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No jogo da reinauguração, Cruzeiro venceu o Atlético por 2 a 1 com o Mineirão lotado |
Foram 108 gritos de gol. Teve gol de Neymar pela Seleção Brasileira, gol do atleticano Ronaldinho Gaúcho, uma obra prima do cruzeirense Éverton Ribeiro contra o Flamengo e até um inusitado tento marcado pelo taitiano Jonathan Tehau contra a Nigéria, pela Copa das Confederações, quando o time perdeu de 6 a 1. Mas o grito mais angustiado e libertador saiu sem balanço das redes, quando o paraguaio Gimenez acertou o travessão do goleiro Victor e o Atlético foi campeão da América, após décadas de espera. No primeiro ano do novo Mineirão, completado hoje, foram disputadas 32 partidas, que levaram Cruzeiro e Atlético a conquistar títulos grandiosos para o futebol mineiro. Além da Libertadores, o Galo foi bicampeão mineiro e o Cruzeiro tricampeão brasileiro, reafirmando no novo est[adio as trajetórias de conquistas importantes eternizadas no antigo.
O artilheiro do primeiro ano do novo Mineirão é o atacante Borges, do Cruzeiro, com 11 gols marcados, e quis o destino que o lateral-direito atleticano, Marcos Rocha marcasse contra o próprio time o primeiro gol no estádio. Além do ano mágico para a torcida mineira, o Mineirão estreou em grande estilo, com shows grandiosos, com artistas aclamados mundialmente, do naipe do eterno beatle Paul McCartney e de Elton John, além da estrela pop Beyoncé. Os metaleiros também foram contemplados, com os shows de Black Sabbath e Megadeth.
Mais que os números, que ultrapassam 1,2 milhão de espectadores nas 32 partidas disputadas e nos shows, o que fica do primeiro ano do novo estádio são as lágrimas de alegria derramadas devido aos títulos consagradores e a multidão cantando Hey Jude, com o maestro Paul McCartney regendo os mineiros.
A média de público pagante em jogos de futebol no Mineirão este ano foi de 32.427 torcedores, a maior dos últimos 10 anos no estádio. O recorde de pagantes foi na partida entre Brasil e Uruguai, quando 57.483 pessoas pagaram para ver os brasileiros vencerem por 2 a 1, com gols de Neymar e Paulinho.
O bom público foi fundamental também para o Cruzeiro conquistar o terceiro Brasileirão. O clube teve a maior média de público da competição, 28.911 por jogo. Porém, se forem considerados apenas os jogos mandados no Mineirão, a média sobe para 32.819. Com o novo estádio, o time celeste saiu de 7 mil sócios para quase 50 mil torcedores que contribuem mensalmente.
Mas, é claro, foram vários os problemas. Na inauguração, faltou água, e estacionar o carro, em muitos jogos, ainda é um verdadeiro desafio. O tropeiro, patrimônio dos amantes do futebol, foi ultrajado com um feijão com farinha mequetrefe nos primeiros jogos, e após muita insistência e tentativas, melhorou um pouco, mas ainda sem o charme e tempero do passado.
Aliás, o gerente de Operações do Minas Arena, Severiano Braga, acredita que o saudosismo foi a principal razão da resistência ao novo. "Muitos já chegavam com aquele negócio: ‘O antigo era melhor’. As pessoas estavam bloqueadas e ficavam procurando algo para dar bomba no Mineirão novo. Poucas pessoas no início chegaram com o coração aberto para ver a novidade", disse Braga, em entrevista publicada na página 3.
ORGULHO Quem tem orgulho desde o início são as empresas que participaram da construção do novo Mineirão. A sócia proprietária da Valle Empreiteira de Obras, Elizabete Inácio Ferreira, garante: "Para nós, é importante fazer parte porque, além de ser um dos maiores estádios do país, o Mineirão vai sediar jogos da Copa do Mundo no ano que vem. E como foi uma obra grande, isso dá visibilidade ao nosso trabalho", afirma.
No mercado da construção civil desde 2010, a Valle é uma empresa familiar mineira que tem 20 funcionários. Elizabete conta que a empresa participou també das obras de reforma do Estádio Independência, no Bairro do Horto, em Belo Horizonte, com a Construtora Andrade Valadares. Além disso, construiu prédios residenciais do projeto Minha Casa, Minha Vida e trabalha nas obras do Shopping Contagem, na Grande Belo Horizonte.
Elizabete reforça que são todas obras importantes, mas a construção do gigante da Pampulha tem um sabor todo especial. "É muito bacana a reação das pessoas quando ficam sabendo que nós participamos das obras do Mineirão. Isso tem um impacto grande porque leva o nome da nossa empresa para o alto." A experiência acumulada em grande obras ao longo desses três anos gerou expectativa de maior crescimento em 2014. Entre outras obras previstas, a Valle deve participar da construção de um shopping center em Lagoa Santa, na região metropolitana.
NÚMEROS ASTRONÔMICOS62.170
lugares
717,7t
de concreto
3 mil
operários trabalharam na obra
2.521
vagas de estacionamento
R$ 666,3 milhões
Foi o custo da obra