Do banco de reservas, Carlos Alberto Silva observou atentamente os primeiros dribles de Ronaldo. Foi o então técnico do Cruzeiro que convocou o jogador, na época com 16 anos, para participar de uma excursão a Portugal.
Mesmo enfrentando tradicionais adversários (Benfica, Porto, Peñarol-URU e Belenenses) no giro pela Europa, Ronaldo surpreendeu com brilhantes atuações e garantiu uma vaga no ataque celeste. Para muitos, aquele era o prenúncio do nascimento de um craque.
"Estávamos com dificuldades para montar o time para ir a Portugal porque tínhamos alguns jogadores lesionados. Pedi o Benecy Queiroz para conseguir um atacante emprestado ao América ou ao Villa para compor o grupo na viagem. Mas ele me atentou para a chegada do Ronaldo e pediu para eu observá-lo primeiro. Quando logo vi, não tive dúvidas que o levaria", recorda Carlos Alberto Silva.
Ronaldo, que já havia feito sua estreia pelo clube contra a Caldense, pelo Campeonato Mineiro, entrou no decorrer da primeira partida, contra o Benfica, no lugar de Tôto. "O estádio estava lotado e Ronaldo entrou com personalidade. Fez algumas boas jogadas, mas estava muito bem marcado pelo Mozert, na botinada", brinca Carlos Alberto Silva.
Não demorou para o jovem atacante balançar as redes. No jogo seguinte, marcou um dos gols da vitória, por 2 a 0, sobre o Belenenses.
O melhor de Ronaldo, contudo, ainda estava por vir. Para Carlos Alberto Silva, um dos gols mais bonitos da carreira do jogador foi marcado contra o Peñarol-URU, na vitória celeste por 3 a 0.
"Domingo vencemos o Belenenses e na terça fomos jogar contra o Peñarol. Viajamos a noite inteira, chegamos cansados e eu temia pela partida", disse. "Em um momento do jogo, Ronaldo pegou a bola, driblou o time inteiro do Peñarol e fez o gol", relembra.
O único revés do Cruzeiro foi na partida final da excursão: 3 a 0 para o Porto.
Convite de cervejaria
O sucesso alcançado em Minas Gerais fez o jogador receber muitas propostas publicitárias. Conselheiro do atacante, Carlos Alberto Silva o advertiu sobre o anúncio para uma cervejaria.
"Eu me lembro que um dia ele me procurou e me disse que recebeu uma proposta de uma companhia de cerveja. Ele falou que receberia um dinheiro muito bom. Ai eu perguntei para ele se já tinha visto o Pelé fazendo propaganda de cerveja ou cigarro na televisão", questionou.
"Ele tinha um futuro muito grande e não poderia iniciar a carreira assim. Quando ficou muito famoso, ele fez", completa.
Carreira de sucesso
Carlos Alberto Silva é só elogios ao discorrer sobre a carreira do atleta. "Ele foi acima da expectativa. Maior artilheiro das Copas do Mundo, campeão mundial, eleito melhor do mundo, mostrou para o mundo inteiro o que ele podia fazer com a bola nos pés".
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