
O jogo final da Taça Brasil teve transmissão direta pela TV Itacolomi, o que não era comum para a época. Mas essa era uma decisão que poderia dar ao futebol mineiro sua maior conquista – maior até que a da Seleção Mineira, campeã do Brasil em 1963 –, principalmente porque seria sobre o Santos, de Pelé. Os televisores eram poucos em BH. A narração foi de Fernando Sasso, com Ronan Ramos como repórter de campo. A maioria iria acompanhar a grande final pelo rádio. Jota Júnior era o locutor da Rádio Guarani, emissora que rivalizava com a equipe de Jairo Anatólio Lima, da Inconfidência.
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Dona Delila conta que vivia em Governador Valadares: “Lá, só se falava em futebol do Rio, pois o rádio só pegava emissoras cariocas. Mas meu marido veio trabalhar em Belo Horizonte e nos mudamos pra cá. Eu já tinha simpatia, apesar de tudo, pelo Cruzeiro. Desde o Palestra Itália, quando era pequena. Pois aí, virei torcedora mesmo. Não ia pro campo, mas acompanhava todos os jogos pelo radinho de pilha”.
Ela chega, acompanhada da filha, Sílvia, e vai se sentar numa cadeira. Antes, brinca: “Eu só tenho velhice, mas não tenho doença”. E, enquanto diz isso, começam a chegar os jogadores. Primeiro, Natal e Neco. Seus olhos brilham. “Nossa, nem acredito. Vocês aqui. Olha o Natal, o Neco.” Ela ganha um presente do jogador Natal, um levantamento de sua carreira, com sua foto, que ele assina e passa a Neco para fazer o mesmo. Natal lhe dá de lembrança e, a cada jogador que chega, repete o gesto. “Ela merece ter nosso autógrafo”, diz Natal. Vem Evaldo e dona Delila está radiante: “Esse menino tinha até música quando marcava gol”.
Raul chega para alegrá-la ainda mais. “Nossa, sou fã do Fábio, mas o Raul foi o maior de todos”, diz. Dirceu Lopes e Procópio entram na sala quase juntos e ela dispara: “Dirceu Lopes era terrível. Era fantástico, maravilhoso. Que emoção”. Em seguida, ela se vira para Procópio e diz: “Menino, você cresceu demais. Tá muito alto”. Ela se fascina ainda mais ao tirar foto com os seis. “É um dia que jamais vou esquecer”, diz.