Romário, Cleisson, Palhinha e Zé Roberto na apresentação ao Flamengo, presidido por Kléber Leite (ao centro)
Multicampeão por São Paulo e Cruzeiro, Palhinha chegou ao Flamengo em 7 de janeiro de 1998 na expectativa de marcar seu nome na história e brigar por uma vaga na Seleção Brasileira na Copa do Mundo da França. Ele abandonou um contrato milionário de três anos no Real Mallorca, da Espanha, onde estava havia apenas cinco meses, para integrar a equipe que passou a ser chamada de SeleFla. Mas nada saiu como ele imaginava no Rio. O ex-meia-atacante considera aquela transferência o maior erro de sua carreira profissional.
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O Baixinho também integraria a SeleFla a partir de janeiro de 1998. Pesou ainda na volta ao Brasil o fato de Paulo Autuori ser o comandante rubro-negro. Juntos, os dois haviam conquistado a América pela Raposa.
Palhinha e Romário foram apresentados pelo então presidente Kléber Leite ao lado de outras estrelas: o volante Cleisson, ex-Cruzeiro; e os meias Zé Roberto e Rodrigo Fabri, ambos emprestados pelo Real Madrid. A SeleFla ainda contava com nomes de peso como o goleiro Clemer, o lateral Athirson e os zagueiros Júnior Baiano, Luiz Alberto e Juan.
"O Romário me disse que ia me levar para o Flamengo. 'Tem que ir pro Flamengo, que vai montar um time lá, aquela coisa toda'. Eu pensei: 'Flamengo, ano de Copa do Mundo. Se não fui em 1994, e se vou jogar no Flamengo, vou ter uma chance muito grande (de ir em 1998)'. Tinha Júnior Baiano, Romário, Clemer, Cleisson, Luiz Alberto, Athirson, Zé Roberto, Rodrigo Fabri. Esse time não tem como dar errado. Você pensa, né? O Flamengo vai brigar para ser campeão e ainda ano de Copa do Mundo. A expectativa era vir para o Flamengo, jogar, ter chance na Seleção e jogar uma Copa ainda. Só que no Flamengo deu tudo errado", lembra Palhinha.
Palhinha estreou pelo Flamengo em 17 de janeiro de 1998 com dois gols na vitória por 3 a 0 sobre a Seleção da Jamaica em amistoso realizado no Serra Dourada, em Goiânia. O outro gol foi de Cleisson. A SeleFla jogou com Clemer, Leandro Neto, Júnior Baiano (Juan), Luiz Alberto e Athirson; Jamir, Cleisson, Zé Roberto (Lê) e Palhinha (Iranildo); Rodrigo Fabri (Lúcio) e Romário.
Palhinha ainda marcou o seu terceiro gol pelo Flamengo na vitória por 4 a 2 sobre o Gama, em 17 de fevereiro, pela Copa do Brasil.
Começo do fim na Gávea
Para Palhinha, a sensação de que a ida para o Flamengo tinha sido um erro veio com o pedido de demissão de Paulo Autuori, em 10 de março, após a derrota por 2 a 1 para o Bangu pela Taça Guanabara. No jogo anterior, o Rubro-Negro havia sido eliminado da Copa do Brasil pelo Vitória com a goleada por 5 a 0 no Barradão, em Salvador.
Autuori saiu por não ter conseguido implantar sua filosofia: "Ser técnico do Flamengo dá prestígio e status. Só que para mim isso não funciona. Em toda a minha carreira sempre cobro atitudes de todos, e não seria correto continuar aqui apenas para manter o cargo. Estou saindo porque não estava satisfeito com o trabalho", afirmou à época.
O sucessor de Autuori foi Joel Santana, treinador com perfil bem diferente. Aquela foi a gota d'água para Palhinha, que pediu ao presidente Kléber Leite para ser negociado.
Palhinha ainda jogou pelo Flamengo por dois meses. Sua última atuação foi na vitória por 4 a 2 sobre o Americano, pela Taça Rio, em 17 de maio de 1998.
Palhinha acabou trocado pelo Flamengo com o Grêmio pelo meia Beto.
Palhinha acabou trocado pelo Flamengo com o Grêmio pelo meia Beto.
"Deu errado porque estava o Autuori de treinador e não deu liga também no Flamengo. A mentalidade não era a mesma, vencedora, vamos dizer assim. Aí depois veio o Joel Santana e pedi para ir embora, porque senti que estava no lugar errado, sabe? Não gosto nem de falar algumas coisas, mas aí fui em troca, fui para o Grêmio, e veio o Beto para o Flamengo. Queria sair do Flamengo mesmo, conversei com o Kléber Leite na oportunidade. 'Presidente, se tiver alguma oportunidade de negócio, me dê para algum time, me venda, me empreste, faça qualquer negócio, porque não quero ficar mais aqui não", recordou Palhinha.
"Não estava me sentindo bem no Flamengo"
"Quando cheguei ao Flamengo, o Paulo ficou dois meses. E ele saiu. Quando ele saiu, aí pensei: 'O que estou fazendo aqui'. Entrou esse outro treinador, que é um outro estilo. Sempre estive trabalhando como profissional, profissional mesmo. Não era o meu perfil aquilo ali. Aquilo não estava me fazendo bem e tive que ir embora. Foi por isso que saí. Não tenho nada contra o Flamengo e o treinador. Não estava me sentindo bem, e por que eu ia ficar incomodando os outros se não estava me sentindo bem? Pedi para ir embora", concluiu Palhinha.
Ao todo, Palhinha marcou três gols em 19 jogos pelo Flamengo. Foram 12 partidas sob o comando de Paulo Autuori e sete na 'era Joel Santana'. Ao todo, foram nove vitórias, seis empates e quatro derrotas com a camisa rubro-negra.
Além de não ter conquistado o Carioca e ter sido eliminado nas oitavas de final da Copa do Brasil para o Vitória, o Flamengo de 1998 caiu na primeira fase da Copa Mercosul e terminou o Campeonato Brasileiro no 11º lugar. Foi o fim da SeleFla.