O zagueiro Werley foi o convidado da semana no Por Onde Anda? e relembrou os momentos mais importantes com a camisa do Atlético. Entre eles, está a goleada sofrida por 6 a 1 para o Cruzeiro, na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2011.
Na ocasião, bastava um empate para que o Atlético rebaixasse - de forma inédita até então - o rival Cruzeiro em clássico disputado na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas.
Mas o que se viu naquele dia foi um tanto quanto inesperado: a Raposa "sobrou" diante de um apático Galo e aplicou um sonoro 6 a 1, livrando-se do descenso e escrevendo uma das memoráveis páginas da principal rivalidade mineira.
Além da goleada, Werley tem outra lembrança negativa daquele jogo: a expulsão aos 32' do segundo tempo, apenas oito minutos após entrar em campo. No lance, o zagueiro alvinegro e o atacante Wellington Paulista levaram o cartão vermelho após trocarem socos.
Ao Superesportes, o jogador comentou a derrota. Para ele, o grande erro do Galo naquela partida foi o relaxamento. O Atlético havia acabado de garantir a permanência na Série A, e os atletas se prepararam de forma diferente.
"Acredito que o Cuca queria ganhar o jogo, todo mundo queria ganhar. O grande 'x' da questão foi o seguinte: você se mantém focado, brigando para não cair, quando consegue o objetivo é natural dar um relaxamento. Você vive sob pressão, cobrança da torcida, imprensa 'batendo', e tem as metas de pontos. Quando atingiu, o time relaxou", iniciou.
Segundo Werley, houve um jantar durante a semana e os treinamentos foram mais leves após o objetivo alcançado. Além disso, ele acredita que o Cruzeiro entrou com mais vontade em campo e citou uma dividida entre Pierre e Fabrício.
"Nossa semana foi diferente das outras. Um clássico e tudo. Queríamos ganhar o jogo, mas foi diferente. Teve jantar durante a semana, os treinamentos foram mais relaxados. Acho que não é culpa de ninguém. Nós perdemos o jogo também na primeira bola. Uma dívida entre o Pierre e o Fabrício, em que o Fabrício quase arrancou a perna do Pierre. O Cruzeiro entrou com 'sangue nos olhos'", comentou.
O zagueiro ainda falou sobre a reação da torcida atleticana após a goleada sofrida. Ele conta que o elenco alvinegro precisou do apoio da polícia para deixar a Cidade do Galo.
"Depois do jogo, assim que cheguei em casa. A gente saiu do CT igual bandidos. Quando chegamos lá tinha um corredor da polícia, cheio de torcedor, queriam matar todo mundo pelo resultado. Tivemos que sair igual bandido, polícia fazendo corredor até a BR", relembrou.
Teorias da conspiração
Com o placar inusitado, alguns torcedores criaram teorias da conspiração e levantaram a hipótese de que o Atlético poderia ter vendido o clássico, entre outros.
Mesmo após 12 anos, Werley lamenta muito os comentários e ressalta que, em sua visão, nenhum atleta entregaria uma partida por motivos financeiros.
"Naquela época eu acompanhava mais os comentários, e as coisas que se falavam eram muito nojentas. Que fulano pegou dinheiro, reunião com ciclano. Nunca presenciei isso no futebol", iniciou.
"O atleta profissional, imagina só, a dificuldade que passa para vencer e realizar um sonho. Depois que realiza, vai vender por causa de um jogo? Será que esse dinheiro ganho no jogo, em quanto tempo de contrato ele tira? Vai resolver a vida dele? Ninguém se vende por dinheiro. Todo atleta é competitivo", completou.
O ex-zagueiro do Atlético também revelou uma chateação muito grande com as teorias criadas na época. Além disso, falou sobre o ex-companheiro Réver, que foi um dos 'alvos' da torcida.
"Foi algo que me machucou muito. Tinha um grande companheiro, o Réver, e muito se falou que ele entregou o jogo. E olha como é legal o futebol. Hoje o Réver é um dos maiores da história do Atlético. (...) Às vezes as pessoas soltam informações que podem acabar com a carreira do atleta, ferir a família dele. Naquela ocasião foi algo muito chato o que foi falado. É muito difícil", finalizou Werley.
Werley no Atlético
Werley chegou para as categorias de base do Atlético em 2002. Em 2008, foi emprestado ao Boavista-RJ e retornou ao clube mineiro no ano seguinte, quando fez a primeira partida pelo time principal.
Ao todo, o defensor disputou 125 jogos e marcou dois gols pelo Galo, além de conquistar duas vezes o Campeonato Mineiro (2010 e 2012). Ele deixou o clube em 2012 para defender o Grêmio.
Na negociação, o Atlético cedeu 50% dos direitos econômicos do zagueiro e ainda pagou mais 3 milhões de euros pelo ex-goleiro Victor.
Aos 34 anos, Werley está sem clube desde o fim da temporada passada. Seu último time foi o CSA. Na temporada passada, o jogador defendeu o clube alagoano em 34 jogos, mas não conseguiu evitar o rebaixamento à Série C do Brasileiro.
Por Onde Anda?
O Por Onde Anda? é um quadro quinzenal publicado no Superesportes e no YouTube do Portal UAI. Nele, são entrevistados ex-jogadores e ex-técnicos de América, Atlético e Cruzeiro que estão aposentados, sem clube ou em mercados alternativos do mundo da bola.
Na entrevista desta semana, Werley também revelou se pretende retornar ao futebol, falou sobre a relação com Nathan, zagueiro do Atlético, e relembrou um leve atrito com Diego Tardelli, além de uma promessa feita por Alexandre Kalil. Assista à conversa no vídeo abaixo: