Era o ano de 2003. Recebo como pauta cobrir um jogo feminino de futsal válido pelo Campeonato Metropolitano de Belo Horizonte. Vão jogar Cruzeiro e Asdec-Contagem. Naqueles anos, no Brasil se difundia a participação das mulheres nos gramados, mas não nas quadras.
O segmento existia em poucos clubes na capital. Além dos dois envolvidos, outras duas agremiações da competição de futsal: a AABB e o Clube Recreativo Mineiro.
Começa a partida e uma jogadora habilidosa, canhota, de dribles curtos e fáceis, chama a atenção. Ela mostra sua condição de artilheira. Marca um, dois, três... 10 gols. A partida termina em 14 a 1 para a Asdec.
Vou entrevistar a artilheira. Quem seria aquela mulher? Ela me conta que trabalhava como doméstica em Contagem e que gostava também do futebol de campo, jogando aos domingos pelo Frigoarnaldo. Revela que estava para se transferir para o Santa Cruz, que lhe oferecera uma compensação financeira que ajudaria a melhorar a sua vida. Era ninguém menos que Marta, que naquela noite se tornou a maior artilheira do futsal mundial num só jogo. Nunca outra jogadora fez 10 gols numa só partida.