pelé, que já havia conquistado o planeta duas vezes, não era para qualquer um. A Raposa surpreendeu e, com um time jovem e talentoso, conquistou o título que mudou a história do clube. Passados 50 anos, aquele troféu é lembrado com orgulho pelos cerca de oito milhões de torcedores espalhados pelo Brasil. Mas nem sempre foi assim.

Na década de 60, o Cruzeiro tinha a segunda maior torcida de Belo Horizonte. Uma pesquisa feita pelo Estado de Minas em 1965 apontou que os atleticanos eram mais que o dobro de cruzeirenses em Minas Gerais. Como na época não havia pesquisas com metodologia científica de amostragem, o EM espalhou urnas por vários pontos de Belo Horizonte e em algumas cidades do interior.

O Atlético registrou 344.374 votos (54,1%), enquanto o Cruzeiro obteve 169.897 (26,7%). O América, time de grande torcida na primeira metade do século, já estava em decadência: registrou 44.673 votos. Outros clubes mineiros que receberam votos foram Siderúrgica, Villa Nova, Democrata-SL, Guarani, Uberlândia e Renascença.

O tempo foi passando, e o Cruzeiro crescendo com ele. Em 1966, o ápice. A conquista que mudaria o rumo celeste.  “Esse título foi o alicerce que nós fizemos para o Cruzeiro poder seguir o seu caminho. Sem aquilo ali, o Cruzeiro poderia ter demorado um pouco mais para chegar onde chegou”, comentou o ex-goleiro e ídolo do clube, Raul Plassmann.

A partir daquele ano, o Cruzeiro se tornou conhecido e se mostrou para o mundo. Apaixonados pelo esporte se renderam ao futebol apresentado por Tostão, Dirceu Lopes, Piazza e companhia. Aquele time não conquistou só um título, mas também milhares de torcedores.

O detalhe é que Cruzeiro, naquele tempo, preocupava-se em fazer aumentar sua torcida. Segundo os campeões da Taça Brasil de 1966, estratégias adotadas pelo clube ajudaram nesse crescimento do número de aficionados. Felício Brandi, presidente da Raposa entre 1961 e 1982, levava os jogadores até escolas carentes da capital mineira para fazer doações de material, camisas e alimentos.

Veja os depoimentos dos campeões de 1966:

"Time do Povo"

"O presidente Felício Brandi e a relações públicas do clube, Inês Helena de Abreu, bolaram um coisa que eu nunca tinha visto. Todas as terças, após o treino, os jogadores do Cruzeiro iam em carros, às vezes em táxis, de dois em dois, levando material escolar para as escolas de Belo Horizonte e nas periferias também. Todas as escolas. Nós ficávamos a tarde inteira fazendo isso. Levávamos lápis, borracha, caderno, régua, tabuada, uma pastinha com o escudo do Cruzeiro e uma camisa do clube. Além disso tudo, dávamos também cinco pacotes de macarrão. E hoje é isso, essa China Azul que você vê hoje, o time do povo”, disse o ex-zagueiro Procópio Cardoso.

"Maior torcida de Minas Gerais"

“Nós dávamos réguas, lápis, cadernos. Acabava o treino, a relações públicas do Cruzeiro entregava uma caixa para nós e íamos em escolas no Horto, na Floresta, em Contagem, em Betim, e distribuíamos para as crianças. Por isso que surgiu essa série de torcedores que hoje é a maior torcida de Minas Gerais”, relatou o ex-atacante Natal.

"Maior torcida do estado"

“O Cruzeiro tem a maior torcida do estado, sem dúvida alguma, por causa daquele Cruzeiro. Aquele time é o responsável por toda essa sequência, que foi importantíssima”, afirmou o ex-goleiro Raul Plassmann.

"Uma parte dessa torcida fomos nós que conquistamos"

“Minha maior alegria é ir ao Mineirão cheio com a torcida do Cruzeiro. Porque, quando eu cheguei aqui, a torcida do Cruzeiro ocupava só um lado pequeno. E, jogando contra o nosso maior rival, que é o Atlético. O Atlético tomava conta de quase tudo. Então, foi um trabalho bem feito pelo presidente, pela Inês Helena, que era nossa relações públicas, e pelo time. Cada vez que você ganhava, você conquistava alguns torcedores. Uma parte dessa torcida fomos nós que conquistamos”, comentou o ex-atacante Evaldo.



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