Camisa 10, capitão, assistente, artilheiro, ídolo... Esses são apenas alguns dos adjetivos atribuídos a Alex durante sua vitoriosa carreira como meio-campista. Reverenciado por torcedores de Coritiba, Palmeiras, Cruzeiro e Fenerbahçe, o paranaense 'pendurou as chuteiras' em dezembro de 2014 e passou os seis anos seguintes trabalhando como comentarista na ESPN.
Hoje, o 'Talento Azul' vive uma nova fase e ocupa, de maneira quase inédita em sua vida, um lugar no banco de reservas. Após treinar o elenco sub-20 do São Paulo por duas temporadas, Alex foi contratado como técnico do time profissional do Avaí no fim de 2022.
Seus primeiros meses no cargo, entretanto, foram marcados por dificuldades. Bastante desfalcado por conta de lesões, o Leão da Ilha foi eliminado pelo Criciúma, nas quartas de final do Campeonato Catarinense, e pelo Retrô, na primeira fase da Copa do Brasil.
"A experiência tem sido muito boa. Infelizmente, os resultados dentro de campo não têm sido os melhores, mas, tudo aquilo que combinei com a diretoria eu consegui fazer de maneira tranquila. E agora, na semana da estreia, com outra ideia, vamos seguir o planejamento inicial, que é brigar pelo acesso, colocar o Avaí de novo na Primeira Divisão. Em busca de um título brasileiro que o clube ao longo da história ainda não teve", disse o ex-meia em participação no quadro Por Onde Anda?, do Superesportes.
O principal desafio de Alex com o Avaí está perto de começar. A equipe alviceleste enfrentará o Guarani, nesta sexta-feira (14/4), em sua estreia na Série B do Campeonato Brasileiro. O jogo será às 19h, no Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas, no interior de São Paulo.
Presença constante na elite do futebol brasileiro ao longo dos últimos anos, os catarinenses disputaram a Série A por pontos corridos em 2009, 2010, 2011, 2015, 2017, 2019 e 2022. Na última edição do campeonato, o clube foi rebaixado na 19ª posição.
"A primeira parte do acordo (com o Avaí) era que, devido às dificuldades financeiras que a queda da Série A para a Série B gerou, eu deveria fazer com que os meninos formados dentro do clube tivessem mais minutos em campo. A ideia era ter um time mais jovem. Tivemos jogos (do Estadual) em que sete ou oito jogadores eram formados dentro do Avaí e estavam atuando pela segunda ou terceira vez como profissionais. Isso ficou bem evidenciado, e a gente conseguiu fazer".
"Para o Campeonato Brasileiro, a ideia era vir novos jogadores. E eles estão vindo, acabamos de receber mais dois jogadores. Então, aquele time que jogou o Estadual é diferente do que vai jogar a Série B", complementa.
Eliminação precoce na Copa do Brasil
Ao falar sobre os planos esportivos do Avaí, Alex destacou como ponto negativo na temporada a eliminação na primeira rodada da Copa do Brasil. No dia 1º de março, o Avaí perdeu por 3 a 2 para o Retrô, na Arena de Pernambuco, em São Lourenço da Mata, e deixou o torneio de forma precoce.
"O resultado esportivo sempre vai ser cobrado. Isso não é no Avaí, mas em qualquer lugar. A questão maior não é relacionada ao meu nome, mas aquilo que o clube deseja ou imagina. Em cima disso, as definições são feitas de acordo com as diretorias. A primeira parte é que, infelizmente, a Copa do Brasil ficou no meio do caminho. Nós caímos fora já na primeira partida, nossa ideia era ir um pouquinho mais longe".
Como Alex lida com a pressão externa?
Outro ponto abordado pelo técnico do Avaí foi a sua percepção quanto às críticas e cobranças externas por resultados. O ex-camisa 10 afirmou que muitos torcedores e profissionais de imprensa interpretam de maneira irreal o dia a dia dos clubes.
"Acho engraçado que, quando se levanta uma situação no futebol, ela é sempre hipotética, fora da realidade. Existe uma situação que eu acho maravilhosa, que é quando você imagina um jogador. Um número 5, (por exemplo). Você imagina o melhor número 5. Você imagina o Paulo Roberto Falcão no auge, saindo do Internacional e indo para a Roma. Só que você não tem esse jogador, você tem outro, e tem que trabalhar com essa realidade. Existe uma diferença muito grande entre o que o torcedor e a imprensa idealizam e o que nós temos de real. E, muitas vezes, a crítica (externa) é feita levando em conta o gosto pessoal e não a realidade. Acho que essa é, talvez, a maior dificuldade para quem milita no futebol".
"Uma coisa é falar sobre futebol, nós fazemos futebol. A distância entre falar e fazer é muito grande, e no meio disso você tem que ganhar jogos. Independente da (avaliação popular ser negativa ou positiva), você tem que ganhar jogos. Ninguém sabe se você teve ou não problemas. Aliás, isso nem interessa (para muitas pessoas). O interessante é que você vá a campo e vença. Isso é o Avaí, o Cruzeiro, o Flamengo ou qualquer outro clube. Nós temos que lidar com isso e ter consciência daquilo que realmente se passa (na realidade)", reitera.
Por fim, Alex falou que o ideal para dar sequência ao projeto é encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento do trabalho com a equipe e os resultados esportivos necessários. "Essa é a maior briga que uma pessoa que trabalha como treinador de futebol enfrenta", concluiu.