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Mateus Augusto serve petiscos, feijão-tropeiro e bebidas em bar aberto no imóvel da tia |
Até a bola rolar faltam quase três horas. Os jogadores sequer chegaram ao estádio. Mas, enquanto isso, o universitário Mateus Augusto Silva Souza já começa a ganhar dinheiro com a presença da torcida do lado de fora do Independência. Aproveitando a boa posição dos times mineiros no Campeonato Brasileiro associada à saudade da torcida de partidas de futebol em Belo Horizonte (foram 22 meses sem jogos na capital por causa das obras para a Copa do Mundo), moradores dos bairros Sagrada Família e Horto transformaram suas casas em bares e estacionamentos e faturam alto. Em alguns casos, o rendimento chega a ser superior ao do emprego oficial. E não é para menos: pagar pela vaga de um carro por três horas pode custar até R$ 50.
A falta de estacionamento ao redor do campo é um problema crônico que assola a região desde os anos 1990. Mas agravou-se com a reabertura da arena e o fechamento de ruas e vagas nas proximidades. Em dias de partidas, a BHTrans restringe uma série de vagas e fecha quarteirões inteiros para garantir o acesso da multidão – cerca de 20 mil torcedores, em média, nos confrontos do Atlético, e em torno de 15 mil nos do Cruzeiro. E o que era problema para uns se tornou oportunidade de negócio para outros. Como a área é formada por muitas casas, proprietários decidiram transformar os quintais em estacionamento. Os clientes podem parar os automóveis a alguns metros da entrada do Independência e têm a certeza de que o veículo estará intacto ao voltarem – apesar de não haver nenhum seguro como garantia.
Carlos Pimenta, de 33 anos, em dias de evento tem o costume de alugar o espaço frontal da casa em que mora com o avô desde criança. Mas agora vem se espantando com o volume de público. “A reforma deu um up no bairro”, afirma ele, que, por isso, decidiu incrementar também os preços, cobrando R$ 50 por carro. Como há espaço para 15, numa semana pode faturar até R$ 1,5 mil, se coincidir de haver dois jogos da Primeira Divisão. “O torcedor tem a comodidade de parar praticamente dentro do estádio”, diz ele, ao defender o preço do serviço. E acrescenta: “Não preciso nem ficar na porta. As pessoas pedem”, afirma, apesar de confirmar que o valor cobrado já lhe rendeu alguns xingamentos.
Na onda que se criou por lá para lucrar com a boa colocação das equipes mineiras, a atriz Marília Aparecida Marques também tem aproveitado para faturar com o estacionamento da casa dos pais. Em dias de jogos de Atlético e Cruzeiro, ela vai para lá e abre o portão para as duas torcidas e, ainda que não aprecie futebol, passou a gostar da ideia. “É um dinheiro que você não está esperando e sem muito esforço. É bacana”, afirma.
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