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Judô

Vítimas de um esporte feio

Depois da eliminação de Tiago Camilo, atletas e técnicos criticam novas regras e atitude dos adversários, que preferiram fugir do combate para avançar na disputa

| Tags: celular  maisesportes 

Publicação:

02/08/2012 09:44

Ivan Drummond
Enviado especial

Londres – O judô tornou-se um esporte feio, em que mais se veem lutadores correndo em volta do tatame, como se fossem praticantes do atletismo, do que lutando, propriamente dito. Isso é o que tem sido visto no torneio dos Jogos Olímpicos, o que tem prejudicado, sensivelmente, os brasileiros, que reclamam contra as mudanças de regras, principalmente as de dois anos para cá.

A primeira grande reclamação partiu da técnica Rosicleia Campos em função da revisão da luta da peso leve Rafaela Silva, que havia vencido por ippon, mas os árbitros de mesa, que ficam em frente a um aparelho de TV , entenderam que ela tinha aplicado um golpe proibido, classificado como ilegal, derrubando a adversária, a húngara Hedvig Karakas, usando as mãos nas pernas. “O golpe que ela aplicou foi o mesmo que deu a medalha de bronze a Flávio Canto, nos Jogos de Atenas. Estão estragando o judô”, diz Rosicleia.

A revolta dos brasileiros, no entanto, é ainda com o comportamento dos adversários. “Eles não estão querendo lutar. Não deixam que a gente pegue no quimono. Não consegui isso uma vez sequer, nem na luta contra o norte-americano Travis Stevens, nem contra o japonês Takahiro Nakai. Parece que eles estão instruídos a não deixar que os seguremos. Mas aí não há luta”, disse Leandro Guilheiro, eliminado na terça-feira.

Ontem, foi a vez de Tiago Camilo protestar. “Eles já sabem que o nosso diferencial está na nossa pegada e não estão mais deixando que façamos isso. Por isso, as lutas não acontecem e estamos tendo dificuldades. Mas isso é prejudicial ao esporte, pois não acontecem mais lutas como antes.”

Tiago, que buscava sua terceira medalha olímpica, chegou a brincar que deveriam sim voltar no tempo. “Antigamente, a luta começava com os dois lutadores segurando um no quimono do outro. Confesso que sairiam muitos ippons rápidos, que foi o que fez com que mudassem a regra pela primeira vez. Mas tiraram também o recurso das pernas. Alguma coisa tem de ser feita.”

O coordenador técnico da Seleção Brasileira, Nei Wilson, concorda que o judô brasileiro está perdendo em função da nova postura dos adversários. ''Somente a Sarah Menezes, que ganhou o ouro no primeiro dia, e o Felipe Kitadai, bronze, conseguiram fazer a pegada. Nas outras lutas, os adversários se preocupa em tirar as mãos dos nossos judocas. O judô ficou feio. Precisamos que mudem alguma coisa, para que possa haver lutas novamente.”

LAMENTO Tiago Camilo sai de Londres frustrado, mas não é o fim. Ele admitiu, depois da eliminação, que errou, não na luta em que perdeu a medalha de bronze, mas na disputa anterior, contra o coreano Dae-Nam Song. “Não tive a iniciativa que deveria ter. Mas ele também não me deixou pegar na gola. Tinha de ter tido outra atitude.”

Na luta que definiu o bronze, o judoca, detentor de uma medalha de pratam na categoria leve, em Sydney'2000, e uma de bronze, na meio-médio, em Pequim'2008 – ele buscava a terceira medalha, numa terceira categoria, a médio, um feito ainda inédito –, disse que o grego Ilias Iliadis foi melhor que ele, mas reclamou por não ter um tempo hábil para preparar uma tática, pois acabara de perder para o coreano e voltou para a decisão. ''Ele precisava de mais tempo para uma recuperação psicológica e esse tempo não existiu.”

O lutador também anunciou que este não é o fim de sua carreira e que o sonho está adiado por mais quatro anos, para o Rio de janeiro. “Enquanto estiver me sentindo bem, fazendo o que gosto com amor, vou continuar.”

Tiago admitiu também que mais quatro anos podem ser o tempo ideal de um ciclo na categoria médio. “Eu ainda não havia pensado, mas era peso leve e ganhei a prata em Sydney. Na Olimpíada seguinte, não consegui a vaga. Oito anos depois, consegui a classificação para os Jogos e a segunda medalha. Pode ser que eu precise desse tempo para me acertar melhor nessa nova categoria, afinal de contas, é meu terceiro peso diferente e a diferença de um para o outro é de nove quilos. Ou seja, em aumentei 18 quilos em 12 anos. Vou seguir e já penso nos Jogos do Rio.” Ontem, também, Maria Portela foi eliminada, ao ser derrotada na primeira luta, pela colombiana Yuri Avelar, por ippon.

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