Foram dois anos e 179 dias de obras, angústia e separação. Sem poder torcer pelo time predileto em casa, o jeito era encarar a distância de 80 quilômetros até a Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. Veio o novo Independência, em 25 de abril, e parte da chama perdida se reacendeu: surgia no Horto um autêntico caldeirão. Mas ao mesmo tempo a saudade do palco dos grandes momentos do futebol em Minas ainda falava alto. É chegada a hora do reencontro.

Passando pelos retoques finais para receber três jogos da Copa das Confederações de 2013 e seis da Copa do Mundo de 2014, o Estádio Governador Magalhães Pinto – o popular Mineirão – proporcionará à torcida a partir de 3 de fevereiro (data da reinauguração, com o clássico Cruzeiro x Atlético, pela abertura do Campeonato Mineiro), muito mais que um mero reencontro. Sob a fachada de concreto tombada pelo Conselho do Patrimônio Histórico de Belo Horizonte, o apaixonado pelo mundo da bola encontrará um estádio completamente reconstruído, das paredes do subsolo ao restaurante panorâmico, no padrão Fifa.

O resultado da modernização de R$ 666,3 milhões impressiona. O plantio do gramado Bermuda Celebration, primeiro a ser executado entre as 12 arenas do Mundial, e a agilidade no cumprimento do cronograma de reforma fizeram dele belo exemplo na preparação brasileira para o maior evento futebolístico mundial.

GRANDES SHOWS

Concluída a reforma, começa agora outra parte igualmente complexa: a operação. Antes de responsabilidade do poder público – a Administração dos Estádios do Estado de Minas Gerais (Ademg) – a gestão passa a ser privada. Acertada por meio de contrato de Parceria Público Privada (PPP) assinado entre o consórcio Minas Arena, grupo composto pelas construtoras Construcap, Hap e Egesa, e o governo de Minas, até o fim de 2037, o novo modelo de administração promete lucro e eficiência.

Mas para dar certo terá de lotar as arquibancadas e trazer grandes shows à Pampulha, garantindo assim margem operacional mínima de R$ 3,7 milhões ao mês. Acima desse valor, o estado deixa de pagar à concessionária uma contrapartida se a meta de lucro não for atingida. Nos próximos 10 anos, porém, haverá o pagamento de parcela complementar da PPP como forma de compensar o financiamento de R$ 400 milhões feito pelo Minas Arena para levantar a terceira etapa das obras.

A expectativa é de que, com novo conceito de administração e inédita central de monitoramento, as famílias mineiras voltem a frequentar o local com a mesma tranquilidade de outros tempos. "O novo Mineirão vai transformar o futebol mineiro. Possibilitar o retorno das famílias ao estádio será um grande legado. Além disso, a infraestrutura moderna tende a influenciar positivamente no desempenho dos times mineiros. Os aspectos de sustentabilidade, como armazenamento de água de chuva e cobertura solar, também serão um legado importante", destaca o secretário de Estado Extraordinário da Copa, Tiago Lacerda.

Além de tecnologias como aproveitamento da energia solar e água captada da chuva, indicadores de qualidade avaliarão do índice de satisfação do torcedor à disponibilidade de equipamentos. O contrato entre Estado e concessionária estabelece ainda quantidade mínima de 66 jogos por ano. Todo esse conforto, entretanto, deverá ter um preço: a exemplo da arena do Horto, o valor dos ingressos tende a aumentar.