Para o ser humano, aprender a caminhar e, posteriormente, a correr e a saltar são manifestações tão naturais quanto aprender a falar, a gesticular ou a manifestar sentimentos. Nesse sentido, é natural que o atletismo, com suas provas de corrida, saltos e arremessos, seja a manifestação esportiva mais antiga do mundo.
Embora os primeiros registros de competições organizadas datem de 776 a.C., quando os gregos passaram a se reunir para disputar os Jogos Olímpicos, há indícios de que provas de atletismo já eram realizadas entre os egípcios e outras civilizações da Ásia antes das Olimpíadas gregas.
Nos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga, o “stadium” se converteu na primeira disputa oficial. A prova consistia em uma corrida de aproximadamente 192 metros. Em 776 a.C., foi vencida por Coroebus, que, assim, imortalizou seu nome como o primeiro campeão olímpico da história.
Com a invasão dos romanos à Grécia, em 456 a.C., a disputa dos Jogos Olímpicos perdeu força gradualmente até chegar a um ponto em que a competição era vista como meras disputas de combates. Assim, em 393 a.C., ocorreu a última edição das Olimpíadas da antiguidade, após 293 edições.
O moderno formato do atletismo, com provas que englobavam uma variedade de provas de corrida, saltos, arremessos e eventos combinados, voltou a ganhar força no fim do século 19, quando escolas e academias militares passaram a incorporar esportes e exercícios como parte dos programas educacionais. Essa prática levou à organização de competições, que remontam a 1840, em Shropshire, na Inglaterra, a primeira de que se tem notícia no século 19. Na década de 1880, competições passaram a ser disputadas nos Estados Unidos, na Inglaterra e nos demais países da Europa, bem como em várias outras nações desenvolvidas.
Em 1896, com a disputa da primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, o atletismo ganhou força e sua prática difundiu-se em todo o mundo nas décadas seguintes, sendo reforçada a partir de 1912, com a fundação da Federação Internacional de Atletismo (IAAF).
Falcatrua na maratona
A prova da maratona nas Olimpíadas de St. Louis, nos Estados Unidos, em 1904, ficou marcada como um dos momentos mais bizarros da história dos Jogos. Após 3h13min de prova, o norte-americano Frederick Lorz foi o primeiro a entrar no Estádio Olímpico, sendo ovacionado pela torcida. Consagrado, Lorz havia tirado fotos com a filha do presidente dos Estados Unidos, Alice Roosevelt, e estava a caminho de receber sua medalha de ouro quando a chocante verdade veio à tona: ele não havia completado todo o percurso correndo. Lorz havia passado mal na altura do quilômetro 15 e foi socorrido e levado de carro pela maior parte do percurso. Então, sentindo-se melhor nas proximidades do Estádio Olímpico, desceu do carro e completou a prova correndo, praticamente seco e sem poeira nos pés. Lorz declarou que tudo não passava de uma piada, mas acabou banido do esporte. Entretanto, recuperou o direito de voltar a competir e já no ano seguinte venceu, desta vez de forma honesta, a Maratona de Boston. O norte-americano Thomas Hicks, que cruzou a linha de chegada após 3h28min de prova em condições físicas deploráveis, próximo de um colapso, foi declarado vencedor da maratona na Olimpíada de St. Louis.
O peladão venceu No distante 720 a. C., durante a prova de corrida da 15ª edição dos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga, Orsippus de Megara venceu a disputa cruzando a linha de chegada completamente nu. O hábito de correr sem roupas se tornou comum entre os gregos, e muitos historiadores consideram que Orsippus tenha inaugurado a prática. Antes dele, os corredores competiam vestidos com túnicas. Acredita-se que Orsippus, tendo percebido que, sem roupa, ficaria com os movimentos mais soltos, despiu-se durante a prova e viu sua teoria ser comprovada, já que venceu com facilidade.
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