2

Dedê relembra golpe sofrido em início no Atlético: 'Fiquei com R$ 7'

Ex-lateral-esquerdo do Galo foi o entrevistado da semana no Por Onde Anda?, podcast do Superesportes, e contou caso inusitado na carreira

27/09/2022 07:00 / atualizado em 27/09/2022 11:21
compartilhe
Dedê contou caso triste de seu início de carreira no Atlético
foto: Reprodução/Superesportes

Dedê contou caso triste de seu início de carreira no Atlético

O ex-lateral-esquerdo Dedê passou por muitas dificuldades até chegar ao profissional do Atlético. E o começo no 'time de cima' também não foi fácil. Em entrevista ao podcast  Por Onde Anda?, do Superesportes, o ex-jogador relembrou um golpe sofrido em um banco, quando ficou com apenas R$ 7 em sua conta.

Dedê tinha pouco tempo de profissional no Galo e ainda não era titular da equipe. Ainda garoto, ele juntava dinheiro em sua conta bancária, mas acabou sendo roubado.

"Os caras me chamavam de 'quebrador'. Não deu tempo de estudar, tive que vender chup-chup. Eu falava muito errado. O Taffarel era um paizão. Quando me firmei, não como titular, estava juntando um dinheiro. Iria completar R$ 2 mil. Eu tinha R$ 1.807. Não sabia muito mexer com banco, cartão. Fui ao banco olhar um saldo que o Galo ia pagar, com três, quatro meses de atraso, o que era normal, e me roubaram", disse.
 
"Estava tentando colocar o cartão e não dava. Chegou um cara engravatado, perguntando o que estava acontecendo, e me 'ajudou'. Achei que estava me ajudando. Beleza, fui embora para casa. Passou dois dias, e o Galo pagou o salário. Fui lá no banco, e o saldo era de R$ 7. 'Pô, não. Os caras pagaram, tinha que ter mais aí'".

 
Dedê revelou que precisava ir para o treino logo após ver a conta bancária praticamente zerada. O ex-lateral disse que foi chorando dentro do ônibus e contou ao técnico do Galo na época, Eduardo Amorim, o ocorrido.
 
"Chamei o gerente do banco em Venda Nova. Ele me falou que eu caí no golpe do cartão. Ele me levou lá dentro, mostrou, disse que eu precisava ir à agência correndo. Peguei um ônibus, fui para o Centro, e tinha treino 15h30. Já era 15h. Fui chorando dentro do ônibus, do banco, pensando que poderia acontecer alguma coisa com a minha família. No banco, resolvi o que tinha que fazer e voltei para o treino, que já estava quase acabando".

"Quando eu entrei no campo, fui no treinador, o Amorim, e ele falou para eu entrar (no vestiário). Eu disse que queria treinar, e ele me mandou correr. E os caras me zoando, Euller, todo mundo, Doriva. 'Ô chupa-cabra, favelado'. Aquela brincadeira, os caras gostavam muito de mim", completou Dedê.

Eduardo Amorim, então, contou a Taffarel o ocorrido. O ex-goleiro, campeão do mundo com a Seleção Brasileira em 1994, juntou o grupo atleticano para repor a quantia perdida por Dedê para o golpista.

Fotos de Dedê, ex-lateral do Atlético e do Borussia Dortmund


 
"O Eduardo Amorim conversou com o Taffarel, que foi correndo lá em mim. Ele me viu chorando, e eu contei para ele. Me deu um tapa na cabeça e disse, 'você é burro pra caramba'. Assim, brincando. Ele era do cara***. Nos momentos mais difíceis, conseguia tirar um sorriso seu. Quando cheguei ao vestiário, coisa de Deus. Os caras bateram palma, riram, 'pô, brincadeira, da favela, deu mole', aquela zoeira. A hora que eu abro o armário, tinha R$ 2 mil. Um cheque do Taffarel de R$ 1 mil e o resto em dinheiro. Leandro, Cleitinho, Doriva, o próprio treinador, cada um deu R$ 100, R$ 50, R$ 30".

Taffarel e Dedê foram companheiros no Atlético
foto: Arquivo/Estado de Minas

Taffarel e Dedê foram companheiros no Atlético

 
Dedê virou motivo de piada entre os companheiros na época. "Eles sabiam que eu estava construindo minha casa, ajudando meus pais, seis irmãos. Foi uma coisa maravilhosa. Uma das histórias mais bonitas e engraçadas. Dentro de campo, no coletivo, os caras brincavam 'ó o ladrão', eu fiquei um ano sofrendo na mão dos caras".
 

Virou doação

 
Dedê conseguiu recuperar o dinheiro perdido. Assim, o valor arrecadado pelo grupo já não era tão necessário. Ao lado de Taffarel, o ex-lateral afirmou que a ideia foi comprar cestas básicas para os funcionários da Vila Olímpica, local onde o Galo treinava diariamente.
 
"Eu lembro que o Taffarel foi ao banco comigo, recuperou o dinheiro. Aquele dinheiro que ganhei do time, falei com o Taffarel que eu não queria, e os caras falaram para eu ficar. Conversei com meu pai, e ele falou: 'Dedê, devagarinho como está indo é o certo. O dinheiro não é nosso. Olha o que Deus fez, como todo mundo te ajudou'. Junto com o Taffarel, tomei a decisão de comprar cestas básicas com aquele dinheiro", lembra.

"Os funcionários da Vila Olímpica estavam com quatro, cinco meses de salário atrasado. Com os jogadores, decidimos isso. Agradeci muito, mas não queria o dinheiro. Foram quatro meses sacando dinheiro e comprando cestas básicas para os funcionários da Vila Olímpica. Foi uma das histórias mais bonitas da minha vida", concluiu.
 

Por Onde Anda? 

 
O Por Onde Anda? é um quadro quinzenal publicado no Superesportes e no YouTube do Portal UAI. Nele, são entrevistados ex-jogadores e ex-técnicos de América, Atlético e Cruzeiro que estão aposentados ou em mercados alternativos do mundo da bola. 
 
Revelado pelo Atlético, Dedê disputou 92 jogos e marcou três gols com a camisa alvinegra entre 1996 e 1998. Na entrevista, ele ainda contou histórias com ídolos do Galo, explicou por que não voltou a defender o alvinegro, além de bastidores pelo Dortmund e a idolatria na Alemanha. Veja, no vídeo abaixo, a conversa na íntegra:


Compartilhe