
Hoje, quatro anos depois, verei outro pugilista, de história não menos difícil, tentar mais uma vez dar primeira medalha de ouro ao boxe brasileiro. O ex-vendedor de picolés Robson Conceição, criado no bairro carente de Boa Vista de São Caetano, em Salvador, luta a final dos leves, às 19h15, contra o francês Sofiane Oumiha – na pior das hipóteses, iguala o feito de Esquiva.
Um dos nomes mais promissores do boxe brasileiro quando despontou no cenário nacional, há 10 anos, Robson perdeu logo na estreia em Pequim’2008 e Londres’2012. E não desistiu. Talvez por essa razão, chegou tão forte aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, até agora marcado por voltas por cima.
Rafaela Silva foi desclassificada em Londres, sofreu racismo, e ficou com o ouro no judô em casa. Diego Hypólito caiu de bunda no solo em Pequim, de cara em Londres e foi prata domingo. No frio do Hyde Park, Poliana Okimoto teve uma hipotermia há quatro anos, viu as chances de pódio escapar e, ontem, foi medalha de bronze na maratona aquática – a primeira medalha da natação feminina brasileira.
Hoje, com a torcida do Brasil inteiro, será a vez de Robson Conceição, em sua terceira olimpíada, se levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima.